O presidente da Ambev, Carlos Eduardo Klutzenschell Lisboa, sinalizou um ano mais complexo para os negócios, diante de um cenário de subida nos custos nos próximos trimestres. “Importante destacar que 2025 vai ser muito diferente dos dois outros anos”, disse o executivo, em teleconferência para comentar os resultados do primeiro trimestre, nesta quinta-feira (8).
“Em 2024, tivemos um vento favorável; agora, temos um vento contrário. Teremos de adotar uma abordagem diferente para avançar nesse ano e conseguir alcançar o que a gente tem como ambição”, emendou.
Segundo Lisboa, essa pressão, sobretudo nas commodities começará no segundo trimestre. “Isso vai ser um importante desafio para nós”, disse, ponderando que a empresa, mesmo assim, continua com sua ambição de expandir suas margens no fechamento de 2025.
Sobre o tema de custos, Guilherme Fleury, diretor vice-presidente financeiro, de Relações com Investidores e serviços compartilhados, disse que a empresa tem apostado suas fichas nas ferramentas de proteção de hedge. “Estamos focados no que a gente controla e estamos olhando em outras áreas de produtividade”, disse.
Os executivos foram questionados ainda acerca da estratégia para a marca Skol, que tem sido penalizada nos últimos trimestres e vem apresentando queda nos volumes. Lisboa disse que o grupo aposta no jogo da categoria, e não das marcas.
“Mas jogar ao jogo da categoria, com o nível de liderança que a gente tem, é fundamental ter um forte portfólio de marcas”, reconheceu. No trimestre passado, a Skol foi o principal vetor de queda de volume do segmento popular (“core”) do grupo.
“No nosso ponto de vista, a Skol é importante no portfólio. É tão relevante quanto a Brahma. É importante colocar a marca na trajetória correta”, disse, reconhecendo que, antes de 2024, essa trajetória estava mais bem posicionada.
“Em 2024, parte do crescimento foi revertido e já deixamos claro que queremos consertar o que a estratégia de portfólio trouxe para a marca sem prejudicar o momento do portfólio ‘core’”, disse.
Segmentos premium e super premium
No segmento “core plus”, entre o chamado “premium” e o popular, o volume da Budweiser cresceu próximo a 20% no primeiro trimestre, enquanto, no “core”, Brahma e Antarctica conjuntamente apresentaram crescimento de volume de um dígito médio.
Corona, Spaten, Stella Artois e Original impulsionaram o crescimento acima de 20% dos segmentos premium e super premium.
O grupo destacou que o Brasil foi um importante mercado para sustentar os resultados globais da empresa, em que a receita líquida saltou 6,7%, para R$ 22,497 bilhões. Na contramão, CAC e Canadá viram quedas de 0,8% e 1,6% ante um menor volume.
O volume consolidado do grupo cresceu 0,7%, para 45,317 milhões de hectolitros, liderado pelo Brasil.
O lucro líquido, entretanto, acabou andando de lado para R$ 3,8 bilhões, reflexo da disparada nas perdas financeiras para R$ 856,4 milhões, salto de 110% na comparação anual. O resultado refletiu, entre outros fatores, maiores perdas com derivativos no Brasil e, sobretudo, perdas de instrumentos não derivativos motivados pela apreciação do real.