O recuo da informalidade ajuda a explicar o aumento do rendimento médio dos trabalhadores brasileiros no trimestre encerrado em fevereiro, ante o trimestre imediatamente anterior, na avaliação da gerente das pesquisas por amostra de domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Adriana Beringuy.
A renda média dos trabalhadores cresceu 1,3% no período e atingiu R$ 3.378, o maior valor desde 2012. Ao mesmo tempo, quase 95% da queda de pessoal ocupado veio do setor informal, que tradicionalmente tem rendimentos menores.
“Esse recuo da informalidade pode contribuir para que a média do rendimento seja maior. Com menos informais, há maior proporção de trabalhadores formais, que tendem a rendimento maior”, afirmou ela.
A atividade com maior queda absoluta no número de pessoas ocupadas (-468 mil) foi a de administração pública (defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais). Nesse grupo, o recuo foi concentrado no segmento que tem os menores rendimentos, que é o daqueles sem carteira de trabalho assinada, em geral trabalhadores empregados através de contratos de designação temporária.
De acordo com Beringuy, a menor participação do setor informal na composição da população ocupada como um todo é a principal explicação para o comportamento da renda, mas outros fatores também podem contribuir.
O reajuste do salário mínimo – que entrou no pagamento de fevereiro – está nessa lista, segundo ela, não só por causa dos trabalhadores formais, mas também por ser uma referência para o rendimento do setor informal. Além disso, pode haver impacto do aquecimento da economia, com maior demanda por trabalhadores, o que pressiona a remuneração para cima.