Primeira baleia-jubarte de 2025 é registrada oficialmente no litoral paulista; vídeo

Os pescadores responsáveis pelo registro divulgaram as imagens nas redes sociais. Em um dos vídeos publicados, é possível ver uma baleia-jubarte fazendo movimentos acrobáticos no mar, característicos da espécie, que é carismática e possui como comportamento natural saltar e bater a calda, definidos como “atividades aéreas”.

A bióloga e professora universitária Arlaine Francisco é uma das fundadoras do Projeto Baleia à Vista. Criado em conjunto com Julio Cardoso, o programa privado de ciência cidadã monitora e organiza registros de baleias e golfinhos no litoral norte de São Paulo, especialmente na região de São Sebastião e Ilhabela. Para funcionar, a organização possui uma rede de apoio, que conta com voluntários — como os caiçaras da Praia do Bonete e os operadores do turismo — capazes de ajudar a levantar informações sobre os cetáceos.

— Todos eles já passaram por cursos de capacitação, oferecido pelo Projeto Baleia à Vista em conjunto com a prefeitura de Ilhabela. Nós também fazemos essa capacitação com a prefeitura de São Sebastião, em dias diferentes. A gente capacita os operadores de turismo para que eles atuem dentro das normas federais do Ibama para a navegação na presença de cetáceos — conta a bióloga, que ressaltou que sua organização foi a responsável por iniciar essas ações no final de 2016.

Após o avistamento, um outro grupo, formado por colaboradores ligados ao turismo da região, retornou ao mar para fotografar o animal. Segundo a professora, o trabalho foi efetuado em condições difíceis, em mar aberto e revolto, e forneceu as fotos e vídeos necessários para o projeto realizar a fotoidentificação da baleia. Ela recebeu a nomenclatura “ProBaV SP0684”, por ser a baleia-jubarte de número 684 registrada no catálogo.

— A principal ferramenta do Projeto Baleia à Vista são as fotografias. Tanto eu, como o Julio, somos fotógrafos. E a gente também usa as fotografias cedidas por esses colaboradores. Para fazer a fotoidentificação de uma jubarte, precisamos de uma imagem de boa qualidade da parte inferior da calda — destaca Franciso, que comparou as nadadeiras caudais das baleias com as impressões digitais dos seres humanos, já que possuem padrões únicos.

Para o capitão Gabriel Luiz, um dos operadores do turismo presente na equipe que fotografou a baleia, o mais importante é “respeitar o animal e seguir as normas de avistamento”, que orientam interferir o mínimo possível na passagem delas. Além disso, o capitão também destaca que todos possuem o dever de ajudar na conservação da espécie.

— Hoje em dia, o celular virou uma grande ferramenta para ajudar nas pesquisas. Com uma simples foto, podemos identificar características de cada animal, nos dando a oportunidade de saber se ele está saudável ou com algum tipo de problema — conta Luiz.

De acordo com Arlaine Francisco, o movimento conjunto gera bons resultados, já que os operadores de turismo também passam a atuar como fiscalizadores não só das condições dos animais, mas também da conduta de quem está no mar.

— A ciência cidadã amplifica os dados. A gente consegue muito mais dados porque temos “mais olhos” no mar. Eu, se fosse uma cientista solitária, não conseguiria essa quantidade de informações que temos com os colaboradores.