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sexta-feira, novembro 14, 2025

EUA anunciam pacto de comércio e investimento com a Argentina

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Os Estados Unidos e a Argentina chegaram ontem a um acordo para aprofundar a “cooperação bilateral em comércio e investimento”, informou a Casa Branca, em um breve comunicado divulgado em seu site oficial. “Com o objetivo de fortalecer e equilibrar as relações econômicas, os EUA e a Argentina concordaram com um marco para aprofundar a cooperação bilateral em comércio e investimento”, afirmou a nota de Washington.

A Casa Branca anunciou também acordos similares com Equador, Guatemala e El Salvador. A Argentina, assim como El Salvador e Guatemala, são taxados em 10% pelos EUA. Os produtos do Equador têm uma tarifa de 15%.

“Estamos empenhados em tornar a Argentina grande novamente” Javier Milei

O pacto com a Argentina representa um impulso para o país sul-americano liderado pelo presidente Javier Milei, aliado ideológico de Donald Trump. “Os países abrirão seus mercados um para o outro em relação a produtos-chave”, prosseguiu o texto publicado pelo governo Trump – acrescentando que a Argentina concederá “acesso preferencial aos mercados para exportações de bens dos EUA”, incluindo certos medicamentos, produtos químicos, máquinas, produtos de tecnologia da informação e dispositivos médicos.

Os EUA também informaram que a Argentina está abrindo seu mercado para o gado americano vivo e permitirá o acesso ao mercado americano de aves dentro de um ano.

O governo de Milei também se comprometeu a não restringir o acesso ao mercado para produtos que utilizam derivados de leite – como queijos – e de carnes. A Argentina ainda simplificará os processos de registro de produtos para carne bovina, miúdos bovinos e produtos suínos dos EUA e não exigirá registro de instalações locais para importações de laticínios dos EUA.

“Os Estados Unidos e a Argentina trabalharão com celeridade para finalizar o texto do acordo para assinatura e cumprimento das respectivas formalidades internas antes que ele entre em vigor”, acrescentou o comunicado.

Milei saudou o primeiro acordo comercial bilateral de seu país com os EUA em quase uma década como uma “notícia fantástica”. “Como vocês podem ver, estamos fortemente comprometidos em tornar a Argentina grande novamente”, disse ele.

A Argentina também aceitará a importação de veículos fabricados nos Estados Unidos que atendam aos padrões federais americanos de segurança veicular e de emissões, segundo informou, de forma anônima, um funcionário de Washington vinculado ao assunto.

Este pacto faz parte de uma aposta muito maior de Trump na Argentina, depois que os EUA se apressaram em fornecer US$ 20 bilhões em financiamento e compraram pesos diretamente no mês passado, numa tentativa de conter a desvalorização da moeda e ajudar o partido de Milei antes das eleições de meio de mandato de 26 de outubro.

Também representa uma vitória política para Milei, que se posicionou como um dos principais aliados de Trump no cenário mundial.

“Está bastante claro que a estratégia do governo americano de Trump em relação à Argentina tem como fundo o reforço da presença dos EUA na região ao mesmo tempo em que reduz a influência da China”, disse ao Valor, o analista político argentino Sergio Berensztein. “A relação entre EUA e Argentina, que tem raízes históricas, tendem a se fortalecer ainda mais agora, por razões geopolíticas e ideológicas”, afirmou.

Os acordos ainda incluem “esforços para reduzir barreiras não tarifárias e cortar tarifas para zero” sobre produtos fabricados nos EUA, bem como compromissos de não impor impostos sobre serviços digitais a empresas americanas. Haveria também alívio tarifário em produtos selecionados desses países.

O anúncio da Casa Branca ocorreu no mesmo dia em que o Fundo Monetário Internacional (FMI) havia feito um alerta para que o governo da Argentina tome medidas para reconstruir as reservas internacionais do país, um dos pontos do acordo de US$ 20 bilhões com a instituição.

“Em nossa discussão com as autoridades [argentinas], enfatizamos a necessidade de acelerar os esforços de acumulação de reservas para ajudar a administrar melhor a volatilidade e fortalecer ainda mais a confiança do mercado”, disse Julie Kozack, porta-voz do FMI, em entrevista coletiva.

Também ontem tornou-se claro que os EUA utilizaram parte de suas reservas junto ao FMI antes de um pagamento de uma dívida crucial para a Argentina, que recebeu um valor equivalente no período, transações que analistas atribuíram ao esforço de Washington para fortalecer o governo de Milei.

Os direitos especiais de saque (DES) dos EUA no FMI, fundos que podem ser usados para pagar dívidas ou trocados por dólares, euros e outras moedas, diminuíram em US$ 870 milhões no mês passado, de acordo com cálculos do jornal britânico Financial Times.

A conta de DES da Argentina no Fundo aumentou no mesmo valor durante esse período, que ocorreu pouco antes do vencimento do pagamento de US$ 840 milhões ao FMI em 1º de novembro. Nem a Argentina nem os EUA confirmaram a realização da transação.

Para o economista e fundador da consultoria argentina Perspectiv@s, Luis Secco, o apoio financeiro dos EUA à Argentina é considerado bem-vindo pelo mercado, mas a Casa Rosada deve evitar a dependência excessiva, que pode sinalizar a incapacidade do governo de atrair divisas por meio da criação de confiança. “A transparência, nesses casos, é muito desejável”, afirmou. (Colaborou Roberto Lameirinhas)

[Fonte Original]

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