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segunda-feira, maio 5, 2025

Candidato de extrema direita lidera primeiro turno da eleição presidencial na Romênia, apontam resultados parciais

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O candidato de extrema direita George Simion foi o mais votado no primeiro turno da eleição presidencial na Romênia, realizada cinco meses após a anulação do pleito anterior pela Justiça, sob alegação de interferência da Rússia. Os resultados preliminares ainda apontam um empate entre dois nomes de centro no segundo lugar.

Com cerca de 90% dos votos apurados, Simion surge com quase 40% dos votos, o que deve ser suficiente para garantir um lugar no segundo turno, marcado para o dia 18 de maio. Os resultados preliminares mostram que ele deve enfrentar Crin Antonescu, nome apoiado pela coalizão que governa a Romênia, ou o prefeito de Bucareste, Nicusor Dan — ambos com cerca de 20% dos votos.

— Quero agradecer do fundo do coração a todos aqueles que escolheram votar [em mim] como sua primeira opção — disse Simion após a divulgação da boca de urna. — Foi um ato de coragem, confiança e solidariedade. Sou grato e garanto a eles que sua confiança não será traída.

Em dezembro do ano passado, o Tribunal Constitucional da Romênia anulou o resultado da eleição presidencial realizada em novembro, quando o candidato Calin Georgescu, expoente da extrema direita, venceu o primeiro turno de forma surpreendente. Para os juízes, o resultado foi diretamente influenciado por ataques cibernéticos e por uma ofensiva nas redes sociais, especialmente no TikTok, supostamente com apoio da Rússia.

Georgescu, que se diz admirador dos presidentes dos EUA, Donald Trump, e da Rússia, Vladimir Putin, foi impedido de concorrer, e Simion — que tem opiniões similares — apontado como o representante de um campo político que, assim como em outras nações europeias, ganha força no país.

“Esta eleição não é sobre um candidato ou outro, mas sobre cada romeno que foi enganado, ignorado, humilhado e ainda tem forças para acreditar e defender nossa identidade e nossos direitos”, postou Simion no X na sexta-feira.

Do outro lado da disputa, as fichas dos governistas estão todas no nome de Crin Antonescu, ex-presidente do Senado e indicado após a formação de um Gabinete comandado por partidos pró-Europa, em dezembro do ano passado. Mas muitos eleitores de centro optaram pelo nome de Nicusor Dan, que apostou em um discurso contra a corrupção e de “mudança” política, ameaçando a vaga de Antonescu no segundo turno.

— Quero votar pela continuidade e pela mudança — disse à BBC Ana, uma eleitora que declarou voto em Dan. — Continuidade na relação da Romênia com a Europa, mas mudança no que diz respeito à corrupção. Nós, jovens, não nos identificamos mais com os partidos antigos.

Analistas políticos apontam para um fator que nem sempre surge nas pesquisas de opinião preliminares ou na boca de urna: o voto da diáspora romena, com mais de um milhão de eleitores registrados, especialmente em países da Europa Ocidental.

— É possível que o voto da diáspora seja suficiente para levar Dan ao segundo turno — disse à agência Reuters Sergiu Miscoiu, professor de ciência política na Universidade Babes-Bolyai. — Mas Dan pode ter mais dificuldade contra Simion.

Influência na diplomacia

Apesar de ter um papel em boa parte cerimonial dentro do sistema parlamentarista, o presidente romeno é o chefe de Estado, sendo responsável por representar o país no exterior, incluindo em reuniões da União Europeia (UE)e da Otan, tem o poder de indicar o primeiro-ministro, juízes e promotores, e atua como chefe das Forças Armadas. A ele cabe ainda liderar o conselho responsável pela concessão de ajuda militar, e o posto lhe confere considerável influência na formulação da política externa.

O fortalecimento da extrema direita e sua possível chegada ao poder na Romênia tem deixado muitos líderes europeus em estado de alerta. O país é, ao lado da Polônia, crucial para a defesa do flanco oriental da Otan, a principal aliança militar do Ocidente, liderada pelos EUA, e é uma das principais rotas para o envio de armas à Ucrânia — Simion, apesar de críticas à guerra, se diz contra o apoio a Kiev no atual formato. Cerca de 70% dos grãos exportados pela Ucrânia passam pelas águas territoriais romenas no Mar Negro, e a Marinha da Romênia realiza operações navais e aéreas nesta região.

Simion, que não economizou nas comparações com Trump durante sua campanha, também destinou críticas pesadas à União Europeia, o que lhe rendeu o “carimbo” de eurocético. Mas analistas questionam até que ponto seus ataques a Bruxelas são reais ou não passam de mera retórica eleitoral.

— A UE reagirá de forma semelhante à que reagiu à vitória de [Giorgia] Meloni na Itália: ela era retratada como uma eurocética de extrema direita antes de chegar ao poder, mas hoje em dia é considerada de direita, embora não extremista, pelo menos aos olhos da mídia e dos formuladores de políticas da UE — disse ao portal TRT World Alexandru Niculescu, pesquisador da Universidade Livre de Bruxelas. — [Simion] até agora não passou de um ativista civil e membro do parlamento romeno, e vai compreender a realidade do consenso e a cultura de compromisso dentro do Conselho da UE.

[Fonte Original]

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