O governador Tarcísio de Freitas escolheu como novo reitor da Universidade de São Paulo (USP) o infectologista Aluísio Segurado, professor da Faculdade de Medicina no campus da capital.
O médico era o primeiro nome da lista tríplice que foi formada pela eleição realizada internamente para o cargo. Ele venceu a historiadora Ana Lanna e o engenheiro Marcílio Alves na disputa. A lista define os nomes que o governador pode nomear para o cargo à sua conveniência.
Tarcísio, no caso, seguiu a regra de praxe e escolheu o nome mais votado. A última eleição na USP, de todo modo, foi pouco contenciosa neste ano, com todos os três candidatos tendo participado da atual gestão, comandada pelo também médico Carlos Carlotti Jr.
A nomeação do novo reitor ainda não foi publicada, mas fontes no Palácio dos Bandeirantes confirmam o nome do escolhido.
Segurado é atualmente pró-reitor de graduação na USP e deve assumir o cargo de reitor em 25 de janeiro, para um mandato de quatro anos.
O médico ganhou notoriedade dentro da universidade inicialmente na década de 1990, por ter se destacado no combate à epidemia de HIV. Mais recentemente, atuou na linha de frente contra a Covid-19 no Hospital das Clínicas, onde foi diretor do Instituto Central.
Segurado vai assumir o cargo de reitor com a engenheira Liedi Bernucci como vice. Os dois fizeram uma campanha com foco mais voltado para aprimorar a estrutura de docência. Propuseram, entre outras coisas um curso de mentoria para novos professores e um código de conduta para uso de inteligência artificial (IA) no ambiente acadêmico. A dupla propõe também um escritório especial da universidade para fomentar o apoio da ciência às políticas públicas no estado e no país.
Segurado assume a reitoria da USP em um momento delicado financeiramente. Entre os assuntos mais debatidos na campanha realizada ao longo deste ano, um dos temas dominantes foi a reforma tributária, que corre o risco de tirar a previsibilidade de receita da USP. Hoje o orçamento da universidade está vinculado a uma cota de cerca de 5% da arrecadação do ICMS de São Paulo, e quando esse tributo for substituído por outros o repasse terá de ser renegociado em outra lei.
Segurado e Bernucci também tem propostas novas para administração interna, internacionalização da pesquisa e outros temas.
A chapa dos dois professores era a favorita na eleição, tendo vencido um mês antes uma consulta informal que a universidade faz à sua comunidade. Essa votação sem poder de decisão teve mais de 10 mil participantes neste ano, entre as mais de 120 mil pessoas que a USP abriga entre docentes, alunos e servidores.
A eleição para reitor ocorre apenas entre membros do conselho universitário e outros órgãos gestores da USP. Entre esse grupo mais restrito, com 2.233 votantes, Segurado teve 54,7% dos votos válidos, em um pleito que permitia aos eleitores escolher mais de uma chapa candidata.
No currículo que exibiu durante a campanha, o médico conta que concluiu a graduação em 1980 pela mesma faculdade onde hoje leciona, e se interessou pela infectologia depois de trabalhar um projeto da USP na Amazônia, em Marabá (PA). O médico ter uma ligação humanística com a medicina, tendo cursado algumas disciplinas no curso de Ciências Sociais da USP quando era médico residente no Hospital das Clínicas.
Segurado começou a carreira como docente no departamento de medicina tropical em 1983, obteve a livre-docência em 2001 e conquistou o cargo de professor titular em 2012. Depois desse ano passou a ocupar posições de gestão na universidade.
A nomeação formal do novo reitor, com publicação no Diário Oficial do Estado de São Paulo, é esperada a partir de quarta-feira.