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quinta-feira, maio 15, 2025

Bolsa brasileira está barata e pode continuar assim ‘eternamente’, dizem gestores

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A bolsa brasileira “andou” nos últimos dois meses porque estava muito depreciada, segue com preços atrativos e vai continuar “eternamente barata”, segundo gestores de recursos que participaram de evento da Tag Investimentos nesta quarta-feira.

A bolsa brasileira ganhou impulso nos últimos dois meses porque estava muito depreciada, segue com preços atrativos e vai continuar barata, segundo gestores.

Há mais de 30 anos no mercado, André Gordon, gestor da GTI, afirmou que o único momento em que os ativos locais ficaram relativamente bem precificados foi durante o “boom” de crescimento da China, que quase resultou numa bolha de commodities. Entrou muito recurso estrangeiro no Brasil, possibilitando que empresas fizessem ofertas públicas iniciais (IPO, na sigla em inglês) em série.

“O Brasil vai continuar barato de forma geral, é uma tendência, já que não consegue um arcabouço fiscal mínimo e ter uma moeda relativamente estável em períodos mais longos, convivendo com juros altos”, disse, em evento promovido pela Tag. Para ele, gerir uma carteira de ações em meio ao vaivém constante é questão de bons ativos e empresas que conseguem aproveitar oportunidades a cada ciclo.

Gordon ponderou que o governo do presidente Lula já partiu de um nível de endividamento mais alto, com o juro real na faixa de 9% ao longo da curva, a 7% nos mais curtos. “Quando se colocam junto os títulos incentivados e todos os malabarismos feitos, os preços dos ativos são baratos e a bolsa, como ativo real, tem que ter implícito retornos muito altos para justificar o investimento.” Com o custo de capital partindo de 14,75%, o prêmio de “equity” tem de ser de 3% a 5% acima disso.

Hegler Horta, sócio da Kapitalo , disse que o Brasil experimentou ciclos bem pronunciados nos últimos anos, com a Selic indo a 2% durante a pandemia e subindo a quase 15%. Quer dizer que mesmo “uma companhia boa, mas alavancada, é pega no contrapé e não consegue pagar a sua dívida”.

O múltiplo de preço/lucro do Ibovespa, que ronda os 8% a 9% desde que o governo assumiu, não deve voltar para os parâmetros do passado, porque o “framework” é outro. Os níveis eram mais elevados, disse Horta, quando havia a intenção de diminuir o papel do Estado na economia e reduzir a dívida. “Com déficit mais alto, o país como um todo fica mais barato.”

A sua preocupação é com o momento do ciclo, porque os juros já vêm subindo há um ano e até aqui houve pouco impacto na economia. “Não significa que não vá acontecer”, disse Horta. Mas bolsa não é uma massa uniforme, há companhias que podem ver a sua lucratividade cair muito e outras que vão comprar um competidor.

Marcio Luis Pereira, cogestor de renda variável e chefe de pesquisa da Icatu Vanguarda, afirmou que a casa procura não “ir de peito aberto na bolsa” e sempre tem algum tipo de proteção “porque os ciclos são abruptos e atropelam os fundamentos”.

O gestor disse não ver no rali recente de empresas de menor capitalização uma correlação com fundamentos ou de maior lucratividade. O que há no radar é a possibilidade de o ciclo de juros virar. “Os ativos estão baratos, mas tem que ser no ‘stock picking’ [seleção de ações], não dá para comprar o índice e sair de férias.”

Para Lucas Cachapuz, sócio e um dos líderes da estratégia Synergy, da asset do BTG, a alta recente da bolsa é explicada por fatores externos. “A performance em dólar é muito semelhante à do resto do mundo. Para continuar em alta, precisaria do ‘fechamento’ [queda] do juro real longo.” A bolsa brasileira pode ainda se beneficiar da melhora de fluxo de capital externo saindo dos EUA. (AC)

Gordon: “O Brasil vai continuar barato de forma geral, é uma tendência” — Foto: Silvia Costanti/Valor

[Fonte Original]

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