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sexta-feira, novembro 14, 2025

Crítica | Ultimate X-Men (2024) – Vol. 3: Um Reino da Mente – Plano Crítico

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O terceiro volume da nova encarnação da franquia dos X-Men sob o olhar singular de Peach Momoko mantém vivo o encanto da reinvenção que vimos nos dois primeiros volumes. Acho que vou me repetir um pouco, porque muito do que vejo de positivo e negativo nesse terceiro arco é similar ao anterior. O mistério, o horror e a construção gradual do universo mutante na Terra-6160 continuam bem conduzidos, sendo que neste arco Momoko amplia o escopo narrativo, explorando planos mentais e mais esquisitices visuais que agregam ao alicerce sombrio do material.

Visualmente, o volume é mais um triunfo, sendo ainda menos realista. Momoko segue combinando arte que evoca mangá, horror japonês, simbolismo onírico e estética de folclore com a mitologia dos mutantes, mas nesse terceiro volume a artista parece ainda mais abstrata, com muitos painéis soando até não finalizados, só que não de um jeito negativo. Tudo segue agregando ao sentimento difuso que acompanha os mutantes jovens em sua jornada confusa.

A batalha que abre o novo arco, em especial o confronto de Hisako e Mei, é de uma imaginação notável, algo que Momoko evoca em diversos pontos da história aqui, que tem mais lutas em grande escala do que nas outras edições. O uso da possessão segue sendo um artifício inteligente na presença do Shadow King como antagonista, com elementos de culto e conspiração ainda permeando a trama. O maior uso de dogmas e da participação da Igreja dos Filhos do Átomo são pontos que também agregam à narrativa.

Gosto da participação de alguns coadjuvantes, em especial Nico, durante trechos da história que Hisako está ausente. Boa parte do texto de Momoko é simples, seja no mote de resgatar Hisako, seja na abordagem crescente de revelações, com destaque para Akihiro, vulgo Daken, em uma reimaginação até agora desgraçada (os painéis dele preso são angustiantes…).  Senti um pouco de falta da Mei e da Mori (apesar dessa ter um momento bacana na última edição quando fica fora da luta principal), mas no geral o tabuleiro de personagens como um todo segue carismático, incluindo aí o ainda surpreendente antagonismo de Surge.

Infelizmente, porém, reitero algumas das minhas reclamações do segundo volume no que tange a confusão narrativa. Talvez o caos seja até proposital, tal como a arte, mas tem muitos trechos que são atrapalhados, principalmente no uso de elipses ou na transição de certos blocos narrativos. O aumento de personagens e de subtramas continua agravando essa sensação de desorganização também. Falta uma certa direção de Momoko dentro da ótima atmosfera e elementos temáticos que aborda. 

Quem sabe também seja injusto da minha parte cobrar rigor de uma artista tão “solta” como a Momoko, que, curiosamente e acertadamente, foi na contramão do que imaginei com as conexões de outras séries, se aprofundando ainda mais em um tom autocontido e distante dos outros títulos. De qualquer forma, é difícil, porém, não notar que a autora peca no tato narrativo se comparado ao seu trabalho artístico. Se eu tivesse de sintetizar, o terceiro volume é uma obra de arte de super-heróis em estilo alternativo, que se deixa encantar por sua própria imaginação e por vezes esquece de aterrissar alguns conceitos para o leitor de forma clara. Ainda assim, vale cada página, cada surpresa, cada cena que mistura mitologia nipônica, horror psicológico e mutantes com problemas tão próximos, mas também tão distantes do que estamos acostumados.

Ultimate X-Men – Vol. 3: Um Reino da Mente (Ultimate X-Men – Vol. 3: A Realm of the Mind)  | EUA, 2025
Contendo: Ultimate X-Men #13 a 18
Roteiro: Peach Momoko
Arte: Peach Momoko
Cores: Peach Momoko
Letras: Travis Lanham
Editoria: C.B. Cebulski, Will Moss, Michelle Marchese
Editora: Marvel Comics
Páginas: 152



[Fonte Original]

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