Um jovem trader de criptomoedas da China perdeu todo seu patrimônio, mais de US$ 200 milhões feito com o lucro do mercado cripto, em um golpe de amor, orquestrado pela sua própria namorada.
Conhecido nas redes como “Dàtáo” o jovem investidor conheceu sua amada parceira em um grupo online sobre blockchain. Durante dois anos, conversaram sobre mercado, projetos e piadas internas. Com o tempo, a relação ganhou intimidade. Ela enviava selfies, compartilhava sonhos e desabafava sobre sua solidão em Pequim, sempre reforçando a ideia de que ele era especial.
Ela dizia ser uma empresária de sucesso. Segundo suas histórias, possuía postos de gasolina, fazia comércio marítimo e ainda atuava no mercado de bebidas de luxo. O estilo de vida que ela compartilhava, com jatos privados e iates impressionou o trader, que logo viu nela não apenas uma parceira amorosa, mas também uma referência profissional.
A confiança virou oportunidade. Certo dia, ela falou sobre uma “oportunidade imperdível”: um investimento com a Sinopec, gigante do petróleo, que prometia lucros de 10% ao mês. Ela precisava apenas de um pequeno adiantamento para fechar o contrato.
Dàtáo hesitou, mas, convencido pela relação construída ao longo de anos, decidiu arriscar US$ 100 mil. Para sua surpresa, o pagamento dos rendimentos foi pontual. Recebeu o primeiro lucro sem problemas. Recebeu o segundo também. Cada depósito reforçava a ideia de que ela era confiável.
Conforme os meses passaram, ele ampliou os aportes. Foram milhões enviados em diferentes operações. A confiança virou dependência emocional e financeira. A cada nova oportunidade, o trader não via riscos, apenas um futuro brilhante ao lado da mulher que parecia ter tudo.
Presentes caros reforçaram a ilusão de amor verdadeiro
Para solidificar ainda mais a farsa, ela surpreendeu o investidor com um presente: um Lamborghini Urus de US$ 400 mil. Dàtáo acreditou ser uma prova de amor e reconhecimento. No entanto, o carro havia sido comprado com o próprio dinheiro dele, em nome de uma empresa fantasma ligada à quadrilha. Era parte do plano: oferecer pequenas “recompensas” para manter a ilusão viva e preparar golpes ainda maiores.
Logo depois, ela propôs ajudá-lo a adquirir uma Ferrari 812 GTS. Bastava usar a empresa de “amigos” dela para intermediar a compra, facilitando o processo tributário. Ele transferiu US$ 700 mil sem pestanejar.
Quando surgiram problemas com a Receita, ela pediu mais US$ 700 mil para resolver a situação. Dàtáo, já emocionalmente comprometido, não questionou. Transferiu o valor acreditando estar protegendo o futuro deles juntos.
Cada pedido era um passo a mais rumo à ruína
A escalada de problemas nunca parava. Em outubro de 2023, ela alegou que uma carga de máscaras hospitalares havia sido apreendida, resultando em um processo judicial. Pediu mais de US$ 1 milhão para resolver o impasse.
Em novembro, outra crise: funcionários da empresa teriam sido presos. Um deles mencionara o nome de Dàtáo, ligando-o a supostas atividades de lavagem de dinheiro. A solução? Pagar uma propina de US$ 1 milhão para um “amigo” assumir a culpa.
O golpe se intensificou. Cada mês trazia uma nova emergência, sempre envolta em choro, desespero e juras de amor. Ele vendeu seus carros, liquidou investimentos e chegou ao ponto de não ter mais reservas.
Em julho de 2024, sem recursos e completamente exausto, Dàtáo finalmente despertou. Ao tentar organizar provas para denunciar a suposta quadrilha, fez a descoberta mais amarga: a mulher que o acompanhava até a delegacia era a chefe de toda a operação.
A mulher, chamada Zhang Bai, era parte de uma organização criminosa altamente estruturada. O grupo criou uma narrativa completa: fotos falsas, empresas de fachada, advogados e até policiais atuavam para dar credibilidade ao golpe.
Cada movimentação tinha objetivo estratégico. Eles sabiam exatamente quando dar lucros, quando criar problemas e quando forçar uma nova rodada de transferências. Era um jogo de manipulação emocional, jogado no mais alto nível.
Além de Dàtáo, outros investidores cripto caíram em golpes semelhantes. Muitos sequer imaginam que foram vítimas. Em vídeos emocionantes, Dàtáo relata o drama que destruiu seus sonhos. Ele poderia ter se aposentado aos 30 anos. Poderia viajar o mundo em seu próprio jato. Mas tudo terminou com uma conta zerada e lembranças dolorosas.
O mais triste, segundo ele, não foi perder o dinheiro — mas perder a capacidade de confiar nos outros e em si mesmo.