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sábado, abril 26, 2025

Esvaziamento do Prouni revela que modelo do programa está esgotado

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Depois de duas décadas, há sinais evidentes de que são necessárias mudanças no Programa Universidade para Todos (Prouni) — porta de acesso ao ensino superior para estudantes de baixa renda. No ano passado, das 651.546 vagas abertas, apenas 170.911 (26%) foram preenchidas, como mostrou série de reportagens do GLOBO. Em 2006, a situação era bem diferente: somente 21,4% ficaram ociosas, segundo o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp).

Uma das explicações para o desencontro é a oferta exagerada de vagas em cursos de baixo interesse para os estudantes. Outro problema é a divulgação deficiente junto ao público-alvo. “Seria importante o Estado fazer uma busca ativa desses jovens mais vulneráveis, que estão no CadÚnico e cursam a reta final do ensino médio”, diz Paulo Meyer Nascimento, pesquisador de ensino superior do Ipea. Mudanças na distribuição de vagas remanescentes também têm contribuído para a baixa procura.

O ministro da Educação, Camilo Santana, alega que muitos jovens desistem de ingressar no ensino superior, sobretudo por precisar trabalhar assim que completam a educação básica, ou mesmo antes. Para ele, o programa Pé-de-Meia, que incentiva a permanência de estudantes de baixa renda em sala de aula e a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ao fim do terceiro ano, pode reverter o quadro. É verdade que a realidade do país impõe escolhas aos jovens, mas essa situação não surgiu agora e, no início do Prouni, não impedia que as vagas fossem preenchidas. Não é certo também que o Pé-de-Meia, divulgado maciçamente pela propaganda governamental, vá consertar os problemas.

Outro dado que chama a atenção é a multiplicação de bolsas no ensino à distância (EaD). Em 2009, elas representavam 8%, com 26 mil matriculados. Em 2023, eram 31%, com mais de 124 mil. Esse modelo se mostra atraente para alunos que tentam conciliar estudo e trabalho, mas o próprio MEC se diz preocupado com a qualidade do ensino. No ano passado, proibiu a abertura de novos cursos na modalidade até a regulação do setor.

Iniciado em 2005, o Prouni troca isenção fiscal de instituições privadas por bolsas de estudos para alunos de baixa renda. Entre 2005 e 2024, beneficiou 3,4 milhões de estudantes, a maioria (2,5 milhões) com bolsas integrais, os demais com 50%. O que é um bom negócio para as faculdades, porém, pode não ser para os alunos. O Brasil de 2025 não é o mesmo do de 2005. As aspirações dos jovens mudaram, a tecnologia deu um salto, a sociedade se transformou. Um programa desenhado para aquela época precisa ser adaptado aos tempos atuais, diante das novas demandas e da dinâmica do mercado. Há que preservar o aspecto positivo, como a baixa evasão dos participantes, e corrigir o que não tem dado certo. Se há mais vagas que interessados, algo não está funcionando.

[Fonte Original]

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