Embora haja muito otimismo da comunidade cripto a respeito da reserva de Bitcoin dos EUA e de como isso pode impulsionar a adoção global do BTC por outras nações, o ex-congressista americano e piloto militar Adam Kinzinger levantou sérias preocupações se isso realmente beneficia o povo ou somente os investidores de Bitcoin.
Respondendo com exclusividade ao Cointelegraph Brasil, durante o US Election Hub da Saxo, ele destacou que tem sérias dúvidas se uma reserva de Bitcoin nos EUA irá realmente beneficiar o cidadão americano que não investe em cripto e como isso vai ocorrer.
“Quando falamos sobre a possibilidade de uma reserva de criptomoedas nos Estados Unidos, minha preocupação é: estamos fazendo isso porque realmente beneficia os EUA — e eu sinceramente não sei a resposta — ou estamos fazendo porque, para que quem investiu pesado em cripto continue vendo valorização, precisamos manter a entrada de novos investidores?”, disse.
Ainda segundo ele, usar Bitcoins apreendidos pelo governo pode ser uma boa ideia, pois eles já estão em posse do governo e não há custo para o contribuinte, no entanto, não há garantia de que o governo não irá usar dinheiro público para comprar mais e mais criptomoedas.
Se Bitcoin é só investimento, então é como o governo jogando Blackjack
Kinzinger argumenta que, dado o status atual e a volatilidade do mercado cripto, aparentemente isso soa apenas como o governo usando dinheiro público para impulsionar o preço e ajudar os investidores cripto a vender suas moedas com lucro.
“Uma das minhas preocupações com a ideia de torná-lo parte de uma reserva estratégica de moedas é: o que isso realmente significa? Vamos usar Bitcoin confiscado, por exemplo? Acho isso ótimo. Sem problema. Mas será que não acabaremos, no futuro, usando dinheiro do contribuinte americano para continuar investindo nessas criptomoedas, impulsionando seus preços para que outros possam vendê-las com lucro?”, afirmou.
Para Kinzinger se estamos falando do Bitcoin apenas como um veículo de investimento, então não faz sentido uma adoção institucional, pois seria apenas como o governo jogando Blackjack em um cassino.
“Porque, no fim das contas, se o contribuinte ficar com o prejuízo e quem tem dinheiro sair com lucro, isso é um grande problema. Essa é a minha preocupação. Acho que, como comunidade global, como investidores e como país, precisamos refletir com seriedade: o que realmente lastreia uma criptomoeda? Ela está sendo usada para aquilo que foi criada ou virou apenas um veículo de investimento? Porque, se for apenas um veículo de investimento, é como jogar blackjack no cassino”, destacou.
Apesar de suas preocupações com a reserva de Bitcoin dos EUA, Kinzinger destaca que o mesmo não vale para as iniciativas envolvendo stablecoins, que tem um lastro e podem inclusive superar o Bitcoin, como ocorre no Brasil onde 90% do mercado de criptomoedas é dominado por transações com stablecoins, segundo o Banco Central do Brasil.
“As stablecoins, para mim, são algo diferente. Pode ter mais valor real do que o Bitcoin ou as chamadas memecoins, justamente por ser lastreada em algo concreto”, revelou.