Se você é aposentado ou pensionista do INSS, provavelmente já viu aquela notificação piscando no aplicativo do seu banco. Ela chega com entusiasmo, como se fosse um presente: agora você tem Pix parcelado. A mensagem soa moderna, prática, até sedutora. Mas, quando olhamos com calma, percebemos que essa “novidade” pode custar caro, muito caro, especialmente para quem tem uma renda fixa com os aposentados.
Entenda
O Pix parcelado começou a aparecer como oferta nos aplicativos bancários, muitas vezes no exato momento em que o usuário tenta pagar uma conta comum. A oferta surge rápido, com botões grandes, justamente do tipo que induz decisões impulsivas.
Alguns bancos perceberam que muitos aposentados buscam praticidade e, por isso, entraram nesse público com força. A cada nova atualização dos aplicativos, mais pessoas relatam notificações que oferecem parcelamentos que parecem vantajosos. O grande problema surge quando esse clique transforma um pagamento simples em uma dívida longa.
A armadilha dos bancos para aposentados do INSS
E aqui entra um ponto importante que muita gente não sabe: o Pix Parcelado oficial do Banco Central ainda não foi lançado. Mesmo assim, vários bancos decidiram criar suas próprias versões do serviço. Na prática, eles oferecem um tipo de crédito rápido, com juros altos, disfarçado em forma de parcelamento. Ou seja, não é o Bacen que está permitindo isso. São os próprios bancos antecipando a tendência para lucrar antes do lançamento oficial.
A estratégia bancária assemelha-se a uma vitrine cheia de ofertas fáceis. Quando o aposentado seleciona um Pix de R$150, por exemplo, o banco apresenta a opção de parcelar em 12 vezes. No entanto, essa escolha, em alguns bancos, inclui um CET superior a 9% ao mês. Essa taxa dobra o valor final sem que o usuário perceba o impacto imediato.
Veja como isso acontece.
• Em um Pix de R$150, o parcelamento vira 12 parcelas de R$21,20, totalizando R$254,40.
• Em um Pix de R$750, as parcelas chegam a R$106,00, com total de R$1.272,00.
• Em um Pix de R$3.000, o valor sobe para R$424,00 por mês, alcançando R$5.088,00.
Esses exemplos mostram algo preocupante. Mesmo quando os valores parecem pequenos mês a mês, o total pesa de forma dura em quem depende de um benefício fixo.
Muitos aposentados só percebem a dívida quando veem a conta comprometida por meses consecutivos, o que reduz a capacidade de pagar remédios, alimentação ou contas essenciais.
O risco aumenta porque boa parte das telas não explica claramente quanto o aposentado paga no final. A oferta aparece como solução, e não como financiamento caro. Por isso, familiares precisam orientar pais e avós, principalmente quem tem dificuldade com leitura em telas pequenas.
Cuidado
Para evitar problemas, vale seguir alguns cuidados. O aposentado pode recusar qualquer parcelamento que não solicitou, pedir ajuda antes de confirmar uma operação e verificar o total final antes de aceitar qualquer condição. Com mais atenção, ele mantém o controle do próprio dinheiro e evita cair em armadilhas digitais criadas para lucrar com a vulnerabilidade de quem mais precisa de proteção.