Para Sophie Lewis, “abolir” significa transformar uma estrutura por completo, descobrindo como atender à promessa que ela faz, mas falha em cumprir. Proposta que assusta a direita e confunde a esquerda, “abolir a família” é tema central de seus livros Full Surrogacy Now: Feminism against Family (2019) e Abolish the Family: A Manifesto for Care and Liberation (2022), ambos publicados nos Estados Unidos e no Reino Unido pela editora Verso.
Escritora, teórica e pesquisadora visitante no Centro de Estudos Feministas, Queer e Transgênero da Universidade da Pensilvânia, Lewis respondeu por e-mail a perguntas sobre o conceito de maternidade e sua relação com o colonialismo e o capitalismo. Suas respostas refletem a necessidade da distribuição coletiva do trabalho materno frente a um conceito de família que não passa de “uma forma organizada de escassez de cuidado”.
Seu livro Full Surrogacy Now propõe que a gestação é uma forma de trabalho e que a barriga de aluguel é moralmente condenada pelo debate público, pois enfatiza esse aspecto das estruturas parentais. De que forma a gravidez de substituição tensiona as ideias de “mãe” e “maternidade”? Isso apenas se aplica à barriga de aluguel comercial?
Full Surrogacy Now é um livro sobre a impossibilidade, mas também a ubiquidade – e, finalmente, a urgência –, da “gravidez de substituição”. Apontar que as crianças nunca são, de fato, “criadas” por seus “fabricantes” vira o conceito de gestação de substituição de cabeça para baixo, filosoficamente.
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