O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu a entender nesta terça-feira que está curioso para saber como será a postura dos Estados Unidos, de Donald Trump, na 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a chamada COP30, a ser realizada no fim do ano em Belém (PA). Na avaliação do presidente brasileiro, a conferência servirá para que o mundo saiba “quem são os países sérios” na questão da transição climática.
“Todo mundo vai ter que apresentar as NDCs na COP e aí vamos ver quem são os países sérios. Eu quero saber como o governo americano vai se comportar nessa questão da transição climática. O mundo não é mais o mesmo, nós não queremos xerife, queremos parceiros”, disse Lula, numa crítica a Trump.
A cobrança do presidente brasileiro se deve ao fato de que, até agora, apenas 17 dos 198 países signatários da convenção sobre a mudança do clima apresentaram novos objetivos climáticos, conhecidos como Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC, na sigla em inglês) – um componente essencial do Acordo de Paris de 2015 para combater a mudança climática.
Além disso, Lula defendeu que a questão climática só vai avançar no mundo quando a Organização das Nações Unidas (ONU) voltar a ter força junto à comunidade internacional. “Se não tiver a ONU com força, a questão climática vai ser tratada como uma questão secundária. Se você toma decisão e não acontece nada, isso vai cansando. É por isso que as guerras acontecem com decisões unilaterais. O que está acontecendo em Gaza é extremamente grave e a ONU não toma decisão”, emendou o presidente.
Em seguida, o chefe de Estado brasileiro aproveitou para mencionar a viagem de Trump pelo Oriente Médio. “Eu acho bom que o Trump viaje pelo Oriente Médio para que ele veja o que está acontecendo [em Gaza]. Essa geopolítica tem que mudar e o Brasil faz parte dos países que querem trabalhar para mudar isso. Com toda divergência que eu possa ter com o Trump, a decisão dele sobre a guerra [na Ucrânia] foi importante”, elogiou Lula.
Por fim, o presidente brasileiro disse esperar que o norte-americano também se posicione contra o conflito na Faixa de Gaza. “Espero que ele, Trump, possa dar uma contribuição para acabar também com o genocídio em Gaza. Se ele [Trump] quiser fazer daquilo [Gaza] um resort, não dará certo”, concluiu.