Uma pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira apontou um empate inédito entre apoiadores do petista Luiz Inácio Lula da Silva e seu antecessor na Presidência da República, Jair Bolsonaro (PL). O levantamento identificou, pela primeira vez na série histórica, iniciada em dezembro de 2022, que 35% dos brasileiros dizem se identificar com o atual presidente e os outros 35%, com o adversário político.
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O grupo que se considera mais próximo de Lula recuou de 39% para 35% desde o levantamento anterior, realizado em abril. O Datafolha apontou que, no mesmo período, os entrevistados que dizem apoiar Bolsonaro foram de 31% a 35%. Foi a primeira vez que os dados variaram no limite máximo da margem de erro, de dois pontos percentuais, o que indica um crescimento real, diz o instituto.
Nos últimos dois anos e meio, desde que Lula venceu o pleito contra Bolsonaro e chegou ao terceiro mandato na Presidência, o Datafolha passou a estimar a porção de brasileiros que apoia um ou o outro. A vantagem máxima de petistas sobre bolsonaristas foi de dez pontos percentuais, em março de 2023 e março de 2024. Nas demais sondagens, a diferença ficou entre seis e oito pontos até chegar ao empate inédito na última semana.
Até os resultados desta quarta, foram realizadas nove sondagens com a pergunta: “Considerando uma escala de um (bolsonarista) a cinco (petista), em qual número você se encaixa?”.
De acordo com o Datafolha, os entrevistados que responderam “um” ou “dois” foram classificados como bolsonaristas; e aqueles que disseram “quatro” ou “cinco”, como petistas. Os grupos polarizados somam, ao todo, 70% da população, aponta o instituto.
Os 30% restantes se dividem entre o grupo que respondeu “três”, considerados neutros; 7% que afirmaram não se identificar com nenhum dos lados; e outros 2% que não souberam responder. Tais percentuais se mantiveram estáveis ao longo da série histórica.
A pesquisa foi realizada presencialmente entre 10 e 11 de junho — durante e depois dos interrogatórios conduzidos pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes no bojo das investigações sobre uma tentativa de golpe contra Lula em 2022. Foram ouvidas 2.004 pessoas em 136 municípios de todas as regiões do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
O recuo na porção de entrevistados que se dizem petistas acompanha a queda de popularidade de Lula. O cenário adverso que o presidente enfrenta nas pesquisas é praticamente idêntico ao que Jair Bolsonaro encarava no mesmo momento do mandato, em 2021. A pouco menos de um ano e meio das respectivas tentativas de reeleição, ambos tinham 57% de desaprovação nos levantamentos da Quaest, além de números parecidos no Ipsos-Ipec e no Datafolha (o instituto apontou na semana passada que 40% avaliam o atual governo como ruim ou péssimo e 28%, bom ou ótimo).
Naquele ano, Bolsonaro lidava com a pandemia de Covid-19. Em abril, havia sido instaurada a CPI para investigar as supostas omissões do governo na gestão da crise sanitária. Agora, Lula vê o episódio do INSS, que também pode virar CPI, minar os indicativos de melhora no desempenho que pesquisas internas começavam a indicar, baseadas no arrefecimento do pessimismo econômico.