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sábado, janeiro 11, 2025

Veneno do século XVII, cremação e menções a Deus: como agia a mulher apontada como serial killer pela polícia do RS

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Autoridades policiais do Rio Grande do Sul afirmaram, nesta sexta-feira, que Deisa Moura dos Anjos é investigada por cometer homicídios em série e por ocultação de provas. A mulher de 39 anos é a principal suspeita de ter colocado arsênio em um bolo no município de Torres, provocando a morte por envenenamento de três familiares, nas vésperas do Natal do ano passado. Ela também é apontada como responsável pela morte do sogro, em setembro — a vítima teve o corpo exumado nesta semana a pedido dos investigadores.

Segundo a delegada regional Sabrina Deffente, responsável pelo inquérito, Deise “pesquisou, comprou, recebeu e usou veneno para matar pessoas” em mais de uma ocasião. Em buscas feitas online, descobertas pela Polícia Civil após a apreensão do celular da suspeita, foram encontrados resultados sobre um composto conhecido como água-tofana.

O veneno, famoso não ter sabor nem cheiro, era utilizado por mulheres para “matar os maridos” no século XVII, afirmou Deffente. Ao pesquisar sobre os componentes da solução, Deise teria chegado ao arsênio, adicionado por ela na farinha do bolo preparado por sua sogra, Zeli dos Anjos, 60 anos, e oferecido a familiares.

— A gente não tem dúvida de que se trata homicídios e tentativas de homicídios em série. Durante muito tempo, ela não foi descoberta e tentou apagar provas que pudessem levar à atribuição de culpa a ela — disse a delegada em entrevista coletiva nesta sexta-feira.

Na tarde do dia 23 de dezembro, seis pessoas da mesma família passaram mal após consumirem uma sobremesa. Após darem entrada no hospital, três pessoas morreram: Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, e Maida Berenice Flores da Silva, 59 anos, irmãs de Zeli, além de Tatiana Denize Silva dos Anjos, 47 anos, filha de Neuza.

Zeli também foi internada em estado grave, mas recebeu alta hospitalar nesta sexta-feira. O marido de Maida e uma criança de 10 anos também chegaram a ser hospitalizados, mas foram liberados.

O que foi encontrado pela perícia?

Segundo informações da perícia, foram encontradas “concentrações altíssimas” de arsênio na sobremesa, superiores a 350 vezes ao mínimo para o envenenamento. Também foi constatada a presença da substância tóxica em quantidades equivalentes a 2.700 vezes do total contabilizado na sobremesa.

Com o andamento do caso, os investigadores descobriram a ocorrência de uma quarta morte. O sogro de Deise, Paulo Luiz dos Anjos, morreu em setembro do ano passado e, na época, a causa do falecimento foi atribuída a uma intoxicação alimentar. No entanto, após a repercussão do caso do bolo contaminado, foi levantada a hipótese de que ele também teria sido morto por envenenamento provocado por arsênio. A suspeita foi confirmada pela perícia nesta sexta-feira.

Ainda segundo os investigadores, Deise tentou ocultar as provas após a morte de Paulo. Informações de dados celulares, revelados pela Polícia Civil, mostram que ela tentou cremar o corpo do sogro e criar a narrativa de que ele teria consumido bananas contaminadas por uma enchente no município de Canoas (RS), onde a família tem uma casa.

Ela também teria dito que o marido estaria “muito deprimido” com a morte do pai e ele que estaria se culpando por, supostamente, ter levado as frutas para Paulo. Com isso, Deise pediu para que não fossem feitas novas análises laboratoriais no corpo para a descoberta da causa do óbito. Nos apelos, chegava a mencionar Deus.

“Acho que precisamos rezar mais, aceitar mais, e não procurar culpados onde não tem, não nos momentos em que Deus nos reserva. Isso, sim, não tem volta, nem polícia, nem perícia que possa nos ajudar a desvendar”, disse ela em mensagem para a sogra.

O delegado titular da Polícia Civil de Torres, Marcos Vinicius Veloso, afirmou que Deise se referiu à sogra como “naja” em depoimentos prestados às autoridades policiais. Ele também descreveu assim o comportamento de Deise:

— Uma postura fria, com uma reposta sempre na ponta da língua, tranquila — afirmou.

Durante a coletiva, as autoridades também confirmaram que Deise teria tentado visitar a sogra hospitalizada, poucos dias após o incidente, e levado um suco para ser consumido por Zeli. Diante da suspeita de que poderia se tratar de uma nova tentativa de envenenamento, os acompanhantes da idosa descartaram o líquido.

— Percebendo que poderia haver essa possibilidade, recolheram, então, essas garrafas e levaram até a delegacia — relatou o delegado, ao afirmar que os objetos também passarão por uma análise pericial.

[Fonte Original]

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