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quinta-feira, julho 3, 2025

Crítica | Monstros da Universal: A Múmia – Plano Crítico

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Depois de uma deslumbrante nova abordagem de Drácula, de 1931, uma continuação de qualidade de O Monstro da Lagoa Negra, de 1952, e de recontar a história de Frankenstein, de 1931, pelo “ponto de vista” das partes humanas que formam a criatura, chegou a vez de A Múmia, de 1932, ganhar o tratamento especial em quadrinhos dentro da linha editorial Monstros da Universal, da Skybound, selo de Robert Kirkman na Image Comics. E, seguindo o padrão de oferecer novas visões sobre esse material clássico, o longa de Karl Freund, que contou com o protagonismo do icônico Boris Karloff, ganha uma versão que foca na egípcia-britânica Helen Grosvenor, reencarnação da princesa Anck-es-en-Amon, pela roteirista e desenhista canadense Faith Erin Hicks, talvez mais conhecida pela trilogia The Nameless City.

A conhecida história de amor que atravessa milênios entre a referida princesa e Imhotep continua toda lá na minissérie em quatro edições, com direito até mesmo do uso das feições de Karloff como o sacerdote que renasce com a descoberta e leitura em voz alta do Pergaminho de Toth, em 1921, e que, ao longo dos 10 anos seguintes, se mistura no mundo moderno ao assumir a identidade do excêntrico historiador Ardath Bey. Mas, engenhosamente, Hicks faz dessa narrativa o segundo plano de sua história, lidando, em primeiro lugar, com Helen em três momentos temporais diferentes até fixá-la no terceiro, com ela já adulta e dividindo sua “personalidade” com Anck-es-en-Amon, com quem conversa constantemente como uma amiga imaginária que é, porém, muito real. A relação de Helen com a princesa, que não tem memória de quem realmente é, é que diferencia a minissérie do filme, permitindo um desenvolvimento mais relevante da personagem feminina do longa que, por lá, não é mais do que a “dama em perigo”.

Hicks é hábil na maneira com lida com sua protagonista, trabalhando-a com competência no relativamente reduzido número de páginas da minissérie, e isso sem esquecer de manter a “sombra” de Imhotep constantemente presente como uma ameaça que somente na ultima edição realmente converge na narrativa para o momento climático que, aqui, é tripartite entre ele, a princesa e Helen. Na arte, Hicks usa seu estilo inconfundível em benefício da localização temporal e espacial da obra, fluidamente evocando os anos 30 em um Egito sob forte influência do Reino Unido, ainda que mantendo seus quadros “vazios” de detalhes, o que às vezes incomoda dada a riqueza visual que ela poderia ter materializado.

O número acanhado de edições – padrão nessa linha editorial, mas que até agora só aqui causa problema – obriga Hicks a não só lidar com saltos temporais abruptos, como também, quando a ação se fixa no começo dos anos 1930, a se perder um pouco entre personagens que entram e saem da história e que não ganham nenhum tipo de desenvolvimento que não seja apenas o estritamente essencial para eles cumprirem suas funções, o que nem sempre acaba acontecendo. Os relacionamentos de Helen passam rapidamente demais, assim como todo seu passado em meio aos egípcios mais humildes é desperdiçado, com a crítica social bem presente no início sobre a vassalagem do Egito em relação à Inglaterra e a exploração das riquezas históricas da região perdendo sua força até serem quase que completamente esquecidas. Faltou espaço à autora ou, talvez, um trabalho mais cuidadoso de concisão narrativa.

No entanto, Monstros da Universal: A Múmia é, sem dúvida alguma, mais uma boa minissérie dessa linha editorial licenciada da Skybound que tem sabido adaptar sem transliterar em exercícios narrativos que deveriam servir de exemplo a tantas outras adaptações por aí que parecem se esquecer de oferecer algo diferente do material original para justificar sua existência. Agora é aguardar para ver como O Homem Invisível será abordado!

Monstros da Universal: A Múmia (Universal Monsters: The Mummy – 2025)
Contendo: Universal Monsters: The Mummy #1 a 4
Roteiro: Faith Erin Hicks
Arte: Faith Erin Hicks
Cores: Lee Loughridge
Letras: Hassan Otsmane-Elhaou
Editoria: Alex Antone
Editora: Skybound Entertainment (Image Comics)
Datas de publicação: 26 de março, 23 de abril, 28 de maio e 25 de junho de 2025
Páginas: 112



[Fonte Original]

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