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sexta-feira, abril 25, 2025

As dificuldades de retaliar na guerra das tarifas de Trump

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O Brasil está em uma situação difícil, na guerra das tarifas, porque o país tem tarifas tradicionalmente altas. Então, quando se fala em adotar uma política de reciprocidade, quando o presidente Lula diz que “não podemos ficar parados”, isso significa também subir impostos contra produtos estrangeiros. E, nesse momento de inflação muito pressionada, isso significa mais a inflação. A taxação encarece produtos, componentes, tem um efeito difícil de dimensionar num primeiro momento. Mas ainda há outra questão, como o Brasil já tem tarifas muito altas, não há mais o que elevar. Para se ter uma ideia, o governo Donald Trump está falando em taxar com 25% todos os carros importados que chegam ao território americano, o Brasil já tem uma tarifa de 35% há anos. Então, como vai responder?

É preciso ver que tipo de produto o Brasil vai elevar a tarifa, se ele for reagir assim na mesma moeda. E tem essa dificuldade, gera inflação interna e o Brasil já tem tarifas muito altas.

Para o governo americano, as contradições estão ficando cada vez mais agudas. Trump está desorganizando o cenário da economia americana, porque quando ele eleva a tarifa de importação de carros em geral, vendidos em qualquer parte do mundo, para 25%, está querendo encarecer o veículo importado para favorecer o automóvel americano. Vamos imaginar que essa estratégia dê certo, imaginar que não haja uma integração entre as cadeias produtivas e que aumente a demanda por carros “genuinamente americanos”. Se isso acontecer a indústria dos EUA vai precisar de mais aço, só que ele também aumentou a tarifa sobre aço, assim como sobre todos os outros insumos e componentes necessários para a fabricação do carro.

Donald Trump criou uma situação impossível, pois mesmo que dê certo e alcance a sua meta de aumentar a demanda por carros americanos, as fábricas sediadas nos EUA terão dificuldade de se abastecerem com os insumos e componente importados necessários para fazer o veículo. Isso explica a razão das ações das montadoras americanas terem caído após o anúncio da taxação.

O presidente Lula disse que vai recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas americanas, mas isso não deve ter muita eficácia. A OMC vem sendo enfraquecida há muito tempo pelos governos americanos e hoje não tem força, nem capacidade decisória. Diga-se de passagem, o governo Joe Biden não ajudou nisso, não desfez o que o Trump 1 tinha feito para o enfraquecimento dessa agência multilateral. O multilateralismo está em crise. Lula pode ir à OMC, mas a organização não terá poder para reverter nada. E a estratégia de retaliação é uma medida complicada para o Brasil pelos motivos que já expliquei. O fato é que não está fácil saber como lidar com o presidente americano.

[Fonte Original]

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