Reportagem do Jornal Nacional desta quinta-feira mostrou que uma testemunha-chave no caso dos descontos indevidos nos benefícios do INSS contou à Polícia Civil, em 2021, que a Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer) adulterou documentos para retirar dinheiro de aposentados.
A Conafer foi a entidade que mais aumentou o volume de descontos em benefícios do INSS de 2019 até 2024. Em números absolutos, passou de R$ 400 mil por ano em 2019, para R$ 57 milhões em 2020 e R$ 202 milhões em 2023, segundo dados da Controladoria-Geral da União.
O depoimento foi na Delegacia de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor no dia 10 de junho de 2021. O empresário de Brasília Bruno Deitos afirmou que a empresa dele, Premier Recursos Humanos, foi contratada para fazer a atualização do cadastro dos associados, por uma empresa terceirizada Target Pesquisas de Mercado.
Em seu depoimento, segundo a reportagem do Jornal Nacional, Deitos disse que, com a lista de associados, os promotores da Premier deveriam ir aos endereços para colherem assinaturas dos associados em formulários de exclusão do desconto de mensalidade, associação, e relatório de ausência ou mudança de endereço. Deitos afirmou no depoimento, segundo o Jornal Nacional, que o dono da Target teria dito que o que interessava era o quadro de assinaturas.
Segundo a reportagem, ele contrataria uma empresa especializada em alteração de documentos em PDF que transformaria os referidos formulários em contratos de adesão.
A testemunha disse à polícia que não recebeu o pagamento do serviço e que, ao reclamar, foi ameaçado pelo irmão do presidente da Conafer. Tiago Ferreira Lopes.
Em um segundo depoimento, dia 11 de junho de 2021, Deitos disse que o presidente da Conafer, Carlos Roberto Ferreira Lopes, comentou em reunião que tinha domínio sobre os diretores do INSS por meio de vantagens financeiras para alterar dados no sistema.
A Conafer declarou ao Jornal Nacional que está à disposição das autoridades para colaborar com as investigações e que esclarecerá os fatos no inquérito. O Jornal Nacional não conseguiu contato com o autor das denúncias, Bruno Deitos, com Randel Machado de Faria e com a empresa dele, a Target Pesquisas de Mercado.