O mercado de criptomoedas ainda está reciclando narrativas antigas, com poucas novas tendências surgindo para substituir os temas dominantes no primeiro trimestre de 2025.
Tokens de inteligência artificial e memecoins foram as principais narrativas do setor no período, representando 62,8% do interesse dos investidores, segundo relatório trimestral da CoinGecko. Os tokens de IA concentraram 35,7% do interesse global, superando a participação de 27,1% das memecoins, que ficaram em segundo lugar.
Entre as 20 principais narrativas cripto do trimestre, seis eram categorias de memecoins e cinco estavam relacionadas à inteligência artificial.
“Aparentemente, ainda não vimos uma nova narrativa surgir, e continuamos seguindo as tendências dos trimestres anteriores”, afirmou Bobby Ong, cofundador e diretor de operações da CoinGecko, em uma publicação no X em 17/04. “Acho que todos estamos cansados de ver as mesmas tendências se repetindo.”
O interesse por memecoins teve um forte aumento antes da posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em 20/01, após sua equipe lançar a memecoin Official Trump (TRUMP) em 18/01 e o token Official Melania (MELANIA) em 19/01, ambos na rede Solana.
No entanto, alguns observadores do setor estão preocupados com o fato de que as memecoins estão drenando capital de tokens utilitários, como Solana (SOL), limitando seu potencial de valorização.
O SOL caiu cerca de 48% nos últimos três meses desde a posse de Trump, quando chegou brevemente a superar US$ 270, segundo dados do TradingView.
Memecoins “despencaram” após fiasco da Libra
O setor cripto sofreu um novo abalo com o colapso do token Libra (LIBRA), uma memecoin apoiada pelo presidente da Argentina, Javier Milei, que perdeu US$ 4 bilhões em valor de mercado em poucas horas, após insiders supostamente retirarem mais de US$ 107 milhões em liquidez, provocando uma queda de 94% no preço.
As memecoins “despencaram” após o escândalo da Libra, já que o número de novos tokens lançados na plataforma Pump.fun da Solana teve uma queda drástica, aponta o relatório, que acrescenta:
“O número diário de tokens lançados caiu mais de 56,3% desde o pico em janeiro, chegando a 31 mil no fim do 1º trimestre de 2025. A porcentagem de tokens ‘graduados’ também caiu drasticamente para 0,7%, em comparação com 1,4% em janeiro de 2025.”
Embora o escândalo da Libra tenha marcado o fim da tendência das “memecoins políticas”, os traders mais lucrativos do setor ainda estão em busca de investimentos especulativos em memecoins, apesar do fim do superciclo dessas memecoins.
“Houve um recente impulso nas memecoins, e o smart money está sempre pronto para lucrar com isso”, disse Nicolai Sondergaard, analista de pesquisa da Nansen, ao Cointelegraph, acrescentando que as memecoins podem ser apenas uma “diversão” para investidores mais estratégicos, já que não são impactadas pelas mesmas preocupações macroeconômicas que o Bitcoin (BTC) e o Ether (ETH).
No fim de março, um trader experiente transformou um investimento inicial de apenas US$ 2.000 em US$ 43 milhões com a popular memecoin Pepe (PEPE), mas perdeu o momento de vender no topo, encerrando com um lucro realizado de mais de US$ 10 milhões, apesar da queda superior a 70% no preço do Pepe.