E, novamente, estamos aqui para lamentar o que Luca Barbieri (sob argumento de Steve Behling) fez com os personagens da Disney, em mais uma sequência de HQs que os coloca como heróis da Marvel. Depois da edição desses personagens vestindo o manto do Quarteto Fantástico, era natural que tivéssemos um outro importante time disneyficado da Casa das Ideias, e não deu outra: O Que Aconteceria Se… Mickey & Amigos se Tornassem os Vingadores? (2025) traz os “maiores heróis da Terra” em sua primeira aventura juntos, após um bobalhão Pateta-Hulk ser manipulado pelo Gastão-Loki para roubar o bolo do centenário de Patópolis.
A premissa de fundir esses universos tão distintos é, como sempre, muito promissora, mas o encanto logo se perde quando vemos que o roteiro não faz nenhum esforço para que a história seja, até mesmo para uma faixa etária bem baixa, minimamente inteligente. O time formado por Donald-Thor, Mickey-de-Ferro, Minnie-Vespa, Margarida-Sif, Pateta-Hulk e Pluto-Formiga é apenas uma caricatura boba que brinca com um evento cotidiano e traz a surpresa da reunião desses heróis pela primeira vez, deixando claro para o leitor que esta é a história de origem do grupo. Quando isso é estabelecido, porém, o que há para se aproveitar? Bem pouco, infelizmente. Personagens dessa importância, num universo Disney, mesmo que em enredos infantis, poderiam fazer coisas incríveis, especialmente porque estamos falando de quadrinhos! Mas as poucas coisas realmente boas da revista passam rápido demais e nos deixam em plena frustração… bem… com exceção de uma: a arte de Alessandro Pastrovicchio.
Pelo menos no terreno visual, esse what if… merece aplausos. E dou destaque absoluto para as representações de Asgard, tanto nas cores quanto em desenhos. Gosto muito do estilo imponente do Gastão-Loki e do Patinhas-Odin; das criações mitológicas, como a Ponte do Arco-Íris, o palácio de Odin, a Ilha do Silêncio, as montanhas mágicas… Até mesmo na chatíssima Midgard, as coisas funcionam bem em termos visuais, embora não com tanto vigor quanto em Asgard. A reunião, os movimentos e as expressões dos personagens são condizentes com aquilo que esperamos nesse tipo de aventura, mas com um charme artístico e colorização tão bonitos que, em breves momentos, nos esquecemos que o fiapo de história que sustenta a aventura se torna mais ralo a cada página.
Não existe nada de diferente aqui, em relação às histórias que a Marvel já entregou nessa mistura com os personagens da Disney. E tornou-se praxe o estrago de uma premissa que tinha tudo para dar certo, somada à opção de jogar com diálogos rasos ou vergonhosos; com situações que não avançam — começam imensamente básicas e seguem assim até o final — e conflitos que se fecham em gracinhas isoladas, com piadas ultrapassadas e resoluções mal encaixadas. A arte se salva, ainda bem. E há, em Asgard, os únicos bons momentos sequenciais da revista. Mas tudo fica por aí mesmo. A Marvel não cansa de fazer crossover ruim?
Marvel & Disney: What If…? Mickey & Friends Became the Avengers (EUA, 5 de março de 2025)
Código da história: M WIF5 1
Roteiro: Steve Behling, Luca Barbieri
Arte: Alessandro Pastrovicchio
Cores: Lucio Ruvidotti
Letras: Laura Tartaglia
Capa: Alessandro Pastrovicchio, Lucio Ruvidotti
Editoria: C.B. Cebulski
32 páginas