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sábado, março 15, 2025

Com um mês de Trump 2.0, veja as ações que mais subiram na Bolsa no Brasil e nos EUA

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Um mês tem 30 dias, mas, quando se trata do governo Donald Trump 2.0, parece ter muito mais. Desde sua posse, em 20 de janeiro, o republicano ameaçou sobretaxas — até agora, porém, só as da China entraram em vigor —, tomou medidas anti-imigração, acabou com iniciativas de fomento à diversidade e deu início a um processo de desmantelamento de órgãos federais, além de retirar os Estados Unidos de entidades globais como a Organização Mundial da Saúde.

Nesse período, Trump viu sua reprovação subir 10 pontos percentuais entre os americanos, de acordo com pesquisa de Reuters e Ipsos.

No entanto, suas medidas iniciais — no caso da economia, talvez seja melhor dizer a ausência delas — têm surtido pouco efeito em um lugar que passou por um rali logo após sua eleição: a Bolsa de Valores.

No índice Dow Jones, que reúne as maiores empresas dos EUA, a diversidade de setores no topo chama atenção. As gigantes IBM, Walmart e Visa estão entre as maiores ganhadoras nos primeiros 30 dias de Trump. 2.0, com valorização de 17,8%, 12,9% e 11,8% de seus papéis, respectivamente. Veja na tabela abaixo:

Ações que mais se valorizaram nos últimos 30 dias no Dow Jones

EmpresaValorização
IBM17,8%
Walmart12,9%
Visa11,8%
Coca-Cola10,1%
Nike9,5%
McDonald’s8,5%
Amgen8,5%
Boeing8,1%
J.P. Morgan8%
Goldman Sachs7,4%

Enzo Pacheco, analista da Empiricus Research, explica que, além dos fatores particulares de cada empresa, boa parte do que ajudou essas companhias a apresentarem ganhos neste início de ano foi a realocação dos investimentos das ações de tecnologia para setores de menor risco.

Segundo ele, o mercado mudou de direção quando percebeu a grande concentração nos ativos das big techs — que se beneficiaram do rali pós-eleição de Trump, em novembro do ano passado.

Apesar disso, a Meta, cujos papéis são negociados na Bolsa eletrônica Nasdaq, conseguiu se destacar positivamente e subiu 16,9% nos últimos 30 dias. Para Pacheco, o fato de Mark Zuckerberg ter demonstrado seu apoio a Trump — com medidas como o fim da checagem de fatos nas redes da empresa e a ida à posse do republicano — é um dos principais motivos por trás do avanço das ações.

Mas, ainda que as medidas iniciais de Trump não tenham mexido com a Bolsa, o setor financeiro foi um dos que mais se beneficiaram neste primeiro mês, avalia o especialista:

— Apesar da questão da inflação, Trump foi eleito com a perspectiva de estimular crescimento e cortar regulamentação. Esse setor é um dos mais favorecidos por esse movimento.

Por outro lado, uma das queridinhas do chamado “Trump trade” — nome dado ao grupo de ativos que tendia a se beneficiar do novo governo do empresário — não teve um mês tão positivo. A Tesla, do braço direito de Trump, Elon Musk, acumula perdas de 17% nos últimos 30 dias. Suas açóes também são negociadas na Nasdaq.

— Se a Tesla voou no ano passado por conta do Trump, neste começo de ano essa perspectiva deu uma arrefecida — afirma Pacheco.

Para além do cenário mais difícil para o mercado automobilístico, Trump retirou os subsídios para veículos elétricos — os únicos comercializados pela empresa.

No fim do ano passado, o rali do “Trump trade” acarretou um forte movimento nos mercados, em especial o americano. A promessa de subsídios e de alívio de impostos para empresas animou os investidores, assim como a expectativa de tarifas contra importações já no primeiro, com alíquotas elevadas.

Agora, no entanto, os operadores do mercado não estão mais tomando a palavra de Trump como bússola de investimentos.

A ausência de ações mais concretas na economia e as constantes “bravatas” tarifárias — as sobretaxas de 25% sobre produtos de México e Canadá, por exemplo, foram adiadas — têm levado os investidores a “dar de ombros”, aponta Pacheco.

Segundo ele, o mercado tem operado mais em relação às características econômicas específicas de cada empresa e setor, do que baseado nos movimentos de Trump.

Entretanto, ele alerta que o republicano costuma ser imprevisível e pode, sim, implementar taxas sobre importações superiores àquelas projetadas pelo mercado.

Desde a posse de Trump, em 20 de janeiro, as ações ligadas à economia doméstica têm se destacado no Ibovespa, principal índice de ações do Brasil.

Cogna (dona das faculdades Anhaguera e Pitágoras) e Yduqs (dona do Ibmec e da Estácio), ambas do setor de educação, saltaram 40% e 38%, respectivamente.

Carrefour, Assaí e Magazine Luiza, muito ligadas ao consumo das famílias, também foram destaques. Veja na tabela abaixo:

Ações que mais se valorizaram nos últimos 30 dias no Ibovespa

EmpresaValorização
Cogna40%
Yduqs38%
Carrefour32,74%
Magazine Luiza26,73%
Assaí25,95%
Cyrela25,35%
Totus21,63%
Usiminas20,56%
CVC19,30%
TIM18,16%

Adriano Yamamoto, chefe comercial da corretora do C6 Bank, observa que os investidores fizeram trocas em suas alocações setoriais neste início de ano. Segundo ele, muitos operadores retiraram seus investimentos de empresas ligadas a commodities exportadoras, devido ao medo crescente de uma escalada no conflito comercial entre Estados Unidos e China.

Os dois países são os principais produtores e consumidores de matérias-primas do mundo, e a restrição do comércio entre ambos causa incertezas para o setor.

— Muita gente que tinha uma posição relevante (em commodities) está reduzindo a exposição. Boa parte desse fluxo foi dividido em dois setores: segmentos atrelados à economia doméstica e a outra parte em setores mais defensivos, como bancos e o setor elétrico — explica o especialista.

Ao ser perguntado o motivo da preferência pelos ativos ligados à economia doméstica, Yamamoto analisa que muitos investidores consideram que essas empresas já estão em um valor “interessante”. Varejistas, construtoras e companhias de educação sofreram um baque em suas cotações no fim do ano passado, diante da virada da perspectiva sobre a trajetória de juros no país — indicador muito sensível para estes ativos.

Com isso, muitas companhias que mostraram resultados financeiros sólidos durante o ano passado sofreram mesmo assim, por conta dos aspectos macroeconômicos mais pressionados. Por isso, explica Yamamoto, o valor das ações dessas empresas em relação aos seus fundamentos econômicos passou a ficar atrativo.

[Fonte Original]

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