Impulsionado pelo recuo dos juros futuros e pela continuação de um fluxo favorável de investidores estrangeiros, o Ibovespa encerrou em nova máxima histórica nominal, aos 139.636 pontos, alta de 0,32%. Durante o dia, o índice oscilou entre os 138.587 pontos e os 140.203 pontos, o que seria um novo recorde de máxima intradiária.
Em um pregão em que preocupações com o déficit fiscal americano ganharam força, após o rebaixamento da nota de crédito dos EUA pela Moody’s, a manutenção do movimento de rotação para o Brasil ajudou a potencializar os ganhos do Ibovespa. Somado a isso, falas do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, promoveram um alívio na curva de juros.
Em evento promovido pelo Goldman Sachs, Galípolo disse que “faz sentido permanecer com os juros em um patamar restritivo por período prolongado”, o que ajudou a afastar a possibilidade de uma nova alta de juros em junho, reforçando a percepção de que o ciclo de aperto monetário teria chegado ao fim.
Para o estrategista de ações da XP, Raphael Figueredo, o desempenho positivo do Ibovespa na sessão de hoje é reflexo da manutenção da rotação global de investimentos favorável para o Brasil e do fechamento da curva nominal dos juros, o que turbinou o avanço das ações mais cíclicas, ao passo que os papéis mais ligados a commodities recuaram.
Ações como Lojas Renner e Fleury foram alguns dos destaques de alta, com avanço de 2,62% e 2,55%, nessa ordem. Já o maior avanço foi registrado pelas ações da JBS, que subiram 3,06%. Analistas do J.P. Morgan reiteraram a recomendação de compra do papel do frigorífico, que se aproxima da dupla listagem, com preço-alvo em R$ 52.
Já a maior perda foi registrada pelos papéis da Marfrig, que caíram 6,42%, em um dia de correção depois de subir mais de 21% após anunciar uma proposta de fusão com a BRF na semana passada. Ainda nas commodities, os papéis da Vale recuaram 0,27%, enquanto as PN da Petrobras cederam 0,12%.
Em meio ao baixo fluxo aportado por investidores institucionais e pessoas físicas na B3, o capital estrangeiro tem sido um dos grandes impulsionadores da alta da bolsa nos últimos meses. Dados da B3 mostram que esse tipo de investidor apresenta um superávit mensal em recursos alocados no segmento secundário, ou seja, ações já listadas, no valor de R$ 10,0 bilhões, até a quinta-feira (15). Ao todo, a categoria já acumula um saldo positivo de aportes por 18 sessões consecutivas.
Mas há quem veja um potencial ainda maior de alocação: na avaliação do Santander, a necessidade de diversificação para além dos EUA poderia impulsionar um fluxo para ações brasileiras no valor de US$ 26,5 bilhões nos próximos meses, o que seria perto de R$ 150 bilhões.
Os cálculos foram feitos pela equipe de estratégia do banco, liderada por Aline Cardoso, e levam em conta um cenário mais “modesto” e que desconsidera os custos de transação.
Já a XP prefere ser mais cautelosa e diz não descartar que uma deterioração fiscal maior dos Estados Unidos afete os fluxos para cá. Figueiredo pondera que, se o título do Tesouro americano de dez anos continuar subindo e chegar mais perto do 5% do que de 4,5%, o movimento pode interferir na rotação global de portfólios dos Estados Unidos para outras regiões.
“O Brasil continua um vencedor no relativo, mas o risco de ter uma piora na condição absoluta se tiver uma deterioração fiscal americana é grande. A pauta fiscal americana é o assunto do momento e deve entrar mais em cena diante de um arcabouço fiscal limitado para se fazer a política nos EUA”, avalia Figueredo.