Crédito, Getty Images
- Author, Redação
- Role, BBC News
O Partido Democrata na Câmara dos Estados Unidos divulgou nesta quarta-feira (12/11) uma nova leva de e-mails trocados por Jeffrey Epstein — o financista condenado por crimes sexuais e encontrado morto na prisão — que mencionam o nome do atual presidente americano, Donald Trump.
Os documentos, publicados na rede X (antigo Twitter) e fornecidos pelo espólio de Epstein, incluem correspondências entre ele e sua parceira Ghislaine Maxwell, também condenada por crimes sexuais, além de trocas de mensagens com o escritor Michael Wolff, conhecido por seus livros sobre Trump.
Em um dos e-mails, datado de abril de 2011, Epstein diz a Maxwell que Trump “passou horas em minha casa” com uma das vítimas de tráfico sexual, referindo-se ao presidente, na época um empresário, como “o cachorro que não latiu”.
Maxwell responde: “Tenho pensado sobre isso…”.
Em outra mensagem, destinada a Wolff em janeiro de 2019, Epstein alega que Trump “sabia sobre as meninas, pois pediu a Ghislaine para parar”.
Após a divulgação das mensagens por parlamentares democratas, a Casa Branca acusou a oposição de agir com motivação política.
A porta-voz Karoline Leavitt afirmou que os e-mails foram “vazados seletivamente à mídia liberal para criar uma narrativa falsa e difamar o presidente Trump”.
A troca de emails faz parte de um conjunto de 23 mil documentos que, segundo os democratas do Comitê de Supervisão da Câmara, ainda estão sendo analisados.
“Quanto mais Donald Trump tenta encobrir os arquivos de Epstein, mais descobrimos”, declarou o congressista Robert Garcia, principal democrata do comitê.
“Esses novos e-mails levantam sérias dúvidas sobre o que mais a Casa Branca está escondendo e sobre a natureza da relação entre Epstein e o presidente. O Departamento de Justiça deve liberar todos os arquivos de Epstein imediatamente.”
Conteúdo dos emails
Em um dos emails, em dezembro de 2015, o escritor Michael Wolff alerta Epstein de que a emissora de TV CNN planejava questionar Trump sobre o relacionamento entre os dois.
Epstein pergunta: “Se fôssemos elaborar uma resposta para ele, o que você acha que deveria ser?”.
Wolff responde: “Deixe que ele se enforque. Se negar ter estado na sua casa ou no avião, isso te dá uma vantagem política e de relações públicas”.
Em outro e-mail, de 2019, Epstein nega a versão de Trump de que teria sido expulso do clube Mar-a-Lago, resort do presidente na Flórida: “Trump disse que pediu para eu sair — nunca fui membro. Claro que ele sabia das meninas, pois pediu a Ghislaine para parar.”
Trump e Epstein foram próximos nas décadas de 1990 e 2000, mas romperam por volta de 2004.
O presidente afirma que rompeu relações por “não gostar do comportamento” de Epstein e que chegou a bani-lo de seu clube por “ser um sujeito estranho com as funcionárias”.
Ele também nega veementemente qualquer envolvimento com atividades ilegais do financista e diz que as acusações fazem parte de uma “farsa orquestrada pelo Partido Democrata”.
Em julho deste ano, Ghislaine Maxwell — que cumpre pena de 20 anos por tráfico sexual — declarou em entrevista a um procurador que nunca testemunhou “conduta inapropriada” de Trump ou do ex-presidente democrata Bill Clinton. Ela também negou a existência de uma suposta “lista de clientes” de Epstein.

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Casa Branca diz que e-mails foram divulgados para “difamar o presidente”
Após a divulgação dos e-mails, a Casa Branca reagiu, acusando os democratas de tentar “difamar o presidente”. A porta-voz Karoline Leavitt afirmou que os documentos foram “vazados seletivamente” para “criar uma narrativa falsa”.
Segundo ela, a “vítima sem nome” mencionada nas mensagens seria Virginia Giuffre, que “afirmou diversas vezes que Trump não esteve envolvido em qualquer irregularidade e sempre foi gentil em suas breves interações com ela”.
Leavitt acrescentou que Trump “expulsou Epstein de seu clube décadas atrás por comportamento inadequado com funcionárias” e classificou o episódio como “mais uma tentativa de distração”.
A secretária de imprensa disse ainda que “qualquer americano com bom senso vê claramente que se trata de uma farsa e de uma tentativa de desviar a atenção da reabertura do governo”.
Os democratas, por sua vez, afirmam que o material foi entregue oficialmente pelo espólio de Epstein e faz parte de uma revisão mais ampla conduzida pelo Comitê de Supervisão da Câmara dos Representantes.
As revelações devem intensificar o debate em Washington sobre a liberação integral dos chamados ‘Epstein Files’ — um conjunto de documentos oficiais ligados às investigações sobre o financista e sua rede de exploração sexual, cuja divulgação total tem sido pressionada por parlamentares de ambos os partidos.