Em 2019, os cientistas do projeto Event Horizon Telescope (EHT) divulgaram a primeira fotografia de um buraco negro supermassivo na galáxia M87. Recentemente, um novo estudo sugere que os dados coletados durante a observação também revelaram outro fenômeno cósmico impressionante: uma erupção de raios gama saindo do buraco negro.
Publicado na revista científica Astronomy & Astrophysics, o artigo detalha como a equipe do EHT conseguiu capturar outras informações importantes sobre o buraco negro, nomeado de M87* em homenagem à sua galáxia natal.
Em um comunicado, o coautor do estudo e astrofísico Giacomo Principe explica que a equipe teve sorte ao detectar o clarão de raios gama. Os pesquisadores ainda não compreenderam exatamente o funcionamento dessa emissão de raios gama em jatos de plasma, mas acreditam que talvez sejam o resultado de materiais que caem no jato e são acelerados a altas energias.
Justamente por conta dessas características, essas erupções são imprevisíveis; não é à toa que a observação foi uma questão de sorte.
“[A detecção] marca o primeiro evento de explosão de raios gama observado nesta fonte em mais de uma década, permitindo-nos restringir precisamente o tamanho da região responsável pela emissão de raios gama observada”, Principe acrescenta.
Clarão de raios gama
O artigo aponta que um buraco negro supermassivo em processo de alimentação costuma emitir jatos de plasma. Isso acontece, provavelmente, pela interação entre o campo magnético externo do buraco negro e o material que ele atrai para seu horizonte de eventos.
O clarão de raios gama emitido por esses jatos ocorreu por três dias consecutivos, e a emissão se espalhou por cerca de 170 vezes a distância entre o Sol e a Terra. A galáxia M87 está localizada a aproximadamente 55 milhões de anos-luz da Via Láctea.
Até agora, a equipe não conseguiu identificar a origem exata da emissão de raios gama nem por que ela ocorreu naquele momento. A ciência ainda tenta entender como esse fenômeno funciona, mas os pesquisadores acreditam que este estudo pode trazer dados relevantes para outras pesquisas na área.
“A rápida variabilidade nos raios gama indica que a região do clarão é extremamente pequena, apenas aproximadamente dez vezes o tamanho do buraco negro central. Curiosamente, a acentuada variabilidade observada nos raios gama não foi detectada em outros comprimentos de onda. Isso sugere que a região do clarão tem uma estrutura complexa e exibe características diferentes dependendo do comprimento de onda”, explica o astrofísico Daniel Mazin, da Universidade de Tóquio.
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