Três semanas após o presidente dos EUA, Donald Trump, efetivamente declarar uma guerra comercial ao mundo inteiro, novas previsões e pesquisas econômicas mostrarão as consequências iniciais das medidas. A poucos quarteirões da Casa Branca, o Fundo Monetário Internacional (FMI) deve reduzir sua estimativa de crescimento econômico em novas projeções que serão divulgadas na terça-feira.
No dia seguinte, os índices de gerentes de compras do Japão à Europa e aos EUA oferecerão o primeiro vislumbre coordenado da atividade industrial e de serviços desde que as tarifas globais de Trump — agora parcialmente suspensas — foram lançadas em 2 de abril. Pesquisas empresariais das principais economias também estão no calendário.
O cenário combinado deve oferecer aos ministros das finanças e banqueiros centrais reunidos em Washington uma chance de fazer avaliações iniciais dos danos à tentativa de Trump de reformular o sistema de comércio global.
“Nossas novas projeções de crescimento incluirão reduções significativas, mas não recessão”, disse a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, na última quinta-feira. “Também veremos aumentos nas previsões de inflação para alguns países. Alertaremos que a incerteza elevada e prolongada aumenta o risco de estresse no mercado financeiro.”
“As projeções do FMI tendem a apresentar um viés otimista durante crises potencialmente disruptivas. Nas quatro grandes crises que estudamos, a avaliação inicial do fundo sobre o impacto imediato no crescimento global o subestimou em 0,5 ponto percentual. Por mais que o FMI possa rebaixar as previsões de crescimento inicialmente, a história sugere que o golpe final será pior”, afirmam Alex Isakov e Adriana Dupita, da Bloomberg Economics.
É improvável que essas nuvens que envolvem a economia global se dissipem por um tempo. O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, disse na quarta-feira que o banco central dos EUA está “bem posicionado para aguardar por maior clareza” antes de considerar mudanças na política monetária, enquanto a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, não soube dizer se a incerteza atingiu o pico.
Enquanto isso, Georgieva espera que os próximos dias, quando vai acontecer a reunião dos chefes de finanças do G20, possam diminuir a temperatura nas relações comerciais globais.
“Precisamos de uma economia mundial mais resiliente, não de uma que deriva rumo à divisão”, disse ela. Os encontros em Washington “oferecem um fórum vital para o diálogo em um momento crucial”.
Nos EUA, os investidores estarão atentos a qualquer deterioração adicional no sentimento do consumidor e nas expectativas de inflação quando a Universidade de Michigan divulgar os dados revisados de abril na sexta-feira. As tarifas e o risco que elas representam para a economia e a inflação têm preocupado os analistas nos últimos meses.
Na quarta-feira, o Livro Bege do Fed oferecerá relatos sobre as condições econômicas regionais e dará uma ideia de quanto as políticas governamentais e a incerteza estão afetando as decisões empresariais.
O governo deve divulgar, também na quarta-feira, um aumento marginal nas vendas de imóveis novos em março. Com as taxas de juros hipotecários praticamente estagnadas acima de 6,5% desde outubro, as construtoras têm buscado incentivos para tirar os compradores da inadimplência. Os dados de revenda de imóveis serão divulgados na quinta-feira.
Um relatório sobre pedidos de bens duráveis de março no mesmo dia ajudará a fornecer pistas sobre a demanda empresarial por equipamentos.
- Carlos Primo Braga: ‘As pessoas passaram a ter dúvidas sobre o dólar’
No Canadá, a campanha eleitoral entra em sua última semana, com pesquisas sugerindo que os liberais do primeiro-ministro Mark Carney estão cerca de cinco pontos à frente — colocando-os ao alcance de um governo majoritário em meio a uma guerra comercial volátil com os EUA.
Um dos principais arquitetos da resposta do Canadá às tarifas americanas, o negociador comercial Steve Verheul, discursará em uma conferência em Toronto. Dados do varejo de fevereiro e uma estimativa preliminar para março revelarão se os consumidores canadenses reduziram seus gastos pelo terceiro mês consecutivo em meio à incerteza comercial.
O México, também fortemente atingido pelas tarifas de Trump, relatórios de atividade econômica de fevereiro e de preços ao consumidor de meados do mês serão divulgados. O dado negativo do PIB de janeiro coloca a economia do México no caminho para uma segunda contração trimestral consecutiva — atendendo à definição de recessão técnica.
Na Ásia, a semana começa com a China divulgando as taxas preferenciais de empréstimos na segunda-feira; economistas preveem um resultado estável. Dados recentes mostraram crescimento acima das previsões.
Veja fotos do ex-presidente Donald Trump na corrida eleitoral dos Estados Unidos

Donald Trump fala durante comício de campanha no McCamish Pavilion em Atlanta, Geórgia — Foto: CHRISTIAN MONTERROSA / AFP


O então candidato republicano, Donald Trump, durante debate presidencial com a candidata democrata, Hillary Clinton, em 2016 — Foto: AFP
Publicidade


Apoiadores do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegam ao evento de campanha do candidato em Michigan — Foto: ROBERTO SCHMIDT / AFP

Apoiadores de Trump esperam chegada do ex-presidente em comício no Estado de Nova York — Foto: Michael M. Santiago/Getty Images/AFP
Publicidade

Ex-presidente dos EUA e candidato à Presidência Donald Trump faz discurso no Wisconsin — Foto: Chip Somodevilla/Getty Images/AFP

Trump anda em caminhão do lixo em Wisconsin, em sátira a fala de Biden sobre eleitores republicanos — Foto: Chip Somodevilla/Getty Images/AFP
Publicidade

O ex-presidente e candidato republicano Donald Trump sobe ao palco durante um comício de campanha na Georgia Tech em Atlanta, em 28 de outubro de 2024 — Foto: Dustin Chambers/The New York Times

Musk entrega cheque de US$ 1 milhão a apoiadora de Trump durante comício em Pittsburgh, na Pensilvânia — Foto: Michael Swensen/Getty Images/AFP
Publicidade

Musk discursa durante evento a favor de Trump — Foto: Michael Swensen/Getty Images/AFP

Camisetas com a frase ‘Trump Capitão da Força’ são distribuídas em evento pró presidente em Atlanta — Foto: Elijah Nouvelage / AFP
Publicidade

Presidente Donald Trump durante campanha eleitoral em Albuquerque, Novo México — Foto: Getty Images via AFP

Trump em loja do McDonald’s na Pensilvânia — Foto: Win McNamee/Getty Images/AFP
Publicidade

Trump faz ligações para eleitores nos bastidores após uma aparição de campanha presidencial em Warren, Michigan — Foto: Doug Mills/The New York Times

A ex-primeira dama dos EUA, Melania Trump, e o ex-presidente e candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump — Foto: Mandel NGAN / AFP
Publicidade

O ex-presidente dos EUA Donald Trump durante pronunciamento à imprensa em evento de campanha — Foto: Jenna Schoenefeld/NYT
.
Também na segunda-feira, a Indonésia publica dados da balança comercial de março, que fornecerão um indicador da saúde do setor externo do país antes das tarifas de Trump entrarem em vigor, enquanto as Filipinas provavelmente registrarão outro superávit na balança de pagamentos em março.
Na terça-feira, a Nova Zelândia publica números comerciais de março, enquanto Taiwan e Hong Kong divulgam dados de emprego.
No dia seguinte, o banco central da Indonésia provavelmente manterá as taxas de juros pela terceira reunião consecutiva, em um esforço para dar suporte à rupia — uma das moedas com pior desempenho na Ásia neste ano.
- ‘Divórcio litigioso’: disputa entre EUA e China pode fazer história ao redesenhar economia global
No mesmo dia, os dados preliminares do PMI de abril para Austrália, Japão e Índia fornecerão uma visão antecipada de qualquer impacto nos setores de manufatura e serviços da guerra comercial liderada pelos EUA.
Malásia e Cingapura divulgam índice de inflação na quarta-feira, com dados de confiança do consumidor sul-coreano também previstos. E na terça-feira, o governo divulga estimativas antecipadas para o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre.
Na sexta-feira, o Japão vai informar o IPC de Tóquio, bem como as vendas de lojas de departamento, enquanto Cingapura mostrará como estão os preços de imóveis residenciais privados no primeiro trimestre e a produção industrial em março.
Durante a semana, Índia e Tailândia também divulgam reservas cambiais.
Na zona do euro, pesquisas sobre confiança do consumidor
Com feriado na segunda-feira na maior parte da Europa e a reunião de banqueiros centrais e as do FMI, a maior parte das atenções estará voltada para os Estados Unidos. Diversos formuladores de políticas estão presentes no evento, incluindo o do governador do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, na quarta-feira.
O foco principal na zona do euro serão os relatórios de pesquisas. A confiança do consumidor na região será divulgada na terça-feira, e o BCE publicará sua pesquisa com analistas profissionais no mesmo dia. Seu indicador de salários, previsto para quarta-feira, aponta para um crescimento salarial mais lento, disse Lagarde na semana passada, após cortar os juros.
Os investidores também podem prestar mais atenção aos PMIs divulgados, que oferecem o primeiro vislumbre da atividade na indústria e nos serviços desde que a investida tarifária dos EUA se intensificou no início de abril.
A pesquisa sobre confiança empresarial da Alemanha, muito aguardada, será divulgada na quinta-feira, mostrando como o sentimento das empresas reagiu às tensões comerciais e, em um tom mais positivo, ao acordo para um governo de coalizão federal. Índices semelhantes na França serão divulgados na sexta-feira. Os relatórios do PMI do Reino Unido também serão divulgados na quarta-feira, assim como os últimos números das finanças públicas de março. Os dados de vendas no varejo serão publicados na sexta-feira.
Após garantir um acordo de US$ 20 bilhões com o FMI , que inclui um pagamento inicial de US$ 12 bilhões, a Argentina divulga dados preliminares do PIB de fevereiro na terça-feira. Após passar por recessão pelo segundo ano em 2024, a segunda maior economia da América do Sul está passando por uma recuperação em forma de V e deve liderar o crescimento entre as grandes economias da região neste ano e no próximo.