Desde o final da pandemia de Covid-19, temos assistido às salas de cinema ganharem vida nova e se ressignificarem como ponto de encontro, unindo jovens cinéfilos e amadores. É um pouco desse espírito que vemos brotar na já tradicional mostra Amor ao Cinema, que chegou à sua terceira edição no CineSesc nessa quarta-feira, dia 7, e vai até o dia 21 de maio no número 2075 da Rua Augusta.
Com sessões diárias, o eixo central da mostra — como nas edições anteriores — é a reflexão que a arte cinematográfica faz sobre si mesma: seja sobre suas técnicas, linguagens e especificidades, ou como pano de fundo para outras histórias, como acontece no filme que abriu a programação no dia 7: Volveréis, do espanhol Jonás Trueba.
O filme, co-escrito por Jonás e seus dois protagonistas – os atores Itsaso Arana e Vito Sanz – é, como definiu a revista estadunidense IndieWire, uma “anti-comédia romântica”. Na trama, a cineasta bem sucedida Ale e o protagonista de seu mais recente longa-metragem, Alex, juntos há 15 anos, estão às voltas com seu casamento. Os dois, então, decidem se divorciar dando uma festa para encerrar a união. Enquanto celebram seu “descasamento”, os dois redescobrem um pouco sua paixão em comum: o cinema.
Além de lançamentos, como Volveréis, que estreou no Festival de Cannes de 2024, a mostra também exibe clássicos, como O que terá acontecido a Baby Jane?, de Robert Aldrich e Fedora, de Billy Wilder, além de Close-up, do iraniano Abbas Kiarostami, em 35mm e a nova cópia remasterizada de Os sonhadores, de Bernardo Bertolucci, em 4k.
Um dos filmes que mais deve chamar a atenção dos cinéfilos, entretanto, é Jeanne Dielman, da diretora belga Chantal Akerman. O longa experimental retrata Delphine Seyrig no papel da dona de casa que dá nome ao filme. Durante os três dias em que acompanhamos sua vida comum, a vemos realizando tarefas diárias, como limpar, cozinhar, cuidar de sua mãe e se prostituir em seu apartamento antes de seu filho regressar da escola.

O cinema brasileiro também se destaca na mostra, com os longas Rocha que voa, de Eryk Rocha – filme de 2002 que integra o acervo permanente do MoMA em Nova York e retrata a breve passagem de Glauber Rocha por Cuba –, A Entrevista, de Helena Solberg – curta documental produzido no auge do Cinema Novo, em que jovens mulheres discutem temas como sexo, casamento, felicidade e trabalho – e o inédito nos cinemas Mambembe, de Fábio Meira, que participará de um bate-papo com a equipe do filme após a sessão da quinta-feira, dia 8 às 20h30.
A mostra também oferecerá sessões gratuitas para os filmes Eu sou Divine, de Jeffrey Schwarz – que contará com uma apresentação feita pelo jornalista e curador Duda Leite no dia 10 de maio, às 18h –; O que ela disse: As críticas de Pauline Kael, de Rob Garver – que contará com um debate com coletivos de mulheres –; e para todas as sessões do cineclubinho, que acontecem aos domingos, dias 11 e 18, com filmes voltados para o público infantil, mas que também devem agradar aos cinéfilos de todas as idades, pois o cineclubinho exibirá exclusivamente filmes de animação russos e soviéticos, como o clássico A rainha da neve, de Liev Atamánov, que contará com dublagem ao vivo.
Além das exibições presenciais, a mostra também se desdobra com mais doze filmes em cartaz no Sesc Digital, cursos, debates, oficinas e encontros gratuitos online e presenciais, como a oficina “3x tonacci: Cópias restauradas”, sobre filmes recém-restaurados do cineasta Andrea Tonacci, ministrada pelo diretor Thiago B. Mendonça e por Cristina Amaral, montadora responsável por filmes de Andrea Tonacci, Carlos Reichenbach, Eryk Rocha, entre outros. Neste sábado, ela acontece após a exibição da cópia restaurada de Bang bang (1971), às 11h, na própria sala de exibição do CineSesc.

Outros destaques para a programação de atividades promovidas durante a mostra vão para a conversa sobre direção de atores com o cineasta Pedro Freire nos dias 16 e 17 de maio, sexta-feira e sábado, das 11h às 13h30, na sala de exibição do CineSesc, e os cursos online “Mulheres protagonistas na era de ouro de Hollywood”, ministrado por Isabel Wittmann e “A cinefilia: Da nouvelle vague às redes sociais”, com Bruno Carmelo.
Todas as sessões custam o preço único de 10 reais. As atividades presenciais e online são gratuitas mediante inscrição. A programação completa pode ser encontrada no site do Sesc. Veja abaixo os destaques da programação:
O que terá acontecido a Baby Jane?
de Robert Aldrich
EUA, 1962, 134 min, Ficção, 14 anos, legendado
Dia 16, sexta-feira, às 20h.
Mambembe
de Fábio Meira
Brasil, 98 min, 2024, documentário, livre
Sessão gratuita seguida de bate-papo com o diretor no dia 8, quinta-feira, às 20h30;
Sessão regular no dia 14, quarta-feira, às 18h.
Jeanne Dielman
de Chantal Akerman
Bélgica, 1979, 198 min, Ficção, 14 anos, legendado
Dia 9, sexta-feira, às 19h30 e online
Eu sou Divine
de Jeffrey Schwarz
EUA, 90 min, 2014, documentário, 16 anos, legendado
Sessão gratuita apresentada por Duda Leite, dia 10, sábado, às 18h
Fedora
de Billy Wilder
EUA, 1978, 115 min, Ficção, 14 anos, legendado
Sessões nos dias 14, terça-feira, às 18h e 15, quinta-feira, às 15h.
Close-Up
Cópia em 35mm
de Abbas Kiarostami
Irã/França, 98 min, 1990, Ficção, 12 anos, legendado
Exibição em película 35mm dia 15, quinta-feira, às 20h30
Tangerine
de Sean Baker
EUA, 2015, 88 min, Ficção, 16 anos, legendado
Dia 19, segunda-feira, às 20h.
Rocha Que Voa
de Eryk Rocha
Brasil/Cuba, 2002, 94 min, Documentário, Livre)
Dia 20, terça-feira, às 20h30.
Um filme para Beatrice
de Helena Solberg
Brasil, 2024, 78 min, Documentário, Livre)
Dia 21, quarta-feira, às 18h, em sessão dupla com o curta A entrevista.
*publieditorial