A Finlândia suspeita que a presença militar russa na fronteira está cada vez mais fortalecida, desde sua mudança de posição de neutralidade em relação ao conflito da Rússia e Ucrânia, ingressando em 2023 na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
A passagem entre os dois países estão fechadas desde 2023 após a Finlândia ter acusado o governo do Moscou ter facilitado a entrada de migrantes sem documentos para desestabilizar o país. Ainda nessa região, está em construção uma cerca de 200 quilômetros, dos quais 35 quilômetros foram concluídos na última quarta-feira (21).
Veja abaixo como os dois países se comparam em população, Produto Interno Bruto (PIB), território e poder militar. Os dados são do “World FactBook”, da Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da Federação de Cientistas Americanos (Federation of American Scientists).
Em relação a população de cada país, há uma grande diferença. Em 2024, foi contabilizada na Rússia uma população de 140 milhões (140.820.810), enquanto na Finlândia são mais de 5,6 milhões (5.624.414).
Em localização, a Rússia é o país com maior fronteira com os finlandeses (1.309 km de extensão), enquanto que, para os russos, a Finlândia é a sexta maior dos 14 países que fazem fronteira.
A comparação de extensão territorial entre os dois países mostra uma distância expressiva também. A Rússia possui uma área total de 17.098.242 km², já os finlandeses possuem 338.145 km².
A Rússia possui uma economia rica em recursos naturais, sendo o principal exportador de energia para Europa e Ásia.
Entretanto, o conflito contra a Ucrânia que perdura desde 2022, a corrupção endêmica interna e a falta de estrutura verde são apontadas pelo CIA como motivos que limitam o investimento no país, além das sanções sofridas diante da guerra envolvida.
O FMI projeta que a economia russa crescerá 1,5% em termos reais em 2025, uma desaceleração em relação à alta de 3,6% estimada para 2024. Neste ano, o PIB nominal deve atingir US$ 2,08 bilhões, com um PIB per capita de aproximadamente US$ 14 mil.
Do outro lado, a Finlândia é caracterizada pela CIA como uma economia voltada para exportação, como é o caso das indústrias de madeira, metais, engenharias, telecomunicações e eletrônicos. A agência americana também cita que os finlandeses estão se recuperando de uma recessão.
Para o governo de Helsinque, o FMI projeta um crescimento real de 1% do PIB em 2025, acima do dado de 0,5% para 2024. Em valores nominais, o PIB deve alcançar US$ 303,95 bilhões, com um PIB per capita de aproximadamente US$ 54 mil.
De acordo com a CIA, a Rússia possui um exército provido “de toda a gama de operações aéreas, terrestres, marítimas e de mísseis estratégicos”, além da forte presença também em guerra cibernética, eletrônica e espaço.
Desde 2022, a Rússia está envolvida militarmente na guerra contra a Ucrânia — conflito que, segundo a CIA, é o maior na Europa desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. De acordo com o governo russo, até 2024 já foram enviados cerca de 600 mil soldados para a região.
As despesas militares do governo têm sido maior em relação aos últimos anos. Em 2023, os gastos com o setor corresponderam a 5% do PIB do país, enquanto em 2019 era 3,8%.
No ano passado, outros países com presença militar russa foram: Geórgia com 10 mil soldados, Bielorússia (5.000), Tajiquistão (3.000 a 5.000), Síria (de 2.000 a 5.000), Armênia (3.000), Moldávia (aproximadamente 1.500) e Quirguistão (500).
De acordo com a agência de inteligência americana, as Forças Armadas da Federação Russa possuem quatro divisões: Tropas Terrestres, Forças Aeroespaciais, Tropas Aerotransportadas e Tropas de Mísseis de Propósito Estratégico.
Em 2024, a Rússia registrou um total de 1,25 milhão de militares ativos, incluindo 350 mil integrantes da Guarda Nacional Federal. No mesmo ano, o presidente Vladimir Putin afirmou esperar que esse número aumente para 1,5 milhão.
No campo dos armamentos, a CIA aponta a Rússia como o segundo maior exportador de equipamentos militares do mundo, com destaque para seus avançados sistemas de defesa aérea, terrestre, naval e de mísseis. Apesar dessa posição, Moscou também tem importado uma quantidade significativa de armamentos de países como Irã e Coreia do Norte.
Segundo a Federação de Cientistas Americanos, a Rússia também possui a maior reserva de armas nucleares do mundo, com 5.449 ogivas.
Na Rússia, o serviço militar obrigatório tem duração de 12 meses e é exigido de todos os homens a partir dos 18 anos. Desde 2022, não há mais limite máximo de idade para o alistamento — uma mudança aprovada pelo Parlamento russo, que também autorizou a convocação de cidadãos com dupla nacionalidade e daqueles que vivem no exterior. Em média, cerca de 260 mil homens são recrutados por ano.
Com a guerra contra a Ucrânia, estrangeiros também passaram a poder integrar o exército russo por meio de contratos de serviço com duração de até um ano. Como incentivo, esses voluntários têm acesso facilitado à cidadania russa.
Por fazer parte da Otan, a Finlândia conta com o apoio militar de 31 países da América do Norte e Europa, incluindo Estados Unidos, França, Reino Unido, Canadá e Itália. Um dos princípios centrais da aliança é que, se um de seus membros for atacado por um país de fora da organização, todos os outros devem agir imediatamente em sua defesa.
As Forças de Defesa Finlandesas são compostas por três ramos: Exército, Marinha e Força Aérea. Em caso de guerra, a Guarda de Fronteira — vinculada ao Ministério do Interior — também é incorporada ao esforço militar.
Em comparação com a Rússia, os números finlandeses são modestos: o país possui cerca de 31 mil militares, sendo 23 mil no exército, 5 mil na marinha e 3 mil na força aérea. Esse total inclui aproximadamente 21 mil recrutas em serviço militar obrigatório.
Segundo a CIA, a Finlândia dispõe de armamentos modernos adquiridos de países como Estados Unidos, Israel, Coreia do Sul e diversas nações europeias. O país também mantém uma indústria bélica própria, com projetos conjuntos com os EUA e aliados europeus. No entanto, não possui armas nucleares.
*Estagiário sob supervisão de Diogo Max