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quarta-feira, maio 28, 2025

Passou da hora de cobrar eficiência maior das universidades federais

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É comum deparar, nas universidades federais, com prédios decrépitos, goteiras nas salas, cadeiras quebradas nos auditórios ou cozinhas em más condições sanitárias. Diante de quadro tão desolador, é compreensível a grita por mais verbas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende recompor o orçamento das federais em mais de R$ 340 milhões, valor superior ao pleiteado por representantes da comunidade acadêmica.

Por mais que isso seja necessário, seria um erro apenas despejar dinheiro sem exigir nada em troca. Passou da hora de impor cobrança por eficiência e qualidade na produção acadêmica. A UFRJ, federal mais bem colocada no ranking do QS World University, ocupa a 304ª posição (a melhor brasileira é a USP, no 92º lugar). A segunda federal na lista global, a UFMG, aparece entre os lugares 671 e 680. Nem no recorte regional da América Latina a UFRJ é destaque.

É verdade que federais são responsáveis por boa parte da pesquisa realizada no Brasil. Com infraestrutura precária, alguns poucos abnegados garantem o tímido avanço da ciência no país. Também se costuma argumentar que a expansão das federais contribuiu para o salto na proporção de brasileiros com nível superior — de 6,8% para 18,4% desde o ano 2000. Mesmo assim, tal patamar é baixo quando comparado a Chile (25%), Portugal (31%) ou Coreia do Sul (52%).

O problema é achar que basta as federais terem mais dinheiro para o ensino superior deslanchar. Várias universidades foram criadas Brasil afora, com estrutura burocrática e administrativa incompatível com a qualidade do ensino ou da pesquisa. São evidentes as deficiências na gestão.

Na UFRJ e na Unifesp, cerca de 80% do orçamento é gasto com a folha de pagamento. Na Universidade de Oxford, entre as melhores do mundo, ou na Universidade da Cidade do Cabo, instituição sul-africana que tem ganhado posições nos rankings internacionais, o percentual fica próximo de 50%. O custo por aluno de uma federal, como proporção do PIB per capita, é comparável ao de países como França, Austrália ou Coreia do Sul. Na comparação, a improdutividade brasileira fica patente.

Sem um corpo docente e de funcionários comprometido, não se irá a lugar algum. É evidentemente preciso proteger a liberdade de cátedra dos acadêmicos, mas isso não pode significar eximi-los de ganhos de produtividade ou melhoria de desempenho. Um sistema de avaliação para aperfeiçoar a alocação dos recursos é fundamental, embora provoque repulsa nas lideranças sindicais dominadas por militantes.

Noutra frente, as federais deveriam estreitar laços com o setor privado para prestar serviços e cobrar mensalidades de quem puder pagar. Trata-se de justiça. O mesmo vale para a imposição de regras que elevem a produtividade de docentes e funcionários.

[Fonte Original]

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