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terça-feira, abril 29, 2025

Ibovespa derrete com fuga global de risco e perde R$ 106 bi em valor de mercado

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Depois de apresentar certa resiliência na sessão de ontem, a nova rodada de fuga de ativos de risco ao redor do mundo atingiu em cheio o Ibovespa, que derreteu 2,96%, aos 127.256 pontos, nesta sexta-feira. A queda registrada hoje foi a pior desde 18 de dezembro de 2024, quando a principal referência da bolsa local recuou 3,15%. Ao longo do dia, o índice oscilou entre os 126.466 pontos e os 131.139 pontos.

Com o tombo de hoje, dados preliminares calculados pelo Valor Data mostram que o índice perdeu R$ 106,1 bilhões em valor de mercado. Já no acumulado da semana, o montante perdido chega a R$ 128,3 bilhões. No acumulado da semana, o Ibovespa recuou 3,52%.

Investidores acionaram o botão de cautela depois que a China anunciou tarifas retaliatórias de 34% sobre produtos importados americanos, o que intensificou temores de uma desaceleração mundial e voltou a afetar os preços de commodities.

Na visão do diretor de renda fixa e crédito da Rio Bravo Investimentos, Evandro Buccini, a retaliação feita pela China reforça a visão de que o “pior cenário parece se desenhar”. “Todo mundo subindo tarifas contra todo mundo e retaliando. Todo mundo tende a perder, como mostra a teoria dos jogos.”

Para Buccini, da Rio Bravo, retaliação chinesa reforça visão de que ‘pior cenário parece se desenhar’ — Foto: Silvia Zamboni/Valor

As preocupações com a perda de força da economia global afetaram diretamente as ações de commodities. Pelo segundo pregão seguido, as ações da Vale e da Petrobras sofreram duras perdas. As PN da petroleira caíram 4,03%, enquanto as ON cederam 4,19%, em mais um dia em que os contratos futuros de petróleo despencaram mais de 7%. Em apenas dois pregões, a companhia perdeu R$ 37,4 bilhões em valor de mercado, com o montante encerrando em R$ 469,0 bilhões na sessão de hoje.

O gestor de commodities da Legacy Capital, Ricardo Kazan, destaca que a forte queda do petróleo foi provocada pelas tarifas elevadas colocadas pelos EUA sobre grandes exportadores, como a China e outros países asiáticos, o que tende a reforçar a visão de que o crescimento global será menor. Ele também cita que, na véspera, oito países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep+) concordaram em aumentar a produção bem acima do que o cartel tinha sinalizado anteriormente, o que vai trazer mais um desequilíbrio entre a oferta e a demanda.

Ricardo Kazan, da Legacy: tombo do petróleo reflete tarifas dos EUA e visão de que crescimento global será menor — Foto: Leo Pinheiro/Valor
Ricardo Kazan, da Legacy: tombo do petróleo reflete tarifas dos EUA e visão de que crescimento global será menor — Foto: Leo Pinheiro/Valor

O executivo da Legacy, porém, afirma que há dois fatores que precisam ser monitorados de perto para entender para onde os preços do petróleo podem ir. Segundo ele, a commodity parece ter atingido o “máximo de estresse” com a retaliação anunciada na madrugada pela China. “Os preços estão bem esticados para o lado pessimista. Se tiver um anúncio dos EUA de que eles irão se sentar para negociar, o mercado pode aliviar.”

Outro detalhe envolve uma possível intensificação de conflitos geopolíticos. “O Trump já ameaçou que poderá atacar o Irã se eles não se sentarem para conversar”. Diante de um ambiente em que há pouca clareza sobre a direção dos preços, Kazan diz que zerou a posição vendida diretamente em petróleo que a casa detinha.

Já os papéis da mineradora contraíram 3,99%. Com isso, o valor de mercado da Vale chegou a R$ 238,8 bilhões, montante não visto desde janeiro deste ano. Embora os temores comerciais persistam, a Tarraco Commodites Solutions mantém uma visão positiva para players expostos ao minério de maior teor de ferro (65%), como a Vale, que se beneficiam da melhora das margens e da redução dos estoques.

Em relatório publicado ontem, o BTG Pactual afirma que a taxa de 10% imposta ao Brasil pelos Estados Unidos é um cenário menos adverso do que inicialmente previsto. No entanto, os analistas da casa apontam que o Brasil pode enfrentar riscos adicionais com a escalada comercial entre EUA e China, devido à forte dependência das exportações para o gigante asiático.

“Uma intensificação das tensões comerciais entre EUA e China poderia resultar em uma desaceleração mais acentuada da economia chinesa, reduzindo a demanda por produtos brasileiros e os preços internacionais de commodities, o que reduziria a vantagem relativa que o Brasil poderia obter nesse novo contexto”, completa.

Entre as maiores quedas do Ibovespa na sessão ficaram os papéis da Brava, que caíram 12,92%. Já na ponta contrária, as ações do Carrefour foram umas das poucas a fechar no positivo, com uma alta de 10,77%. Ontem, a varejista atualizou as condições para a deslistagem das ações na bolsa brasileira, por meio da recompra ou da troca de todos os papéis pelo grupo controlador francês Carrefour.

O volume financeiro do índice na sessão foi bem mais elevado do que a média diária vista neste ano e ficou em R$ 23,2 bilhões. Já na B3, o giro financeiro bateu R$ 31,7 bilhões. Em Wall Street, a sangria foi ainda maior: o S&P 500 caiu 5,97%; o Nasdaq tombou 5,82%; e o Dow Jones teve queda de 5,50%.

[Fonte Original]

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