A resiliência do Bitcoin em meio à escalada do conflito entre Israel e o Irã no Oriente Médio é um sinal inédito de amadurecimento da maior criptomoeda do mercado, afirma Diego Consimo, CEO e fundador da Crypto Investidor.
Em análise exclusiva para o Cointelegraph Brasil, o analista aponta que a manutenção do suporte de US$ 105.000 no fechamento semanal e as máximas locais de US$ 108.780 na segunda-feira, 16 de junho, pressionam posições vendidas nos mercados de derivativos e podem levar o preço do Bitcoin a romper o topo histórico no curto prazo.
O Bitcoin (BTC) fechou o domingo, 15, estável, com uma variação negativa de 0,1% na vela semanal, de acordo com dados da CoinGecko. Apesar da correção de 7% motivada pelo conflito no Oriente Médio na última semana, o preço do Bitcoin não ameaçou o suporte de US$ 100.000.
Em seu boletim semanal de análise de mercado, a gestora de ativos digitais QR Asset Management destacou que este padrão de queda inicial seguida por forte recuperação em momentos de crise geopolítica demonstra a consolidação do Bitcoin como um ativo de proteção em momentos de incerteza:
“Inicialmente, crises globais impactam todos os mercados de risco de forma generalizada, mas devido à sua natureza descentralizada e exposição global, as criptomoedas, como o Bitcoin, tendem a se recuperar com maior agilidade e contundência do que os mercados tradicionais.”
A ação de preço do Bitcoin também não parece pressionada pelas perspectivas de manutenção das taxas de juros nos patamares atuais nos Estados Unidos na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) marcada para quarta-feira, 18, e da potencial alta da inflação global motivada pela disparada do preço do petróleo e da política tarifária do presidente dos EUA, Donald Trump.
Na semana passada, os dados de inflação dos EUA vieram abaixo das expectativas do mercado, mas não houve alteração significativa nas previsões que antecipam de um a dois cortes de juros até o final de 2025, de acordo com dados da FedWatch Tool da CME (Bolsa Mercantil de Chicago).
Segundo a QR Asset Management, esse cenário pode mudar diante das turbulências macroeconômicas e geopolíticas globais:
“Embora os números divulgados sugiram um alívio inflacionário moderado, o cenário econômico segue indefinido, especialmente devido às políticas tarifárias do governo Trump e às tensões geopolíticas que têm potencial de impactar decisões futuras do Fed sobre cortes nas taxas de juros.”
Em uma postagem no X, o touro Anthony Pompliano lembrou que a combinação de um movimento de alta do petróleo sincronizado com queda do dólar já atuou como catalisador positivo para o preço do Bitcoin no passado e essa história pode se repetir agora.
Análise do preço do Bitcoin
Diego Consimo destaca a clara mudança de comportamento do Bitcoin em relação aos ciclos anteriores, quando turbulências geopolíticas desse porte costumavam gerar correções de dois dígitos. A resiliência sugere continuação da tendência de alta, afirma o analista:
“Atualmente, o Bitcoin segue consolidando dentro da faixa entre US$ 100.000 e US$ 110.500, sustentando-se acima da média móvel de 50 períodos no gráfico diário, o que reforça a leitura de continuidade do ciclo de alta.”
Uma nova máxima histórica nessas circunstâncias não deve ser descartada, mesmo com potencial de alta limitado. “A estrutura atual abre espaço para um novo teste de topo, e até mesmo para um possível rompimento da faixa de resistência, com projeções entre US$ 112.000 e US$ 114.000″, projeta o analista, conforme o gráfico abaixo.
Segundo Consimo, dois indicadores de análise técnica confirmam o momento positivo:
“O OBV (on-balance volume) já rompeu sua linha de tendência de baixa, e o RSI (índice de força relativa) está próximo de testar sua própria LTB. Ambos os sinais indicam pressão compradora crescente, e não seria surpresa ver o Bitcoin acelerar mesmo em meio ao atual cenário de tensão internacional.”
Além da potencial pressão compradora no mercado à vista, Consimo aponta que a tendência de alta pode ganhar força devido à dinâmica atual do mercado de derivativos. “Segundo dados da CoinAnk, existem mais de US$ 1,3 bilhão em posições a serem liquidadas acima da faixa atual, o que pode gerar um short squeeze”, acrescenta.
Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, analistas concordam que a máxima histórica de US$ 112.000 não marcou o topo do atual mercado de alta das criptomoedas.