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sexta-feira, março 14, 2025

Trump taxa o Brasil a partir de hoje: veja quais tarifas serão aplicadas

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O presidente dos Estados Unidos Donald Trump anunciou a implantação de tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e de alumínio a partir desta quarta-feira (12). A medida não foi uma surpresa, pois Trump já havia sinalizado o aumento de tarifas sobre o aço ainda no começo de fevereiro. Ao contrário das taxas contra os países Canadá, México e China, a aplicação das tarifas sobre aço e alumínio não tem um alvo específico — não de forma explícita. Nesse caso, os maiores afetados serão os principais exportadores de aço e alumínio aos EUA, o que inclui o Brasil.

O país é o segundo maior exportador de produtos de siderurgia para os EUA. Em 2024, foram mais de 4,4 milhões de toneladas exportadas, segundo dados divulgados em janeiro pelo American Iron and Steel Institute, atrás apenas do Canadá, que exportou 6,5 milhões de toneladas. Completam o top 5 México (3,5 mi), Coreia do Sul (2,8 mi) e Vietnã (1,3 mi).

Por aqui, os EUA são os principais compradores de aço brasileiro, segundo dados da World Integrated Trade Solution (WITS) e da UN Comtrade. Em 2023, 55,7% das exportações foram para os americanos.

O impacto para o Brasil é analisado em uma nota técnica divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) no começo da semana. O estudo estima um impacto “insignificante em termos macroeconômicos”, com queda de 0,01% do Produto Interno Bruto (PIB) e de 0,03% das exportações totais (no caso das exportações para os EUA, a redução seria de 36,2%).

Já o setor brasileiro de Metais Ferrosos deve experimentar uma baixa mais acentuada, ainda de acordo com o Ipea, com queda de produção de 2,19% e contração de 11,27% das exportações, além de perda de exportação equivalente a US$ 1,5 bilhão (1,6 milhão de tonelada).

Para o país americano, o estudo avalia uma queda de 39,2% na importação de Metais Ferrosos e o aumento de 8,9% da produção doméstica. Porém, os EUA podem sofrer efeitos em outros setores, como uma possível queda de produção de máquinas e equipamentos, produtos de metal, equipamentos elétricos e veículos e peças.

Na tarde desta quarta, o Instituto Aço Brasil divulgou uma nota sobre as tarifas, afirmando que o setor “mantém a expectativa de que, com a abertura do canal de diálogo pelo governo brasileiro com o governo norte-americano, seja possível prosseguir com as negociações para reestabelecer as bases do sistema de importação construído no primeiro governo de Donald Trump com o Brasil, e que vigorou até esta terça (11)”.

A Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) se pronunciou por meio de nota ainda em fevereiro, durante as primeiras ameaças de tarifas sobre o setor siderúrgico, quando afirmou que a participação do Brasil nas importações de alumínio pelos EUA é “relativamente pequena, menos de 1%”, mas destacando a importância dos Estados Unidos enquanto parceiro comercial: o país responde por quase 17% do total de exportações brasileiras de alumínio e movimentando um montante de US$ 267 milhões em relação à soma total de exportações (US$ 1,5 bilhão) em 2024. A associação ainda não respondeu quanto à implementação das tarifas.

Ambas as entidades destacaram o impacto na balança comercial proveniente das tarifas, com efeitos como desvio de comércio e concorrência desleal, além da possibilidade de defasagem e mudanças estruturais nas cadeias de suprimentos globais.

O aumento de tarifas sobre o aço e o alumínio já havia sido aplicado anteriormente durante o primeiro mandato de Donald Trump (2017-2020). A medida foi anunciada no começo de 2018 e estabeleceu uma alíquota de 25% para a importação de aço e 10 % para a de alumínio.

Na época, Trump citou que ter uma indústria americana forte de alumínio e aço era “absolutamente vital” para a segurança nacional do país. Essas mesmas justificativas foram usadas para implementar as taxas que entram em vigor a partir desta quarta.

O ex-presidente Joe Biden aplicou taxas de 25% sobre o aço mexicano e de 25% sobre aço e alumínio oriundos da China, principal produtora mundial de aço.

O Brasil conseguiu contornar essa taxação a partir da negociação de cotas de exportação para o mercado dos EUA (envolveu a exportação de 3,5 milhões de toneladas de semiacabados/placas e 687 mil toneladas de laminados), segundo informação divulgada pelo Instituto Aço Brasil.

Desta vez, o Brasil aposta numa nova negociação para tentar reverter o tarifaço. Nesta quarta, o Ministro da Fazenda Fernando Haddad disse que o governo brasileiro tem acompanhado a evolução das medidas de Trump e que a mesa de negociação com o governo americano “está aberta”, destacando que ela foi bem-sucedida em outros momentos “em benefício do comércio bilateral”. O ministro descarta uma resposta às tarifas de Trump.

As tarifas contra o aço e o alumínio mundial por parte dos EUA geraram reações de diferentes lados. O Canadá, em resposta a nova taxação, anunciou novas tarifas contra o país vizinho em mais de US$ 20 bilhões (30 bilhões de dólares canadenses). As medidas do país visam itens de consumo como computadores e artigos esportivos e entrarão em vigor nesta quinta-feira (13) às 12h no horário de Nova York.

A União Europeia também contra-atacou: nesta quarta, o bloco anunciou taxas de até 26 bilhões de euros (US$ 28 bilhões) sobre produtos americanos considerados politicamente sensíveis, de Estados comandados por republicanos. Um exemplo é a soja da Louisiana, lar do presidente da Câmara dos EUA e deputado republicado Mike Johnson.

[Fonte Original]

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