Japão e Romênia planejam investir conjuntamente trilhões de dólares em projetos de descarbonização no país europeu, com eletricidade proveniente de fontes renováveis que será usada tanto localmente quanto exportada para a Ucrânia, segundo informações obtidas pelo “Nikkei Asia”.
Tóquio e Bucareste estão prestes a divulgar uma declaração conjunta que deverá detalhar o apoio energético à Ucrânia e a criação de um marco para investimentos verdes.
Dentro desse marco, fundos arrecadados por entidades como os ministérios de energia e inovação da Romênia, além da Organização Japonesa de Desenvolvimento de Novas Energias e Tecnologia Industrial, serão direcionados para diversos projetos verdes.
Entre os projetos em discussão estão os sistemas de energia hidrelétrica da trading japonesa Itochu e sistemas de energia distribuída que combinam células de combustível do grupo Panasonic com geração solar.
Um fundo da União Europeia (UE) que apoia a implementação de tecnologias inovadoras de descarbonização é visto como uma fonte de financiamento promissora. Esse fundo tem sido pouco utilizado na Europa Oriental devido à condição de conformidade com o Estado de direito da UE. Apenas cerca de 37% do fundo foi utilizado até julho.
A Romênia cumpre o requisito do Estado de direito. O país tem direito a receber 29 bilhões de euros (US$ 31,5 bilhões), dos quais metade são subsídios que não precisam ser reembolsados. Produz anualmente 8 bilhões de metros cúbicos de gás natural e espera-se que se torne o maior produtor da UE este ano, superando os Países Baixos. No entanto, o país ainda depende fortemente de combustíveis fósseis — quase 40% da eletricidade consumida vem de gás natural, carvão e petróleo.
A pedido da UE, a Romênia estabeleceu a meta de reduzir gradualmente o uso de combustíveis fósseis até 2032. Tecnologias de países estrangeiros são consideradas essenciais para alcançar essa meta.
O Japão conside fornecer não apenas equipamentos para produzir hidrogênio a partir de gás natural, mas também tecnologias para capturar e armazenar as emissões de dióxido de carbono do processo, o que resultaria na produção de hidrogênio azul. Tecnologias para adaptar plantas de energia a gás natural existentes para permitir o uso de hidrogênio como combustível também podem ser oferecidas.
Nos últimos 20 anos até 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) da Europa Oriental aumentou cerca de 260%, e sua participação no PIB total da UE subiu de 5,9% para 10,9%. No entanto, poucas empresas japonesas investiram nos países do Leste Europeu devido à falta de laços políticos.
Um acordo de energia verde entre Japão e Romênia impulsionaria o apoio do setor privado japonês à Ucrânia. Parte da eletricidade gerada no âmbito do acordo será exportada para a Ucrânia, onde a capacidade de fornecimento caiu cerca de 70% devido aos ataques das forças russas.
Empresas japonesas devem oferecer o fortalecimento das redes elétricas e tecnologias que assegurem um fornecimento estável de energia a partir de fontes renováveis.
Oficiais do governo japonês visitarão a Romênia e a Polônia a partir desta segunda-feira com uma delegação de representantes de empresas como Hitachi, Eneos Holdings e IHI.