O Porto do Açu se prepara para possíveis movimentações geopolíticas de 2026, em busca de oferecer opções mais competitivas aos clientes. Depois de um ano com mudanças nas tarifas por parte do presidente americano, Donald Trump, e necessidades de reorganização do comércio global, Rogério Zampronha, presidente da Prumo, controladora do Porto do Açu, disse que a companhia chega ao próximo ano com aprendizados.
“O próximo ano vai ser complexo para o Brasil, ainda mais com eleições. A política econômica dos Estados Unidos vai ser posta à prova. Temos que entender até onde vai a disputa comercial entre os Estados Unidos e outros países”, afirmou a jornalistas, nesta segunda-feira (1°), em coletiva de encerramento anual.
Segundo Zampronha, as necessidades de trocas de fluxos de fornecimento por conta das tarifas dos Estados Unidos levaram a um aumento de compra da soja brasileira por parte dos chineses. “Esses movimentos entre Estados Unidos e China e entre Estados Unidos e Europa têm reflexos no nosso negócio aqui. Temos feito o trabalho de abrir novas fronteiras de desenvolvimento de negócios”, disse Zampronha.
Conforme o executivo, 40% do petróleo exportado pelo Brasil passam pelo Porto do Açu. Entre janeiro e setembro de 2025, o porto movimentou 64,8 milhões de toneladas de carga. Em 2024, esse volume fechou o ano em 80 milhões de toneladas. Cerca de 6% do Produto Interno Bruto (PIB) do país passam pelo porto do norte fluminense, segundo Zampronha.
Em operação desde 2014, o porto é administrado pela Porto do Açu Operações, parceria entre a Prumo Logística e o Porto de Antuérpia-Bruges Internacional. Focado em movimentações de minério de ferro e petróleo e gás, o complexo tem 30 empresas instaladas.
“Seguiremos com nossa estratégia de abrir novos mercados no próximo ano, que é fundamental neste momento geopolítico. Buscamos dar mais competitividade para nossos clientes e incentivar negócios de baixo carbono”, disse Zampronha.
As parcerias com empresas e governos, além de embaixadas e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), têm sido importantes para esse desenvolvimento e relacionamento com novos clientes, na visão do executivo.
Eugenio Figueiredo, presidente do Porto do Açu, afirmou que a Índia tem sido um mercado em que a companhia tem expandido relações neste cenário de reorganizações de fluxos comerciais.
“Muitas empresas indianas que eram dedicadas ao mercado americano foram impactadas pelo tarifaço de Donald Trump, o que tirou a competitividade. Essas companhias estavam pressionadas para abrir conversas com outros países. O estreitamento de relação entre o governo brasileiro e o indiano também ajudou na aproximação”, disse Figueiredo.
O comércio entre Brasil e Índia movimenta cerca de US$ 12 bilhões, segundo Figueiredo. Na visão dele, esse volume pode melhorar, tendo em vista os tamanhos das economias dos países: “Um dos itens de exportação do Brasil para a Índia é o petróleo. Queremos abrir novas portas. A Índia já compra produtos agrícolas brasileiros, mas também são grandes produtores. O governo indiano tem medidas de manter o alimento barato, o que pode ajudar”.