A leitura de que o Banco Central está perto do fim do ciclo de alta de juros, reforçada hoje pela ata do Comitê de Política Monetária (Copom), somada à trégua comercial entre Estados Unidos e China, ajudou a turbinar os ganhos do Ibovespa nesta terça-feira, que encerrou em alta de 1,76%, aos 138.963 pontos, valor recorde de fechamento. O índice chegou a alcançar a máxima histórica de 139.419 pontos no pregão.
A alta de blue chips, combinada ao avanço de ações domésticas, garantiu um desempenho bastante favorável ao Ibovespa no pregão de hoje. Um dos destaques ficou para os papéis PN do Bradesco, que avançaram 2,15%.
O estrategista na Meta Asset Management, Alexandre Póvoa, afirma que “um teto para a Selic e o acordo de China e EUA formam “um vento quase perfeito” para a bolsa continuar sua trajetória de alta, ao menos no curto prazo, antes de a discussão da política fiscal voltar ao centro das discussões.
“Desde o início do ano, estávamos vendo um movimento de realocação de recursos dos EUA para outros mercados. O que acontecerá agora, se a situação nos EUA e suas tarifas se normalizarem gradualmente? Será que esse dinheiro voltará, ou pelo menos, vai parar de sair de lá?”, questiona o profissional.
Assim, Póvoa reitera que, ainda que a situação macroeconômica mundial seja pior do que antes do governo de Donald Trump, o acordo entre China e EUA abre portas para “ferimentos” potenciais bem mais leves.
Já no cenário local, o diretor de investimentos da Nau Capital, Maurício Valadares, observa que o Copom indicou na ata de hoje que o ciclo está “basicamente encerrado”, reforçando o comunicado, o que foi positivo. O tom mais “dovish” (menos inclinado ao aperto monetário) adotado pela autoridade monetária favoreceu as ações domésticas, revertendo o movimento mais negativo para as companhias cíclicas locais visto na véspera, quando a alta dos juros futuros pesou contra os papéis.
Ações da Hapvida ON responderam pelas maiores altas do pregão, ao subirem 11,30%, após resultados trimestrais positivos, e CVC ON teve avanço de 10,85%. Natura & Co ON teve alta de 6,50%, com melhor tendência de rentabilidade na América Latina, segundo a equipe de analistas do Goldman Sachs.
O especialista em renda variável da Davos Investimentos, Marcelo Boragini, também avalia que a ata do Copom reforçou a projeção do mercado de que a taxa de 14,75% da Selic deve se manter até o fim do ano, o que pode fazer com o que fluxo estrangeiro se mantenha para a bolsa brasileira.
Para além das ações mais domésticas, papéis de commodities tiveram ganhos, caso da Vale, que subiu, 1,64%, em dia de alta dos contratos futuros de minério de ferro em Dalian.
Depois de iniciar o dia sob pressão, após a divulgação do balanço da empresa, as ações da Petrobras fecharam em alta: as PN subiram 1,52%, enquanto as ON avançaram 0,59%.
Em teleconferência, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que, quando o preço [do petróleo] desce, é hora de apertar os cintos. “Estamos endereçando redução de custos neste cenário desafiador, em prol de nossos acionistas.” Os preços do petróleo se desvalorizaram ao longo das últimas semanas diante das incertezas tarifárias e o aumento da oferta pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+).
A Mantaro Capital aponta que o destaque do balanço ficou para a recuperação dos investimentos (capex), que voltaram a níveis mais controlados após o pico do final do ano passado. “Isso ajuda a reforçar a confiança dos investidores na condução da companhia.”