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sábado, maio 17, 2025

Moody’s rebaixa nota de risco soberano dos EUA de ‘Aaa’ para ‘Aa1’

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A agência de classificação de risco Moody’s surpreendeu ao cortar, nesta sexta-feira, a nota soberana de crédito dos Estados Unidos de ‘Aaa’, a nota máxima de investimento, para ‘Aa1’ e alterar a perspectiva do rating de negativa para estável. Com a decisão, os EUA perderam a nota máxima de investimento, o “triple A”, na classificação de todas as três principais agências de rating. A preocupação com o aumento do endividamento americano e com a condução da política fiscal foi o argumento utilizado pela Moody’s para a redução do rating dos EUA.

Logo após a agência divulgar sua decisão, poucos mercados financeiros ainda estavam abertos. Nos Treasuries (títulos do Tesouro americano), houve um salto dos rendimentos dos longo prazo, com a taxa da T-note de dez anos subindo para 4,484% no fechamento do dia, enquanto o juro do papel de 30 anos avançou para 4,954% e encerrou o pregão na máxima.

Antes da Moody’s, a agência S&P Global Ratings rebaixou a nota soberana americana em agosto de 2011, enquanto a Fitch fez esse movimento em agosto de 2023.

Em nota, agência demonstrou preocupação com o aumento da dívida pública do país, projetando um déficit de quase 9% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2035, ante estimativa anterior de 6,4%, em 2024.

“Ao longo de mais de uma década, a dívida federal dos Estados Unidos cresceu acentuadamente devido a déficits fiscais persistentes”, diz o comunicado. Sem ajustes substanciais na tributação e nos gastos, a expectativa da Moody’s é que a flexibilidade orçamentária permaneça limitada, com os gastos obrigatórios representando cerca de 78% de todo o orçamento em 2035, ante aproximadamente 73% em 2024. Segundo as projeções da agência, a dívida pública federal americana deverá atingir 134% do PIB até 2035, contra 98% em 2024.

Para a próxima década, a agência espera déficits maiores, com o aumento dos gastos obrigatórios, enquanto a arrecadação do governo deve permanecer praticamente estável. “O desempenho fiscal dos Estados Unidos tende a se deteriorar tanto em relação à sua própria trajetória histórica quanto em comparação a outros países.”

Apesar da forte demanda por títulos do Tesouro americano, a agência diz que os juros mais altos desde 2021 vêm comprometendo a sustentabilidade da dívida. Com isso, os pagamentos de juros podem consumir cerca de 30% da receita em 2035, ante 18% em 2024 e 9% em 2021.

“Sucessivos governos e o Congresso dos Estados Unidos falharam em chegar a um consenso sobre medidas para reverter a tendência de grandes déficits fiscais anuais e custos crescentes com juros”, diz a Moody’s. “Não acreditamos que as propostas fiscais atualmente em discussão levarão a reduções significativas e sustentadas nos gastos obrigatórios ou nos déficits.”

A Moody’s manteve a perspectiva de rating como estável, destacando que há fatores positivos que oferecem resiliência a choques econômicos nos Estados Unidos. “Apesar de um possível arrefecimento do crescimento no curto prazo devido às novas tarifas, não se espera que o potencial de crescimento de longo prazo seja prejudicado”, diz o comunicado. A agência também destaca que o fato de o dólar americano ser a principal moeda de reserva global traz vantagens significativas ao governo na captação de recursos para financiar déficits e rolar a dívida com custos moderados e previsíveis. E apesar de iniciativas de diversificação de reservas por bancos centrais ao redor do mundo, a Moody’s acredita que o dólar continuará como a moeda de reserva dominante no mundo.

Mesmo com a recente instabilidade na política americana, a agência espera que o país mantenha sua tradição de política monetária eficaz, conduzida por um Federal Reserve (Fed) independente. “A resiliência do rating soberano dos Estados Unidos a choques é apoiada por políticas monetárias e macroeconômicas fortes”, diz a Moody’s.

Embora o comunicado destaque que os fortes fundamentos econômicos e financeiros dos Estados Unidos “já não compensem plenamente a deterioração das métricas fiscais”, a Moody’s reconhece que os Estados Unidos ainda contam com um crédito “excepcionalmente forte” e destacam o tamanho, a resiliência e o dinamismo de sua economia, bem como o papel do dólar como principal moeda de reserva global.

— Foto: Nam Y. Huh/AP

[Fonte Original]

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