Em meio ao novo cenário global de tarifas comerciais, um dos poucos impactos previsíveis é que o comércio entre Brasil e China vai se expandir ainda mais. As novas oportunidades de negócios que devem se abrir entre os dois países são foco dos debates do “Summit Valor Econômico Brazil-China 2025”, que reunirá autoridades, especialistas e empresários brasileiros e chineses em Xangai na próxima semana, entre os dias 23 e 25.
Promovido pelo Valor com a parceria de organização do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e da Caixin Media, o evento vai colocar em foco temas como agronegócio, minério, indústria automobilística, cidades inteligentes, tecnologia, inteligência artificial e energia renovável. Além dos painéis de discussão, que acontecerão no hotel Mandarin Oriental Shanghai com autoridades, especialistas e executivos dos dois países, a delegação brasileira terá ainda no cardápio de atividades dois dias de visitas a instituições de negócios, universidades, empresas e startups, para uma imersão in loco na cultura e no ecossistema de inovação chinesa.
Desde 2009, a China é o maior parceiro comercial do Brasil. Em 2024, a corrente de negócios entre os dois países somou US$ 158 bilhões – com um saldo favorável ao Brasil de aproximadamente US$ 31 bilhões. Apesar de a China já ter com o Brasil uma corrente comercial superior à que tem com países como Índia, Indonésia, França e Reino Unido, há um grande potencial para avançar e bater novos recordes. A possibilidade de as relações entre os dois países atingirem um patamar mais elevado é bem ilustrada pelo fato de que, no mês que vem, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping vão se reunir pela terceira vez em apenas dois anos.
De todos os segmentos da economia brasileira, o agronegócio é o que conta com as melhores perspectivas no momento. As vendas de produtos agropecuários à China chegaram a US$ 49,7 bilhões em 2024 e agora, como resultado da guerra tarifária iniciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, as discussões em Xangai dedicadas ao setor abordarão as expectativas de um salto para as exportações brasileiras de soja, milho, carnes bovinas e suínas e de aves. Para além das commodities, a ApexBrasil identifica que produtos como aço, máquinas, equipamentos e medicamentos têm condições de conquistar espaço no país asiático.
Sede do evento, Xangai oferecerá aos participantes a chance de contato com muitas das novas tecnologias que caracterizam as cidades inteligentes. Entre os exemplos da integração de tecnologias digitais com os serviços públicos e a infraestrutura e o planejamento urbanos, destacam-se o chamado “cérebro da cidade” – que reúne e analisa dados colhidos em tempo real para controle do tráfego e transporte público, e gerenciamento de emergências -, ônibus e táxis autônomos, o sistema de acesso ao metrô com reconhecimento facial, monitoramento instantâneo da qualidade do ar e edifícios com uso otimizado de energia.
O primeiro painel terá como tópico “Cidades Inteligentes: Tecnologia e Inovação, Exemplo para o Mundo”. Em seguida, virão “Dinâmicas Econômicas da China: Insights Estratégicos para as Indústrias de Mineração e Aço do Brasil”, “Transição Energética: Os Desafios da Energia Renovável”, “O Papel da China no Crescimento do Agronegócio Brasileiro”, “Investir no Brasil”, “Construindo Pontes de Cooperação Financeira para Alavancar o Crescimento Sustentável” e “Reinventando a Indústria Automotiva: A Aceleração dos Veículos Elétricos”.
Painéis de debates terão acadêmicos dos dois países e executivos de grandes empresas
Entre os participantes estarão autoridades brasileiras, como o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira; o governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro; o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes; a presidente do Banco dos Brics, Dilma Rousseff; o embaixador do Brasil na China, Marcos Galvão; e o diretor de planejamento do BNDES, Nelson Barbosa; além do conselheiro consultivo internacional do Cebri e ex-embaixador do Brasil na China Marcos Caramuru. Da parte da China, nomes como a presidente da Caixin Media, Zhang Lihui; e o vice-presidente da Associação do Povo Chinês para a Amizade com Países Estrangeiros (CPAFFC), Shen Xin.
Os painéis de debates contarão também com a presença de acadêmicos dos dois países e executivos de grandes empresas, como BRF, Suzano, Vale, Sigma Lithium, Portos do Paraná, BYD, Huawei, CMOC, State Grid, China Three Gorges, Power China International Group, Spic, Changrong Group, Cofco Group, Mengniu Dairy, Citic Group, Longping Hightech; além de órgãos oficiais e associações como Sistema CNA Senar, Apex Brasil, Invest São Paulo, Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos, Câmara Brasil-China, Ministério da Ecologia e Meio Ambiente da China, Banco da China, Conselho de Administração de Bancos e de Fintechs da Província de Zhejiang, WRI China, Câmara de Comércio da China para Metais, Minerais e Produtos Químicos, CIFF, Associação Chinesa de Carne, China EV100 e Instituto de Finanças e Sustentabilidade da China.
A participação expressiva de multinacionais chinesas reflete o fato de que, desde a crise financeira global de 2008, a nação asiática vem aumentando seus investimentos no Brasil – atualmente é o nono maior investidor no país, com estoque de Investimento Estrangeiro Direto (IED) de US$ 45,3 bilhões em 2023.
O “Summit Valor Econômico Brazil-China 2025” faz parte de uma ampla programação para marcar os 25 anos do jornal, a serem completados no próximo dia 2. A iniciativa também é resultado do lançamento de uma nova frente de atuação do Valor, com o objetivo de aumentar sua presença internacional por meio da promoção de debates no exterior, sempre com painelistas do Brasil e do país anfitrião. A série começou em janeiro do ano passado com o “Brazil China Meeting”, em Shenzhen. O summit de Xangai será disponibilizado em vídeo e terá cobertura completa no site e nas redes sociais do Valor.