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segunda-feira, dezembro 23, 2024

Antes de começar no cargo, novo premier já é reprovado por dois terços dos franceses, aponta pesquisa

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Uma pesquisa divulgada neste domingo serviu como uma ducha de água fria para o presidente da França, Emmanuel Macron, e para o novo premier, François Bayrou: os números apontam que dois terços dos franceses já desaprovam Bayrou antes mesmo do início formal dos trabalhos ou do anúncio de um novo Gabinete. Havia a expectativa dos nomes serem confirmados neste domingo, algo que Macron prometeu fazer até o Natal.

De acordo com os números do instituto Ifop, publicados pelo Journal du Dimanche, 66% dos entrevistados se disseram descontentes com o nome de Bayrou para liderar o quarto Gabinete francês apenas em 2024. Os números são piores dos que os de Élisabeth Borne (46% de descontentes), que deixou o cargo em janeiro, e dos que os de Gabriel Attal (46%) e até de Michel Barnier, que ficou no posto por menos de 100 dias (55% de descontentes). O nível de impopularidade é o mais alto já registrado para um premier em seus primeiros momentos no posto.

Para muitos dos ouvidos, Bayrou é um político “à moda antiga”, “velho”, “acumulando mandatos e tendo demonstrado oportunismo” para chegar ao posto de primeiro-ministro. Outros citaram que ele, apesar de ser um político experiente, há 30 anos não ocupa cargos ministeriais como titular — o último foi como titular da Educação nos governos de Jacques Chirac e François Mittterrand, nos anos 1990. Ele ainda chefiou o Ministério da Justiça, de forma interina, no primeiro mandato de Macron, em 2017.

Também conta contra ele a proximidade com o presidente, cujo governo é aprovado por apenas 24% dos entrevistados ouvidos pelo Ifop. O posicionamento “centrista suave”, pouco afeito a enfrentamentos, também não é algo que os franceses entendam como o melhor estilo para lidar com um país e uma Assembleia Nacional fraturados.

Bayrou é a mais recente tentativa do presidente Emmanuel Macron para aplacar a crise — em boa parte causada por ele — que se arrasta desde a convocação de eleições legislativas antecipadas em junho e julho, após a vitória da extrema direita na votação para o Parlamento Europeu. Seu bloco de apoio na Assembleia Nacional perdeu espaço, e a esquerda e a extrema direita saíram como as principais forças, cada qual exigindo ocupar um pedaço no Gabinete, ou o controle do novo governo.

Macron, por sua vez, decidiu escolher um premier vindo da direita “tradicional”, Michel Barnier, o que não agradou os principais blocos parlamentares. Menos de 100 dias depois, ele foi derrotado em um voto de não confiança, e se tornou o terceiro premier a deixar o cargo apenas em 2024. No começo do mês, Macron anunciou o nome de Bayrou, apostando em seu histórico parlamentar e sua suposta capacidade de apaziguar os ânimos.

Na semana passada, Bayrou prometeu anunciar os nomes do novo Gabinete “antes do Natal”, e havia expectativa de que eles pudessem ser revelados já neste domingo, o que não deve se confirmar, de acordo com a imprensa francesa. Segundo fontes do governo, Bayrou deve escolher nomes de peso, vindos da esquerda, do centro e da direita.

Emmanuel Macron fala com moradores da ilha de Mayotte durante visita oficial — Foto: Ludovic Marin/ AFP

O novo premier assume o cargo com tarefas urgentes. A começar pela resposta à destruição causada por um ciclone no território ultramarino de Mayotte, no Oceano Índico, que deixou cerca de 30 mortos. Na sexta-feira, durante visita ao local, Macron foi alvo de protestos, e respondeu aos manifestantes dizendo que eles “deveriam estar felizes por estarem na França, porque se [Mayotte] não fizesse parte da França, vocês estariam 10 mil vezes mais na merda”.

No campo econômico, deve liderar as discussões sobre o Orçamento do ano que vem, se equilibrando entre a necessidade de reduzir o déficit público, que pode chegar a 6,7% do PIB em 2025, de acordo com projeções, e a dívida pública, que hoje corresponde a 113,7% do PIB, muito acima da meta da União Europeia, de 60%. Ao mesmo tempo, terá que evitar ao máximo medidas impopulares, como o corte de gastos sociais e aumentos de impostos.

— Espero que consigamos completar tudo até meados de fevereiro. Não tenho a certeza de que chegaremos lá — disse Bayrou à rede France 2, na semana passada.

[Fonte Original]

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