Crédito, Reuters
- Author, Rachel Hagan
- Role, BBC News
Grandes ataques aéreos israelenses foram registrados na Faixa de Gaza, ao mesmo tempo em que o ministro da Defesa de Israel anunciou a expansão da ofensiva com o objetivo de tomar grandes áreas do território palestino — incorporando-as ao que ele descreveu como “zonas de segurança”.
Israel Katz disse que a operação ampliada visa “destruir e limpar a área de terroristas e infraestrutura terrorista” e exigiria uma evacuação em grande escala dos palestinos.
Mais tarde, pelo menos 19 palestinos, incluindo nove crianças, foram mortos em um ataque a uma clínica da ONU que abrigava famílias deslocadas na cidade de Jabalia, no norte do país, segundo um hospital indonésio localizado nas proximidades.
Os militares israelenses disseram que tinham como alvo “terroristas do Hamas” escondidos lá.
Ataques noturnos em Gaza mataram pelo menos mais 20 pessoas, de acordo com hospitais locais.
A Defesa Civil disse que seus socorristas recuperaram os corpos de 12 pessoas, incluindo crianças e mulheres, de uma casa na área sul de Khan Younis.
Rida al-Jabbour disse que uma vizinha e seu bebê de três meses estavam entre os mortos.
“Desde o momento do ataque, não conseguimos mais sentar ou dormir nem nada”, disse ela à agência de notícias Reuters.
O Exército de Israel afirmou estar analisando os relatórios sobre o ataque antes de prestar esclarecimentos.
A Defesa Civil disse que o ataque em Jabalia nesta quarta-feira (2/4) atingiu dois quartos em uma clínica administrada pela agência da ONU para refugiados palestinos (Unrwa, na sigla em inglês) que estava sendo usada como abrigo.
Um vídeo verificado pela BBC mostra dezenas de pessoas e ambulâncias correndo para o prédio. Fumaça foi vista saindo de uma ala onde dois andares pareciam ter desabado.
Os militares israelenses disseram em um comunicado que atacaram agentes do Hamas que estavam “escondidos dentro de um centro de comando e controle que estava sendo usado para coordenar atividades terroristas e servia como ponto de encontro central”.
“Antes do ataque, várias medidas foram tomadas para mitigar o risco de ferir civis, incluindo o uso de vigilância aérea e inteligência adicional”, diz a nota.
Uma porta-voz da Unrwa afirmou à Associated Press que um dos prédios da agência foi atingido, mas que ela não tinha mais detalhes sobre vítimas ou como o prédio estava sendo usado.
Também houve relatos de extensos ataques aéreos e bombardeios israelenses ao longo da fronteira com o Egito durante a noite. Há ainda uma sensação crescente de que uma nova grande ofensiva terrestre israelense está se aproximando em Gaza.
A Rádio do Exército de Israel disse na quarta-feira que tanques e forças terrestres israelenses começaram a avançar para as partes central e oriental da cidade de Rafah, no extremo sul.
Nesta semana, os militares de Israel ordenaram que cerca de 140.000 pessoas em Rafah deixassem suas casas e emitiram novas ordens de evacuação para partes do norte de Gaza.

‘Horrorizados’
Israel já expandiu significativamente uma zona tampão ao redor da orla de Gaza ao longo da guerra e assumiu o controle de um corredor de terra que corta seu centro.
Israel lançou sua nova ofensiva em Gaza em 18 de março, culpando o Hamas por rejeitar uma nova proposta dos EUA de estender o cessar-fogo e libertar os 59 reféns ainda mantidos em cativeiro em Gaza.
O Hamas, por sua vez, acusou Israel de violar o acordo original com o qual haviam concordado em janeiro.
O Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas em Israel, que representa muitos parentes de reféns, disse que eles ficaram “horrorizados ao acordar” com a notícia da expansão da operação militar.
O grupo instou o governo israelense a priorizar a libertação de todos os reféns ainda mantidos em Gaza.
Em sua declaração anunciando planos para tomar mais território, Katz também exortou os habitantes de Gaza a agirem para remover o Hamas e libertar os reféns israelenses restantes, sem sugerir como deveriam fazer isso.
A situação humanitária em Gaza piorou dramaticamente nas últimas semanas, com Israel se recusando a permitir a entrada de ajuda na Faixa de Gaza desde 2 de março — o bloqueio de ajuda mais longo desde o início da guerra.
No mês passado, a ONU anunciou que estava reduzindo suas operações em Gaza, um dia depois que oito médicos palestinos, seis socorristas da Defesa Civil e um funcionário da ONU foram mortos pelas forças israelenses no sul de Gaza.
Os militares israelenses lançaram uma campanha para destruir o Hamas em resposta a um ataque transfronteiriço sem precedentes em 7 de outubro de 2023, no qual cerca de 1.200 pessoas foram mortas e 251 foram feitas reféns.
Mais de 50.399 pessoas foram mortas em Gaza durante a guerra que se seguiu, de acordo com o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas.