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sábado, abril 26, 2025

Influenciadores digitais são ‘nova ameaça’ para tribos isoladas, alerta ONG após prisão de americano na Índia

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Influenciadores de mídia social representam uma “nova e crescente ameaça” para povos indígenas isolados, alertou a ONG Survival International, que defende os direitos dos povos tribais, após a prisão de um turista americano que desembarcou ilegalmente na Ilha Sentinela do Norte, no Oceano Índico, habitada pela tribo mais isolada do mundo. Mykhailo Viktorovych Polyakov, de 24 anos, filmou sua visita e deixou uma lata de Coca-Cola e um coco na areia da ilha, o que a ONG classificou como “profundamente perturbador”.

Polyakov viajou até a ilha habitada pelos Sentineleses, a tribo mais isolada do planeta, e permaneceu por cerca de cinco minutos no local. De acordo com a polícia indiana, ele assobiou por aproximadamente uma hora para chamar a atenção dos indígenas, antes de coletar amostras e gravar imagens com uma câmera GoPro.

— Uma análise das imagens de sua câmera GoPro mostrou sua entrada e pouso na restrita Ilha Sentinela do Norte — afirmou o chefe de polícia das Ilhas Andaman e Nicobar, HGS Dhaliwal, à AFP.

Segundo a legislação indiana, é ilegal que qualquer pessoa, seja estrangeira ou local, se aproxime a menos de cinco quilômetros da ilha. A polícia indiana informou que Polyakov foi preso na quinta-feira após ser apresentado a um tribunal local e ficará sob custódia por três dias para novos interrogatórios.

Jonathan Mazower, porta-voz da Survival International, disse à BBC que o episódio é um exemplo preocupante do papel das redes sociais na ampliação das ameaças contra povos indígenas isolados.

— Além de todas as ameaças um pouco mais estabelecidas a esses povos — de coisas como extração de madeira e mineração na Amazônia, onde vive a maioria dos povos isolados —, agora há um número crescente de influenciadores que estão tentando fazer esse tipo de coisa para os seguidores — afirmou Mazower. — Há um fascínio crescente nas mídias sociais por toda essa ideia.

A ONG classificou o episódio como “profundamente perturbador” e reforçou que os Sentineleses deixaram claro, ao longo dos anos, seu desejo de evitar visitantes de fora. “Tais visitas representam uma ameaça a uma comunidade que não tem imunidade a doenças externas”, alertou a entidade.

Esta não foi a primeira tentativa do americano: ele já havia tentado se aproximar da ilha em pelo menos duas outras ocasiões, incluindo uma em outubro de 2024, quando foi impedido por funcionários de um hotel ao tentar alcançar a ilha com um caiaque inflável.

De acordo com a BBC, acredita-se que a tribo tenha cerca de 150 a 200 membros, embora o número exato seja desconhecido. Eles vivem como caçadores-coletores, em pequenos assentamentos, e resistem há séculos a qualquer tentativa de contato externo.

O caso de Polyakov lembra o episódio ocorrido em 2018, quando John Allen Chau, também americano, foi morto a flechadas após tentar se aproximar dos nativos na mesma ilha. Seu corpo não foi recuperado e nenhuma investigação foi aberta sobre a denúncia de sua morte, já que a lei indiana proíbe qualquer pessoa de se aproximar de Sentinela do Norte.

— Esse incidente destacou por que as proteções governamentais para comunidades como os Sentinelese são tão importantes — concluiu Mazower.

[Fonte Original]

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