Parlamentares republicanos do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos EUA (HFSC) reagiram às preocupações de que o presidente Donald Trump poderia lucrar pessoalmente com sua exposição à indústria cripto, classificando as acusações como “encenações” políticas em meio ao debate contínuo sobre a legislação de ativos digitais.
Durante uma audiência realizada em 6 de junho, organizada pelos democratas, a deputada Maxine Waters, membro sênior do HFSC, defendeu que os parlamentares deveriam se concentrar em “informações que não foram exploradas durante a audiência do comitê” realizada em 4 de junho, que abordou preocupações relacionadas ao projeto de lei Digital Asset Market Clarity (CLARITY). O debate em torno da proposta de estrutura do mercado cripto, que deve ser votado em 10 de junho, tem sido ofuscado por pedidos para incluir dispositivos que impeçam Trump de, potencialmente, se beneficiar pessoalmente da legislação.
O deputado Bryan Steil, que preside o subcomitê de ativos digitais, pareceu desconsiderar as críticas como “síndrome de aversão a Trump”, termo usado para desqualificar críticas ao presidente. O Cointelegraph entrou em contato com um porta-voz de Steil, mas não obteve resposta até o momento da publicação.
“Meus colegas republicanos se recusam até mesmo a reconhecer a corrupção cripto do presidente Trump, o que enfraquece seus esforços para aprovar este projeto”, disse o deputado Stephen Lynch após os comentários de Steil. “Presumo que por medo de retaliação do presidente.”
Ainda não está claro se os esforços dos democratas terão apoio suficiente entre os membros do próprio partido ou dos republicanos para desacelerar ou barrar a aprovação do CLARITY Act. Antes do jantar organizado por Trump, em 22 de maio, para recompensar detentores de sua memecoin, Waters apresentou um projeto de lei separado para proibir o presidente, o vice-presidente, membros do Congresso e seus familiares de se envolverem com ativos digitais.
Segundo Waters, durante a audiência de 6 de junho, Trump está “abusando de sua posição como presidente para enriquecer com criptomoedas”. Ela continuou:
“Nem uma única cláusula deste projeto [CLARITY Act] trata dos crimes que eu relatei. Na verdade, este projeto apenas os legitima.”
Também presente na audiência, o deputado Warren Davidson afirmou que houve “100% de oposição dos democratas ao avanço deste projeto”.
Projeto de estrutura de mercado aborda papéis da SEC e da CFTC
Amanda Fischer, diretora de políticas e diretora de operações da Better Markets, e uma das testemunhas na audiência, abordou outras preocupações envolvendo a condução indireta do presidente sobre ativos digitais por meio da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) e da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC). Vários dos comissários dessas agências devem renunciar ou deixar seus cargos, sem que ainda haja indicados no caminho para substituí-los.
“As agências reguladoras financeiras estão sob ataque”, disse Fischer. “Comissários democratas indicados pelo presidente e confirmados pelo Senado foram demitidos sem justificativa. Em breve, a CFTC terá apenas um comissário. Até o final do ano, a SEC contará com apenas três membros — todos republicanos — apesar de sua exigência legal de bipartidarismo.”
O Comitê de Agricultura do Senado está programado para avaliar, em 10 de junho, a indicação de Brian Quintenz feita por Trump para presidir a CFTC. A presidente interina da CFTC, Caroline Pham, e a comissária Kristin Johnson já anunciaram planos para deixar a agência, o que pode deixar Quintenz como único comissário por um período.
Na SEC, sob a presidência de Paul Atkins, também pode haver mudanças na liderança até 2027, com a saída prevista da comissária Caroline Crenshaw. Já a comissária Hester Peirce, responsável pela força-tarefa de cripto da agência, está com mandato encerrado desde 5 de junho. Ambas podem continuar exercendo suas funções por até 18 meses após o término do mandato, caso não sejam substituídas por indicações confirmadas pelo Senado feitas por Trump.