A Caixa Econômica Federal, responsável pela gestão do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, está reformulando a forma como milhões de brasileiros acessam e administram seus recursos. Esse ano, o fundo entrou em uma nova fase, marcada pela digitalização dos serviços, maior transparência nas consultas e novas modalidades de saque. O FGTS continua essencial para proteger o trabalhador em situações de demissão sem justa causa, aposentadoria ou emergências, como enchentes e desastres naturais.
Com 42 milhões de contas ativas, o fundo segue sendo um dos pilares da segurança trabalhista no país. E, com as mudanças recentes, promete facilitar o acesso e dar mais controle ao cidadão sobre o próprio dinheiro.
O que é o FGTS e quem tem direito
Criado para funcionar como uma poupança forçada de segurança, o FGTS é formado por depósitos mensais de oito por cento do salário bruto feitos pelo empregador. O trabalhador não contribui com nada, o valor sai diretamente da empresa.
Quem tem direito:
- Trabalhadores com carteira assinada (CLT);
- Jovens aprendizes, com contribuição de 2%;
- Empregados domésticos, incluídos desde 2015;
- Temporários e atletas profissionais.
Estagiários e autônomos continuam de fora, já que não possuem vínculo formal de emprego.
FGTS Digital traz mais agilidade e transparência
Uma das principais novidades é o FGTS Digital, que começou a valer em janeiro de 2025. Ele substituiu o antigo sistema SEFIP/Conectividade Social e agora está totalmente integrado ao eSocial.
Na prática, isso significa menos erros e mais rapidez. Os depósitos são processados em até cinco dias úteis, e eventuais ajustes, como correções ou estornos, podem ser feitos diretamente na plataforma. O sistema também passou a registrar parcelamentos automáticos e permite o acompanhamento em tempo real dos repasses feitos pelos empregadores.
Para quem administra folha de pagamento, a mudança trouxe uma diferença perceptível: tudo ficou mais claro, com informações organizadas e conferências instantâneas.
Medida provisória libera saques extras
Em fevereiro de 2025, o governo publicou a Medida Provisória nº 1.290, que liberou o saque de valores retidos para quem foi demitido entre janeiro de 2020 e fevereiro de 2025 e estava no saque-aniversário, mas não conseguiu retirar o saldo integral.
Essa liberação especial alcançou 12,2 milhões de trabalhadores e injetou R$ 12 bilhões na economia.
O pagamento ocorreu em duas etapas:
- 6 de março de 2025: primeira parcela de até R$ 3 mil por pessoa;
- 17 a 20 de junho: segunda rodada, com média de R$ 7,7 mil por beneficiário.
A medida ajudou a aliviar o orçamento das famílias e movimentou o comércio em um momento de crescimento econômico mais lento.
Tipos de saque disponíveis em 2025
O trabalhador pode escolher entre três modalidades principais:
- Saque-rescisão
Indicado para casos de demissão sem justa causa. O saldo total da conta fica disponível e o empregador paga uma multa de 40% sobre o total depositado. - Saque-aniversário
Dá ao trabalhador o direito de retirar uma parte do saldo anualmente, no mês do aniversário. O percentual varia conforme o valor total da conta. A MP nº 1.292/2025 autorizou a antecipação de até cinco parcelas futuras, com valores entre R$ 100 e R$ 500 por retirada. A partir de novembro de 2026, esse limite cairá para três parcelas. - Saque por calamidade pública
Voltado a situações emergenciais, como enchentes ou desastres naturais. O trabalhador pode sacar até R$ 6.220, e o valor costuma cair na conta em até 30 dias após a solicitação feita no aplicativo FGTS.
Como sacar pelo aplicativo FGTS
Com o aplicativo FGTS, disponível para Android e iOS, o processo ficou mais simples.
O trabalhador faz login com CPF e senha, escolhe “Meus saques” e seleciona a modalidade desejada. Depois, cadastra uma conta bancária de mesma titularidade, envia os documentos necessários e aguarda o depósito, que geralmente ocorre em até cinco dias úteis.
Saques acima de R$ 3 mil continuam sendo feitos presencialmente nas agências da Caixa, com apresentação de documento oficial e CPF.
Lucros e novos usos do FGTS
Em agosto de 2025, a Caixa distribuiu R$ 12,9 bilhões referentes ao lucro obtido pelo fundo em 2024. O valor foi creditado proporcionalmente ao saldo de cada trabalhador, elevando a rentabilidade que chega a 3% ao ano mais a Taxa Referencial (TR).
Outra medida importante, a MP nº 1.292/2025, ampliou as formas de uso do FGTS. Agora, o saldo pode servir de garantia para crédito consignado e para financiamentos habitacionais, permitindo que até 80% do valor disponível seja usado como entrada ou amortização em programas como o Minha Casa, Minha Vida.
Um FGTS mais moderno e acessível
Com a integração ao Caixa Tem, o FGTS ganhou ainda mais conectividade. O trabalhador recebe notificações, acompanha extratos e consulta liberações diretamente pelo celular. O sistema agora usa reconhecimento facial e biometria, garantindo segurança e agilidade.
Essas mudanças fazem parte de um processo maior de modernização. O FGTS se consolida em 2025 como um instrumento de proteção financeira e inclusão digital, reunindo tecnologia, transparência e facilidade de acesso.
Com os novos recursos, o trabalhador passou a ter mais autonomia sobre seu dinheiro e clareza sobre prazos e valores. A Caixa, por sua vez, reforça o compromisso com a boa gestão dos R$ 12,9 bilhões de lucros e das 42 milhões de contas ativas que sustentam o fundo em todo o país.