Pesquisadores descobriram uma série de túneis secretos localizados abaixo do Castelo Sforzesco, que fica em Milão. Até aí, tudo bem, se não fosse por um detalhe: essas passagens já haviam sido descritas no século XV pelo grande artista do Renascimento Leonardo Da Vinci.
Descobertos por especialistas da Universidade Politécnica de Milão, os túneis trazem novas luzes sobre o trabalho de Da Vinci, confirmando algumas facetas pouco conhecidas deste gênio.
A arquitetura do Castelo Sforzesco
Em 1460, Francesco Sforza, que então era duque de Milão, resolveu construir uma casa grande que funcionasse como uma fortaleza. Ele decidiu, então, aproveitar as ruínas de uma fortificação do século XIV para levantar a sua nova residência. Depois de algumas décadas, surgia finalmente o Castelo Sforzesco, que possuía quatro torres em seus cantos, três pátios internos, salões com afrescos, uma biblioteca e um lago.
Depois de algum tempo, rumores começaram a circular dizendo que o Castelo Sforzesco continha algumas passagens secretas subterrâneas. Por muito tempo, isso não passou de uma lenda – até que, recentemente, uma pesquisa realizada pela Universidade Politécnica de Milão fez uso de radares de penetração no solo e scanners a laser para mapear o subsolo do castelo.
Os pesquisadores então se surpreenderam ao constatar que os túneis realmente existiam. “O georadar enriqueceu o modelo 3D com dados sobre espaços conhecidos, mas inacessíveis, trazendo à luz passagens desconhecidas e ideias para estudos posteriores sobre passagens secretas”, afirmou Francesca Biolo, pesquisadora do Departamento de Arquitetura e Engenharia de Construção da universidade.
Só que, além do novo achado arquitetônico, a descoberta também trouxe novidades sobre o trabalho de Leonardo Da Vinci, que esteve envolvido com o projeto.
A conexão com Leonardo Da Vinci
Em 1494, Leonardo Da Vinci foi recrutado por Ludovico Sforza, filho de Francesco Sforza, para trabalhar na decoração da fortaleza. O renascentista então criou afrescos para os cômodos do castelo, contando com a ajuda dos pintores Bernardino Zenale e Bernardino Butinone.
Entre as obras de maior destaque contidas no castelo, estão a Sala delle Asse, uma pintura em têmpera sobre gesso fica em uma sala que abrigava cavalos e que homenageia Francesco Scorza, e o Codex Trivulzianus, um manuscrito contendo notas e desenhos que tratam principalmente de arquitetura militar e religiosa.
No projeto desenvolvido, além dos afrescos, Leonardo Da Vinci também fez anotações sobre a existência de misteriosas passagens secretas construídas para propósitos militares sob a parede externa do castelo. Acontece que, por muitos anos, esses túneis ficaram desconhecidos, até serem descobertos pelos pesquisadores da Itália.
Isso só foi possível por conta do uso de tecnologias modernas, empregadas no intuito de criar um “gêmeo digital” do Castelo Sforzesco. Hoje, a fortaleza continua de pé e abriga vários museus, incluindo a Pinacoteca Castello Sforzesco, o Museu Pietà Rondanini e o Museu de Arte Antiga – onde está localizada a Sala Delle Asse.
De acordo com Franco Guzzetti, que é professor de geomática da universidade, o modelo digital “não só representa a aparência atual do castelo, mas também permite explorar o passado, recuperando elementos históricos que não são mais visíveis”. Assim, com as novas descobertas, a proposta dos pesquisadores é melhorar a experiência dos visitantes no Castelo Sforzesco a partir do uso de realidade aumentada para poderem conhecer o ambiente subterrâneo do famoso ponto turístico.
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