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sexta-feira, abril 25, 2025

Selic alta é boa ou ruim para economia?

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A Selic (sigla para “Sistema Especial de Liquidação e Custódia”) é a “taxa das taxas” da economia brasileira.

Se ela flutua, as outras taxas de juros praticadas por bancos e instituições financeiras também variam. Entre suas funções, a Selic pode ajudar a controlar a inflação no Brasil, influenciando preços dos bens e serviços da economia.

Quando o Comitê de Política Monetária (Copom) – órgão do Banco Central (BC) que define a Selic a cada 45 dias – sobe a taxa básica de juros do Brasil, significa que há a retirada forçada de dinheiro circulando na economia para valorizá-lo. Isso, em tese, tende a reduzir a inflação.

A economista, professora da Fundação Getúlio Vargas e conselheira do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), Carla Beni, pontua que as pessoas físicas e jurídicas que têm aplicações no Tesouro Nacional são umas das maiores beneficiadas com a Selic em alta, além dos bancos, que ampliam o rendimento do dinheiro retido.

Isso acontece por que a taxa vem de um sistema de custódia de Títulos Públicos Federais (papeis de renda fixa emitidos pela União para arrecadar recursos), que guarda o dinheiro de investidores e devolve com juros e correções monetárias sem riscos de inadimplência, já que é o governo federal que garante o pagamento.

Vantagens e desvantagens para a economia

Um dos proveitos é a atração de investidores estrangeiros para o mercado brasileiro que fica, a princípio, mais confiável – com base na solidez da economia brasileira –, e com riscos de retorno reduzidos.

Em contrapartida, o crédito encarece, o que pode segurar o consumo e contrair a economia além do projetado. Outro fator negativo é o aumento do risco de endividamento público. Como o ciclo de alta da Selic é um atrativo para investimentos, o governo federal precisa honrar o pagamento de valores reajustados aos investidores.

Jonathas Goulart compara a relação entre a Selic e a economia brasileira a “uma graxa que lubrifica um maquinário”: para funcionar bem, a máquina precisa da graxa em quantidades regulares, se o material estiver em pouca ou grande quantidade, a máquina não trabalha adequadamente.

Goulart ainda diz que não é apenas a taxa de juros básica que faz o Brasil crescer ou encolher. Na visão dele, é necessário investir em recursos que desenvolvem o capital humano, como saúde, educação e lazer para impulsionar a produtividade e, consequentemente, a arrecadação.

Vantagens e desvantagens para os cidadãos

Para os consumidores comuns, não há benefícios em relação a preços de bens e serviços, a menos que invistam em títulos federais. Os juros de crédito, empréstimo e financiamento aumentam, em parte porque a taxa Selic mais alta eleva o custo de captação dos bancos. Para manter a rentabilidade e compensar o risco de inadimplência, as instituições financeiras repassam esse custo aos clientes por meio de taxas de juros mais altas.

O economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Jonathas Goulart, explica como funcionam os impactos ao consumidor:

“Por exemplo, se ele estava pensando num financiamento para comprar um carro ou uma casa, vai ficar mais caro. Isso freia o consumo, principalmente se [ele] depende imediatamente de crédito”, diz Goulart.

Beni também aponta a dificuldade no parcelamento das compras:

“A pessoa que precisa comprar uma televisão em oito, dez vezes, vai pagar mais caro. Por quê? Porque a loja que vende televisão precisa de dinheiro, de financiamento do banco para suprir a produção, a operação dela. O varejo, muitas vezes, coloca ‘parcelamento sem juros’. Isso não existe, porque o juro é embutido. É aí que você tem um aumento dessa prestação, porque na verdade, o custo financeiro da operação tem repasse no próprio produto, mesmo que se pague à vista”, esclarece a economista.

Para controlar a inflação, outra medida é aumentar o desemprego. Quanto menos dinheiro em circulação, menor é o poder de comprar, o que equilibra a oferta e a procura. Por exemplo: os preços dos alimentos nos mercados caem porque as pessoas não podem comprar sem emprego. Bom para segurar a inflação, ruim para os cidadãos, que enfrentam situações de vulnerabilidade socioeconômica.

[Fonte Original]

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