Ibovespa avança com apoio de Vale e volume negociado em ações do Itaú dispara pelo 2º dia

As ações preferenciais do Itaú começaram o dia em queda após analistas considerarem o “guidance” (projeção) da instituição para 2025 mais “conservador”. Horas depois, a fala do CEO do Itaú, Milton Maluhy Filho, ajudou a esclarecer que a estimativa para este ano não era tão “pessimista” quanto o mercado havia entendido”, segundo um gestor.

Maluhy afirmou que o banco está confortável com o “guidance” fornecido para 2025, considerado conservador por analistas, mas ressaltou que a projeção não era “estática” e que pode haver mudanças se houver uma tendência mais positiva do ambiente macroeconômico. “O guidance é uma faixa, não um ponto”, destacou. Assim, os papéis preferenciais do banco fecharam em alta de 0,18% e o volume financeiro negociado da ação foi o segundo maior do dia pela segunda sessão consecutiva, de R$ 1,3 bilhão, atrás apenas da Vale, em que o giro financeiro foi de R$ 1,8 bilhão.

Segundo Felipe Moura, sócio e gestor da Finacap Investimentos, casa especializada em ações, o resultado foi ao encontro das estimativas do mercado. O Itaú registrou lucro recorrente de R$ 10,884 bilhões no quarto trimestre de 2024, alta de 1,9% no trimestre e 15,8% em 12 meses.

“Derruba bem aquelas narrativas de que dificilmente os bancos incumbentes iriam voltar a dar um ROE [retorno sobre patrimônio] acima de 20%, com boas margens. E o banco acabou que entregou o ROI um pouco acima de 22% no ano”, destaca o executivo. “Foi um resultado em linha com o que o mercado esperava, mas que coroa um ano muito bom do banco”, completa.

Na visão de Moura, o “guidance” mais conservador para o próximo ano chamou atenção, muito por conta das projeções macroeconômicas do banco.

Para o operador de renda variável da Manchester Investimentos, Felipe Molinetti, a projeção de crescimento da carteira entre 4,5% e 8,5%, abaixo dos 10% em 2024, é um “nível de conservadorismo bem-vindo”.

O profissional destaca que, com a economia mais aquecida, a inadimplência pode diminuir e há uma tendência de melhora na qualidade dos ativos do banco. Por outro lado, a desvalorização do dólar afeta o Itaú, com maior exposição internacional assim como Santander, com chance de impacto negativo nas receitas externas, enquanto o Banco do Brasil, mais focado no mercado doméstico, é menos afetado.

“No geral, bancos com diversificação de receitas, como o Itaú, tendem a se destacar, enquanto o Banco do Brasil pode ganhar com o aumento do crédito rural e consignado”, detalha Molinetti.

Já as units do Santander passaram por um dia de correção e caíram 0,30% depois de avançar mais de 6% na véspera. A expectativa agora é pelo balanço do Bradesco, que será apresentado amanhã durante as negociações. Hoje, as PN do banco subiram 1,38% e as ON ganharam 1,08%, estendendo a alta vista ontem. Os analistas da XP esperam que um balanço parecido com o trimestre anterior.

“Embora o cenário macroeconômico aquém do ideal possa atrasar um pouco a reestruturação em andamento, permanecemos positivos em relação à capacidade do Bradesco de continuar entregando melhorias sequenciais no ROE [retorno sobre o patrimônio líquido] no futuro próximo”, destacaram os especialistas da XP, em relatório.

As ações da Vale também registraram ganhos de 1,51%, refletindo a alta de quase 1,5% do minério de ferro em Dalian, impulsionado pelo otimismo do mercado financeiro e pela recuperação econômica chinesa após o feriado do Ano Novo Lunar, segundo a Tarraco Commodities Solutions, em nota enviada a clientes. No entanto, a casa pondera que a volatilidade persiste devido às tensões entre EUA e China, assim como as preocupações com fornecimento. Outras ações do setor também subiam: CSN Mineração (+4,00%) e CSN (+1,86%).

A liderança entre as maiores altas ficou por conta das ações da Raízen, que subiram 8,28%. Segundo apuração do Valor, a companhia discute um aumento de capital e as negociações já estariam em andamento. Papéis de empresas mais domésticas, como Cogna (+7,14%), Magazine Luiza (+7,41%) e CVC (+3,85%), também registraram ganhos mais expressivos na sessão, em um dia de avanço mais “contido” dos juros futuros mais longos, que se distanciaram das máximas no fim do pregão. Por outro lado, as ações da Embraer cederam 2,82% após a alta de quase 16% da véspera.

Já em NY, o movimento foi misto: o Nasdaq subiu 0,51%; o S&P 500 teve alta de 0,36%; e o Dow Jones caiu 0,28%.