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sexta-feira, outubro 18, 2024

Contas pesadas fora do resultado primário limitam ação da política monetária, diz gestor da SPX

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Na direção oposta à do Banco Central dos EUA, Fed (na sigla em inglês), o Brasil começou a subir a Selic, com aumento de 0,50 ponto porcentual, para 10,75% ao ano, no mês passado. Mesmo assim, a economia tem crescido acima do seu potencial e com o mínimo desemprego, apontou Rogério Xavier, sócio-fundador da SPX Capital, em painel do Itaú BBA Macro Vision. “Alguma coisa estranha está acontecendo, e a resposta mais óbvia é buscar o lado fiscal como vilão”, observou.

Estímulos parafiscais, com programas como o “Vale Gás” ou o “Pé de Meia”, um incentivo para estudantes que cumprem as etapas do ensino médio, se somam ao desejo do governo Lula (PT) de zerar o imposto de renda para quem ganha abaixo de R$ 5 mil. “São contas pesadas”, disse Xavier. E que vão na contramão do ajuste fiscal necessário para manter a inflação sob controle e permitir que a economia rode com juros mais baixos.

“O ministro [da Fazenda, Fernando Haddad] falou no encaminhamento de medidas para indicar algo de corte de gastos, mas, até agora, foram só declarações.” O gestor mostrou ainda preocupação com a contabilidade do setor público, com vários fundos criados, debaixo da gestão da Caixa, e que têm sido usados para “burlar o resultado fiscal”, a exemplo do Pé de Meia.

“Por quê? Porque entra como despesa financeira e não gasto.É como se o governo tivesse alocado dinheiro para comprar cota de um fundo, mas não tem retorno, é a fundo perdido”, afirmou Xavier.

“Não estou entrando no mérito se o jovem deveria ser apoiado por um programa de governo, mas está fazendo no programa errado; deveria aparecer no [resultado] primário e não está.” Em mecanismos parafiscais, Xavier comentou que já circulam cerca de R$ 100 bilhões e que “não há visibilidade”.

“Não vejo vontade política de se atacar o gasto público, então [o Brasil] vai ter a taxa de juros que for necessária, em tese, para botar a inflação na meta. Não é por outra razão que a inflação embutida na NTN-B é de quase 6%.”

Para o ex-diretor de política monetária do Banco Central, Bruno Serra, hoje gestor da Itaú Asset, o peso do impulso fiscal na economia parece que começa a perder força, mas é difícil achar o ‘timing’ disso, dependendo do canal em que se joga o estímulo – se por corte de imposto, aumento de transferência de renda ou subsídio.

“Mas, pelo menos, o número cheio começa a ficar mais condizente com o crescimento perto de 2,5% real que o arcabouço deve definir pela frente.” São dúvidas que, a seu ver, aos poucos, tendem a ser endereçadas. O BC, por sua vez, seguirá com seu trabalho e pode elevar a Selic em 250 pontos.

Política monetária e eleições nos EUA

Mais do que o ritmo de corte dos juros nos Estados Unidos, no ciclo iniciado em setembro, vai ser a eleição americana que vai guiar a estratégia dos gestores de recursos na transição de 2024 para 2025.

Com a disputa apertada entre o republicano Donald Trump e a democrata Kamala Harris, e dúvidas sobre como ficará a liderança nas casas legislativas, os resultados para a política econômica de um e de outro tendem a ser muito diferentes, comentou Xavier, da SPX Capital.

“Não acho tão importante se vai ser 50 [pontos-básicos] ou 25; o mais importante é o Federal Reserve ter começado”, afirmou Xavier.

Partindo de uma taxa de juros de 5,5% ao ano, com uma meta de inflação de 2%, ele disse que a primeira pernada de redução, de até 100 pontos-básicos, ou 1 ponto porcentual, é mais fácil de ser conduzida, mas que é “muito difícil os gestores se posicionarem em termos de estratégia”, porque as políticas de Trump e Kamala são muito distintas.

Serra, da Itaú Asset, acrescentou que os primeiros cortes de juros tendem a ser mais rápidos nos EUA, mas “depois tem eleição pela frente”. Ajustes nas políticas de imigração, a imposição de tarifas de importação no programa de Trump são, por exemplo, peças que mexem com o mercado de trabalho e as perpectivas para a inflação. “O risco parece ser maior para o Fed decepcionar o mercado, mas vai depender da eleição.”

[Fonte Original]

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