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quinta-feira, novembro 21, 2024

Crítica | The Ultimates (2024) – Vol. 1 – Plano Crítico

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Na minha crítica da primeira edição dessa nova versão dos Ultimates na Terra-6160, vi alguns problemas com o texto protocolar e sem grandes destaques de Deniz Camp, mas a edição também estava claramente interessada em um caráter introdutório e de contextualização dessa nova linha narrativa da Marvel, que inclusive ainda me soou confusa em suas diversas explicações temporais. Mesmo assim, deu para notar elementos promissores, em especial a abordagem de insurgência com os Vingadores. O restante do volume não impressiona por completo, mas foca nessa construção revolucionária do grupo principal enquanto nos apresenta mais dessa nova Terra, deixando um saldo bem positivo para as primeiras seis edições da HQ.

Cinco dessas edições são majoritariamente focadas no recrutamento da equipe. Depois de termos visto novas versões de heróis clássicos dos Vingadores, como Tony Stark, Steve Rogers, Hank Pym, Janet van Dyne, Thor, etc, na primeira edição, a narrativa muda a direção nos apresentando personagens completamente novos, como uma Mulher-Hulk chamada Lejori Joena Zakaria, que sofreu a mutação após o contato com experiências com radiação gama, e um Gavião-Arqueiro chamado Charli Ramsey, que é uma nativo-americano que “roubou” a tecnologia jogada no lixo pela versão do Clint dessa Terra – um momento inspirado na clássica cena que Peter Parker joga seu uniforme fora.

Gosto bastante desses recrutamentos, seja porque ganhamos novos personagens – quem sabe um deles vira o novo Miles Morales! -, seja porque o texto utiliza-os para expandir a Terra-6160, nos mostrando mais dos efeitos e das mudanças realizadas pelo Criador. Existe uma veia revolucionária em cada edição, passando pela maneira como a ilha de Lejori Joena sofreu com os experimentos de Bruce Banner (mais dele à frente), em um arco inspirado nos testes nucleares em Atol de Bikini; como Charli Ramsey enfrenta a poluição causada pela empresa Roxxon, capitaneada pelo brasileiro Roberto da Costa (Mancha Solar); como o Capitão América e a América Chavez são reunidos para batalhar contra o sistema fascista e autoritário do Criador; e assim por diante.

O texto de Camp soa óbvio, expositivo e superficial em alguns momentos, como no longo discurso de Midas sobre capitalismo ou na forma como Ramsey fica repetindo incessantemente os clichês estadunidenses com nativo-americanos, mas de maneira geral temos um trabalho bem agradável na composição do grupo, suas motivações e traumas. A sequência na ilha de Lejori Joena é a mais visualmente impactante com as vítimas da radiação, incluindo um uso esperto de horror corporal, e o desenvolvimento em torno do passado trágico de Destino (o Reed Richards dessa Terra), onde o sádico Criador mata o Quarteto Fantástico e tortura Reed, é a parte dramaticamente mais bem escrita (e montada também, com a diagramação mesclando passado e presente) da HQ, com ambas essas tramas compondo os grandes destaques do primeiro volume para mim.

A falta da presença de um bom antagonista é sentida em alguns momentos, mas Bruce Banner aparece na última edição para retificar esse problema. Numa versão sinistra entre Maestro e Thanos do Hulk, temos, talvez, o segundo melhor vilão dessa nova linha Ultimate até aqui, atrás somente, claro, do Criador. O personagem é representado como uma espécie de pacifista do mal, que inclusive tem, também, os poderes do Punho de Ferro, uma sacada genial para o personagem. A última edição é pura pancadaria da melhor qualidade, com direito a golpes nomeados e a melhor arte de Juan Frigeri na obra.

Os insurgentes perdem a primeira batalha, mas Camp faz um ótimo trabalho em construir o grupo, gradativamente passando por cada personagem, como se encaixam nessa revolução e como foram impactados pelas mudanças do Criador. Ainda é um volume que fica emperrado em uma narrativa quase que unicamente de preparação e de introdução, mas que nos envolve bem com a luta dos personagens e que expande com qualidade esse novo universo, além de ser inteligente na maneira que não enquadra nossos personagens como heróis, seja do olhar dos civis (que os consideram criminosos) ou deles mesmos. Com o grupo efetivamente completo, o próximo volume tem tudo para ser ainda melhor, principalmente quando pensamos que a história é uma corrida contra o tempo.

The Ultimates – Vol. 1 | EUA, 2024
Roteiro: Deniz Camp
Arte: Juan Frigeri
Cores: Federico Blee
Letras: Travis Lanham
Editora: Marvel Comics
Páginas: 174



[Fonte Original]

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