Falta pouco mais de seis meses para a estreia do Brasil na Copa do Mundo de 2026 e quem quer acompanhar a seleção brasileira de perto nos Estados Unidos deve começar a se planejar quanto antes. Com o dólar acima de R$ 5, é fundamental reservar passagens e hospedagens com antecedência para evitar a alta de preços em cima da hora — houve aumento significativo em relação à semana passada, por exemplo. A venda de ingressos já havia começado, mas só agora é possível se organizar para obter os bilhetes das três partidas da primeira fase.
Levantamento feito pelo GLOBO mostra um valor médio, por pessoa, de R$17 mil para acompanhar o Brasil apenas na fase de grupos do Mundial, considerando duas semanas de viagem. O custo leva em consideração os transportes aéreos e terrestres, as estadias e os ingressos mais baratos — não estão incluídos gastos com alimentação.
O santista Evandro Felipe de Souza Ribeiro sabia muito bem disso e começou seu planejamento há cerca de um ano. Na fila de inscritos para conseguir os ingressos, ele já garantiu as passagens aéreas e economizou os dólares que pretende gastar nos Estados Unidos.
— Se eu tivesse deixado para começar apenas agora, os custos seriam bem maiores. Para ter uma ideia, o voo que escolhi custou R$ 2.700 por pessoa quando comprei há quatro meses. Hoje, após o sorteio da Copa, o mesmo trecho está em torno de R$ 6 mil — disse Evandro, que é sócio diretor da Tamer Comunicação.
Para economizar na estadia e nas refeições, Evandro está organizando uma viagem diferente em família e amigos. A ideia é alugar um motorhome para fazer os deslocamentos pelas estradas americanas.
— Comecei pesquisando com calma os preços de motorhomes, levantando diferentes roteiros possíveis e, principalmente, estruturando uma forma de economizar desde o início. Acredito que economizar é resultado de escolhas estratégicas. Apostar em formas alternativas de hospedagem, como motorhomes ou estadias com amigos, o que corta gastos com hotéis e refeições constantes em restaurantes. Essa forma de viajar ainda permite experiências diferentes, como se hospedar em campings e vivenciar um estilo que não é tão comum para quem está acostumado a viajar pelo Brasil — explica.
A planejadora financeira Paula Bento, da consultoria Planejar, afirma que o ideal para uma viagem internacional com gastos altos é iniciar a organização com até um ano e meio de antecedência. Porém, para quem quer acompanhar uma seleção específica, no caso o Brasil, as datas e os locais dos jogos só foram divulgados seis meses antes.
Segundo a especialista, ainda dá tempo de ver a seleção na primeira fase da Copa do Mundo. Mas é preciso economizar a partir de agora.
— Ainda dá, desde que o orçamento das próximas semanas seja tratado com mais cuidado. Usar o 13º salário para antecipar os gastos maiores, como passagens e hospedagem, é uma forma de evitar os aumentos comuns no início do ano. E, com o Natal chegando, pequenos ajustes nas comemorações já fazem diferença no bolso, como evitar compras impulsivas, reduzir gastos desnecessários e planejar melhor os presentes. Ao direcionar o dinheiro para o que realmente é prioridade neste momento, a viagem continua totalmente possível — ensina.
Paula dá outras dicas para evitar gastos desnecessários de última hora, como conferir a documentação necessária: passaporte válido, visto dentro da vigência, seguro-viagem já contratado e uma conta internacional ativa.
— Em geral, o gasto mínimo por pessoa fica na faixa dos 16 a 20 mil reais, sem incluir alimentação e outras despesas do dia a dia. Isso pode assustar à primeira vista, mas quando existe planejamento financeiro e organização no fluxo de caixa tudo começa a fazer sentido. Reservar uma parte do orçamento ao longo dos meses já ajuda bastante, porque esse valor vai diluindo os custos e evita que tudo recaia em um único momento. Como o dinheiro será usado no curtíssimo prazo, o ideal é manter os recursos em investimentos simples, seguros e com resgate rápido, como Tesouro Selic ou CDBs com rendimento de 100% do CDI emitidos por bancos sólidos — explica.
O Brasil estreia em Nova Jersey, no dia 13 de junho, contra o Marrocos, segue para a Filadélfia, onde enfrenta o Haiti, no dia 19, e encerra a primeira fase diante da Escócia, dia 24, em Miami.
Considerando chegar dois dias antes do primeiro jogo da seleção brasileira e retornar ao país dois dias depois da última partida, a passagem de ida e volta, com saída do Rio de Janeiro e retorno de Miami, varia de R$10 mil a R$12 mil, a depender do aeroporto de partida e chegada, do número de conexões e bagagens despachadas.
Vale lembrar que o Brasil joga em Nova Jersey, que tem aeroporto próprio, mas há a possibilidade de chegar por Nova York e se hospedar em Manhattan, que está a 1h30 de carro.
O torcedor terá que se deslocar entre as cidades para seguir o Brasil rumo ao hexa. Para sair de New Jersey em direção à Filadélfia, a melhor opção é por via terrestre. Há trens a partir de R$ 80 que fazem o trajeto em menos de duas horas. Há também ônibus, que custa cerca de R$ 100 e leva aproximadamente 3 horas. Ou ainda é possível alugar carro com diárias em torno de R$ 100, com tempo de deslocamento semelhante ao do trem.
Após ver o Brasil jogar com o Haiti e passar alguns dias na cidade de Rocky Balboa, o torcedor terá que pegar um avião até Miami para ver o confronto com a Escócia. Na cotação de momento, o voo mais barato custa R$ 1.325 em empresa low cost, com conexão e despacho de bagagem. O voo direto, que leva menos de três horas, sai a R$ 2.900, com bagagem despachada.
Nova York/Nova Jersey (5 diárias)
Os valores das diárias em hotéis de Nova York não costumam ser baratos – e quase sempre os mais em conta estão esgotados ao longo do ano. Nas cotações pelo Booking e Trip Advisor, um quarto com banheiro compartilhado em Chinatown, por exemplo, sai a R$ 3.300 por cinco diárias (R$660 por dia).
Um jeito mais barato de se hospedar é pelo Airbnb. Um quarto no Bronx, por exemplo, custa cerca de R$ 1.700 por cinco diárias (R$ 340). Mas vale lembrar que o jogo do Brasil é em Nova Jersey, e o torcedor terá que prever o deslocamento.
Por isso, a melhor opção é se hospedar em Nova Jersey e usar o transporte público para visitar Manhattan. Há opções por R$ 1.400 (menos de R$ 300 a diária) em sites como o Booking. A cidade, no entanto, não possui tantas ofertas no Airbnb. As mais baratas, com um quarto na acomodação, saem por R$ 2.000 as cinco diárias.
Quem quiser mais conforto, há hotéis três estrelas com diárias a partir de R$ 1.000.
Na Filadélfia, onde o Brasil vai jogar com o Haiti, há poucas acomodações em hotéis disponíveis. As mais baratas superaram os R$ 3.500 por cinco diárias. Os mais recomendados no Booking chegam a mais de R$ 7.000 por cinco noites.
Na cidade, as opções de Airbnb são mais em conta, com quartos ou apartamentos inteiros variando de R$ 1.300 a R$ 4.500, próximos da área mais turística.
Em Miami, a oferta é farta, e há desde os famosos motéis americanos, com diárias a partir de R$ 300, a hotéis três estrelas por R$ 3.500 as cinco noites.
No Airbnb da cidade, há algumas opções de quartos com diárias entre R$ 300 e R$ 500.
Com deslocamentos e estadias planejadas, falta ainda o principal: os ingressos. A Fifa adotou o modelo de preço dinâmico, o que tornar os bilhetes das seleções mais disputadas mais caros — e o Brasil se inclui entre os mais desejados. Os valores também variam conforme as cidades-sede e a importância do jogo.
A estreia do Brasil, por exemplo, no MetLife, em Nova Jersey, custa de 105 dólares (R$571, na cotação de hoje) a 620 dólares (R$ 3.374, na cotação de hoje), a depender da categoria do ingresso.
O segundo jogo e o terceiro jogos, na Filadélfia e em Miami, respectivamente, custam entre 60 dólares (R$326, na cotação de hoje) e 445 dólares (R$2.242, na cotação de hoje).
A Fifa vai realizar o último sorteio de 11 de dezembro até 13 de janeiro. Os torcedores poderão solicitar os ingressos para partidas específicas. Porém, apenas em fevereiro a entidade vai selecionar aleatoriamente os inscritos e cobrará os valores.
Quem não foi contemplado, haverá entre março e junho uma última fase de vendas por ordem de chegada. Há ainda o mercado de revenda autorizado pela Fifa em uma plataforma oficial, com preços inflacionados.