Ibovespa tem leve queda em sessão volátil marcada pelo vencimento de opções, mas sobe quase 2% na semana

Na máxima, a principal referência da bolsa local chegou a tocar os 139.335 pontos. Na semana, o avanço do Ibovespa foi de 1,96%. No campo macroeconômico, as informações divulgadas ontem, de que o governo prepara medidas para conter a piora na popularidade do presidente Lula, deixam os participantes do mercado atentos a novidades na seara fiscal.

O recuo dos juros futuros mais longos durante parcela da sessão ajudou a dar fôlego para os papéis domésticos, caso de Petz (+7,18%), CVC (+5,86%), Vamos (+4,61%) e Hapvida (+4,44%).

Já a liderança das maiores quedas ficou para os papéis do Banco do Brasil, que despencaram 12,69%. O volume financeiro negociado em ações da instituição também foi elevado e chegou a R$ 3,9 bilhões — o maior do pregão.

O analista de fundos de ações João Mamede, da AZ Quest, afirma que a reação negativa do mercado ao balanço do Banco do Brasil foi puxada pela deterioração na carteira de agro, que é o maior produto individual da casa hoje.

Ainda que o papel esteja “barato”, ao negociar a um preço sobre lucro em torno de cinco vezes, ele destaca que o problema de inadimplência não deve ser solucionado rapidamente. “A inadimplência não vai parar agora. Demora alguns trimestres. Leva um ciclo para limpar.”

A queda expressiva das ações pressionou outros bancos, como as units do BTG (-1,41%) e do Santander (-1,05%). No entanto, o profissional da AZ Quest afirma que o balanço do BB não “elimina o trabalho” feito por outras instituições financeiras, que surpreenderam positivamente com os resultados, como Itaú, Bradesco e Santander.

Para ele, a melhora ou estabilidade na inadimplência mostrada por outros bancos é fruto de uma mudança de mix, em que as instituições “seguraram” o crédito em produtos mais arriscados, como cartão de crédito, e elevaram em produtos considerados mais “seguros”, como crédito com garantia do saque aniversário, consignado e imobiliário, por exemplo.

Mamede também aponta que a queda no índice hoje é concentrada em papéis específicos, como BB. Em contrapartida, as ações ligadas ao mercado doméstico se destacaram entre as maiores altas do dia. Prova disso, diz, é que o índice de small caps, focado em empresas domésticas, fechou em alta de 0,89%. “Não está tendo uma correção em larga escala.”

Enquanto os papéis domésticos registraram alta, ações ligadas a commodities se moveram em direções opostas: a Vale fechou em leve alta de 0,07%, enquanto as PN da Petrobras subiram 0,47% e as ON da petroleira cederam 0,12%. O movimento misto registrado pelos papéis da estatal, em que as ordinárias recuaram e as preferenciais avançaram, pode indicar que houve venda de investidores estrangeiros, o que seria o oposto da situação vista ontem, quando as indicações mostraram que teria ocorrido compra do papel por investidores de fora.

Por outro lado, as ações da Marfrig dispararam 21,35%, com os investidores repercutindo a proposta de fusão com a BRF, que subiu 0,78%. Para analistas, a combinação dos negócios poderia elevar a relevância global das companhias e fornecer uma estrutura mais diversificada.

Segundo apuração feita pelo Valor, os membros do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) avaliam, de forma preliminar, que a fusão não deve enfrentar problemas do ponto de vista concorrencial, com uma tendência de aprovação sem restrições, de acordo com fontes consultadas.

O volume financeiro do Ibovespa na sessão foi elevado e bateu R$ 22,5 bilhões. Já na B3, o giro chegou a R$ 29,0 bilhões. Em Wall Street, os principais índices americanos registraram alta: o Dow Jones subiu 0,78%; o S&P 500 avançou 0,70%; e o Nasdaq cedeu 0,52%.