Governo Federal recupera trecho pernambucano da Transnordestina

Há uma previsão de que as obras gerem cerca de seis mil empregos diretos e indiretos, desde a elaboração do projeto executivo até a execução. Isso deve dinamizar a economia das cidades por onde a ferrovia vai passar. No anúncio sobre a retomada das obras da ferrovia, o ministro dos Transportes, Renan Filho, lembrou que o trecho da Transnordestina que corta o estado de Pernambuco tinha sido excluído do projeto pelo governo passado.

“Hoje é um dia marcante para a história do desenvolvimento do Nordeste. Temos o estado de Pernambuco novamente inserido na principal estratégia de crescimento da região, por meio da infraestrutura, com impacto direto especialmente nos estados por onde a Transnordestina passa”, disse Renan Filho.

A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, também ressaltou que o trecho pernambucano da Transnordestina estava sendo aguardado pelos moradores: “A Transnordestina faz parte do sonho de milhares de pernambucanos. O investimento em infraestrutura é fundamental para garantir competitividade, eficiência e inclusão”, afirmou ela.

A responsável pela contratação do edital, que permite a participação de consórcios com até três empresas, além de companhias estrangeiras com representante legal no Brasil, é a Infra S.A. Trata-se de uma empresa pública de transporte, ligada ao Ministério dos Transportes, que planeja projetos de infraestrutura.

Jorge Bastos, presidente da Infra S.A., lembra que as obras desse trecho da Transnordestina simbolizam desenvolvimento, geração de emprego e integração regional: “Essa retomada mostra que o Governo Federal está entregando resultados concretos e recolocando grandes projetos ferroviários em andamento”, disse o executivo.

Desenvolvimento sustentável

É uma nova fase de desenvolvimento para Pernambuco, lembrou também o prefeito do Recife, João Campos. “A Transnordestina é uma conquista que vai muito além dos trilhos. Representa um marco para Pernambuco, para a capital Recife e para todo o Nordeste. Estamos felizes com a realização dessa licitação, que abre caminho para uma nova fase de desenvolvimento”, disse ele. E será um desenvolvimento com viés de sustentabilidade. Especialistas em clima afirmam que o transporte intermodal é crucial no combate aos efeitos das mudanças do clima, já que colaboram para a redução de gases de efeito estufa. Autor de “Despoluindo sobre trilhos”, o presidente da Frente Nacional pela Volta das Ferrovias, José Manoel Ferreira Gonçalves, ressalta que integração inteligente de diferentes modais de transporte é um dos caminhos mais eficazes para alinhar competitividade e sustentabilidade.

Segundo Gonçalves, em entrevista para o site Modal Connection, cada vagão equivale a cerca de três caminhões. “Imagine uma composição robusta de um trem, quantos caminhões deixam de circular? O mais importante é planejar conforme a carga e o destino”, comenta ele.

Outro estudo, publicado na revista Políticas Públicas e Cidade, assinado por Jefferson Vasconcelos Santos e Fernanda Guedes Araujo e intitulado “Infraestrutura de transporte sustentável: ferrovias como elemento de mitigação climática”, revela também que uma transição eficiente para ferrovias pode resultar em significativas reduções de emissões de gases de efeito estufa, cerca de 70% em relação à alternativa atualmente adotada por rodovias. O artigo destaca ações que podem vir a contribuir para a implantação de políticas públicas mais eficientes, competitivas e sustentáveis.

Um novo tempo para quem mora na região

A região Nordeste vem ampliando sua participação no Produto Interno Bruto (PIB). Atualmente, responde por cerca de 16% da economia brasileira — a terceira maior do país. Nesse contexto, a Transnordestina assume papel estratégico ao integrar polos produtivos do interior aos principais portos do Nordeste. Salgueiro, conhecida como a “Encruzilhada do Nordeste”, por situar-se na parte mais central, tem como principais atividades econômicas a agricultura e o comércio varejista. Já o Porto de Suape é o maior da região, ocupando a quinta posição no ranking nacional.

“Essa é hoje a maior obra linear em execução no país, com R$ 7 bilhões já sendo aplicados. Com os novos contratos previstos, esse avanço será ainda maior, e até o início do próximo ano teremos aproximadamente R$ 1,5 bilhão em obras ferroviárias contratadas, apenas para Pernambuco”, reforçou o ministro Renan Filho.

Com investimento total estimado em R$ 15 bilhões, a ferrovia Transnordestina terá, quando finalizada, mais de 1,2 mil quilômetros de extensão, atravessando 53 municípios. A previsão é de que a primeira operação comercial ocorra ainda este ano, no trecho de 580 quilômetros que liga o Terminal Intermodal de Cargas de Bela Vista (PI) a Iguatu (CE), passando pelo interior de Pernambuco.

Em 2023, já sob a administração do presidente Lula, o Governo Federal recolocou a Transnordestina como prioridade e reincorporou o segmento Salgueiro–Suape ao planejamento nacional de transportes. Isso foi feito para reforçar o compromisso com o desenvolvimento econômico e social do Nordeste e para dinamizar a integração logística da região.